Escrito por Filipe Carrera, Coordenador da Pós-Graduação em Marketing Digital – Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM) e do Programa Avançado em e-Commerce – IPAM
A universidade de hoje, pouco ou nada tem a ver com a realidade de há meia dúzia de anos. As mudanças ‘radicais’ a que temos assistido e vivenciado, nos últimos meses principalmente, nas universidades e restantes instituições de ensino, foram o acelerar de uma transformação digital que era urgente no setor e que vinha, aos poucos, a ser implementada.
Mais do que nunca, as universidades têm de ser flexíveis porque a aprendizagem não depende de um determinado momento ou local, é um processo mais o menos caótico em que cabe às instituições e aos docentes funcionarem como catalisadores.
Aos estudantes, cabe adaptarem-se à mudança e moldarem-se à nova realidade, sendo cada vez mais responsáveis pelo seu percurso formativo. Só assim os modelos formativos híbridos – que serão, sem dúvida, a realidade no futuro – poderão ter sucesso.
As universidades, como centros de conhecimento baseados em métodos científicos, deverão também estar dispostas a testar novos métodos, correr o risco de falhar, aprender e melhorar continuamente. A própria utilização da tecnologia na educação deve ser feita com base na definição de um modelo pedagógico, e não, pela sua atratividade.
Na realidade que melhor conheço, a do IPAM, temos conseguido fazer esta transformação digital de forma transversal, o que nos permitiu alterar o ensino presencial para o online, praticamente de um dia para o outro quando nos vimos confinados às nossas casas.
A título de exemplo, iniciámos em 2014 – bem antes de qualquer pandemia – a edição online da Pós-Graduação em Marketing Digital do IPAM, que tinha arrancado em formato presencial em 2010 e rapidamente se afirmou como programa líder em Portugal, com mais de 1.600 alunos distribuídos por 65 edições.
Desde então, o número de alunos à distância tem vindo a crescer gradualmente e este formato online permitiu-nos chegar, não só a outras regiões de Portugal, mas também ao Brasil, PALOP e a portugueses residentes noutras partes do mundo.
Acredito que o ‘segredo do sucesso’ consistiu em assegurar que a Pós-Graduação em regime de e-Learning fosse em tudo igual à versão presencial, sendo a flexibilidade a grande vantagem percebida pelos alunos.
De 2014 a 2020 seguimos um modelo assíncrono puro, todavia, com as mudanças de comportamentos digitais introduzidas pela pandemia da COVID-19, optámos por passar para um modelo misto, síncrono e assíncrono, que foi testado com sucesso na primeira edição do Programa Avançado em e-Commerce lançado em julho passado.
Outra grande mudança que merece menção é a necessidade de, cada vez mais, as universidades se aperceberem que a sua concorrência não são apenas outras universidades, mas também empresas de referência no mercado, que já têm programas de formação que certificam e têm tido uma adesão crescente.
Se tivesse de eleger apenas uma, diria que flexibilidade será a palavra de ordem para a universidade do futuro: de todos os envolvidos no processo educativo, com o apoio em tecnologias e modelos digitais de formação.