O rosto feminino do setor tech: A caminho da dianteira
Apesar das barreiras históricas e do preconceito enraizado, o papel das mulheres tem ganho um reconhecimento crescente no seio do universo tecnológico, eliminando firewalls referentes à desigualdade de género e ocupando, agora, posições de destaque.
Em entrevista, Rita Remédio, Alumni de Design UX/UI da Ironhack Portugal, revela-nos a trajetória percorrida, após se ter desafiado a mudar de carreira, mergulhando intensamente num bootcamp de 9 semanas, em que “abraçar o compasso acelerado e confiar no processo foi um passo fundamental”.
A devoção pelo Design UX/UI assumiu o primeiro plano na tua vida. Que inspirações te levaram a ingressar num bootcamp de 9 semanas?
Em 2022, um colega de trabalho frequentava o bootcamp de Data Analytics na Ironhack e a recomendação sobre a abordagem prática e dinâmica da formação foi, sem dúvida, decisiva na minha escolha.
A verdade é que sempre possuí consciência da minha natureza criativa, ainda que de uma forma não convencional, e a área de Design UX/UI proporcionou-me a oportunidade de integrá-la de modo harmonioso às minhas aptidões mais analíticas. Contudo, o que realmente me cativou mais no campo do conhecimento referido foi a vontade de resolver problemas de maneira inovadora, melhorando a experiência dos utilizadores na sua interação com a tecnologia.
O processo de transição de carreira é um recomeço que exige empenho, ponderação e resiliência. De que forma superaste os desafios que advieram da mudança?
A transição não foi totalmente abrupta, visto que trabalhei na indústria tech desde o início do meu percurso profissional. No entanto, ajustar-me ao ritmo do bootcamp, depois de um período longo sem ser estudante, foi desafiante. Aprender a abraçar o compasso acelerado e a confiar no processo foi o passo fundamental para que esta “viagem” corresse bem.
No entanto, mudar de carreira não é fácil, uma vez que é crucial assegurar que a opção vale o investimento, em termos financeiros e de tempo. É importante conversar com ex-alunos, via LinkedIn, com o intuito de nos fornecer uma perspetiva valiosa e aproximada, ajudando, por conseguinte, a tomar uma decisão informada.
Posso afirmar que o único arrependimento que tenho é de não ter ingressado mais cedo, mas, como se costuma dizer, “cada um tem o seu timing”.
Como foi o método de procura de emprego? Que habilidades e experiências elegeste destacar perante os empregadores?
O processo de procura de emprego levou cerca de 6 meses, durante os quais também trabalhei como Professora Assistente.
Nas entrevistas, optei por apresentar não só os resultados finais, como também os desafios que encontrei e as soluções que desenvolvi ao longo de todo o caminho, demonstrando como as minhas deliberações foram influenciadas pelas necessidades dos users e como aplicaria o meu conhecimento técnico numa situação real.
Atualmente, que responsabilidades possuis no cargo que desempenhas? De que forma é que a formação que experienciaste se relaciona com o que exerces agora?
Neste momento, estou a trabalhar como UX Designer, tendo como papel facilitar a ligação entre os interesses dos utilizadores e a equipa, assegurando que o produto final oferece uma experiência coesa e intuitiva.
Para além das competências sólidas, o bootcamp preparou-me para colaborar em grupo e proporcionou-me uma excelente introdução à metodologia Agile, onde, a cada semana, trazia um novo projeto, variando o foco entre “research” e a vertente mais prática do Figma, o que culminou em duas produções abrangentes.
De que forma consideras que o know-how transferível adquirido na tua carreira anterior contribuiu para atingires o sucesso?
Todas as carreiras têm aptidões transferíveis e as minhas tornam-se um pouco mais óbvias, devido à minha bagagem prévia em Design. No entanto, diria que até a minha vivência em atendimento ao cliente é relevante, pois “sintonizou-me” com a voz dos clientes e como partilhá-la com outras equipas dentro da empresa – capacidades que se têm revelado um trunfo precioso na minha trajetória.
Ao nível de remuneração e condições, que diferenças detetas entre a tua ocupação antecedente e a atual?
Uma vez que já tinha experiência no setor tecnológico, a mudança para UX/UI não trouxe uma diferença radical em termos de ambiente de trabalho. No entanto, as melhorias manifestam-se na minha realização pessoal e profissional, encontrando-me, neste momento, mais alinhada com a visão que disponho sobre o que ambiciono ser e concretizar.
Quais são os teus planos e objetivos futuros?
Tendo em conta que estou a dar os primeiros passos na Premium Minds, sei que vou enfrentar novos desafios a curto prazo. No entanto, a longo prazo, a minha ambição é contribuir para produtos que melhorem a vida das pessoas, enquanto permaneço aberta ao crescimento dentro da área, porque, tal como a minha formadora de UX/UI me ensinou, “nunca devemos fechar os livros”.