Defendes que a espontaneidade é a chave do sucesso, e que prezas ao máximo a liberdade de poderes ser quem és. É por isso que a Mega Hits é uma extensão de ti própria e ano após ano, registam tanto sucesso junto dos ouvintes e seguidores?
Acho que o facto da Mega Hits me deixar ser eu própria me ajuda a ser cada vez mais eu própria, salvo a redundância. Se repararmos quase todas as pessoas da Mega Hits tem uma personalidade forte e características muito específicas, e isso também enriquece a própria rádio. É uma win win situation. Ou seja, obrigada à Mega Hits e ao meu diretor por me darem espaço para fazer o que me apetecer, com bom senso, mas também sei que é bom terem pessoas como nós. No entanto, como foi o nosso diretor a escolher-nos, só tenho a agradecer por me permitirem ser quem eu sou e estar tão confortável, exatamente como uma extensão de mim própria.
Aos 29 anos és um nome de referência para qualquer jovem que queira trabalhar em rádio. Sentes a pressão da idade por pertenceres a uma rádio jovem, ou és adepta de viver cada etapa sem pressas ou limites?
A idade não me limita nada. Eu às vezes fico assustada por ter quase 30 anos, mas é mais por motivos pessoais do que pelo meu trabalho, porque eu acho sinceramente que em arte não há idades. Claro que há profissões em que pode ser importante, mas vemos tantos artistas de 15 anos incríveis, e pessoas de 30 a vestirem-se tal e qual como querem, que a mim isso não me incomoda. Eu sinto que a minha linguagem é totalmente apropriada para o meu target, e sinto-me enquadrada nele. Não sinto nada a pressão de ter de corresponder a certas espectativas, acho que a experiência e os anos que eu tenho até podem ser uma mais valia para a Mega Hits, porque caso contrário seriam todos muito novos. Quando eu entrei, também haviam pessoas que já estavam lá há muito tempo, como a Filipa Galrão e a Joana Gama, e isso faz parte. Haverá sempre alguém que chega a esse ponto, senão não havia uma rádio consistente.
Hoje em dia a rádio está a aproximar-se cada vez mais do universo televisivo. Todas as rubricas estão disponíveis no Youtube e o cunho visual é uma constante. Encaras esta transição como uma consequência natural do digital, ou preferias a rádio no seu formato original?
Não, não prefiro. O formato da rádio tal como foi criada é insubstituível, é uma companhia e cria proximidade com todos os ouvintes. Mas acho que isso nunca vai deixar de existir, e era fundamental nós adaptarmo-nos e estarmos presentes em todos os sítios onde o nosso target está. Tendo em conta que hoje em dia existe esta possibilidade, a marca rádio – mantendo-se sempre fiel a si mesma – está no Youtube, no Instagram, no Facebook, no TikTok, em todo o lado. Nós acompanhamos sempre o crescimento do nosso público, e acho genuinamente que soubemos enquadrar o digital melhor que todos os outros meios. E claro, eu gosto muito.
Tens um canal de Youtube chamado MCMC On Backsta-G, onde falas de todos os conteúdos que desejavas. É essa a essência que vai de encontro à tua personalidade, e que revelas através da tua página de Instagram, do podcast “Latas Tu” da Sumol, e das tatuagens que tens – como é o caso do “Não tenho vergonha nenhuma” que tatuaste recentemente?
Sim, óbvio! Tanto no meu canal de Youtube, que está um bocadinho parado, como nas minhas plataformas digitais, e em tudo o que eu faço, eu tento sempre mostrar verdade e vulnerabilidade, em vez de perfeição, porque a perfeição é mesmo inimiga da nossa sociedade neste momento, e está em todo o lado. A busca pela perfeição está a deixar as pessoas muito tristes, portanto eu tento não ceder a essa pressão – ainda que no meu caso, também seja parte do meu trabalho. O que eu publico é completamente real e verdadeiro, mas claro que tenho muitas mais facetas que nem sempre mostro, porque também gosto de guardar algumas coisas para mim própria. Tal como não mostro as partes da minha vida que não acho interessantes, mas faço questão que às vezes as vejam, porque faz parte e é natural. Não existe só a Maria divertida e extrovertida, às vezes não tenho energia nenhuma, e fico chateada com problemas do dia-a-dia, como qualquer pessoa. Apesar de sentir que a minha missão é entreter, também faço uma chamada de realidade e falo sobre temas que possam ajudar as pessoas que me seguem. No fundo, acabo por filtrar quem eu sou, o que eu gosto, o meu trabalho e ajudar no que puder, mas nem sempre é tarefa fácil.