Hoje celebra-se o Dia Mundial da Alimentação e a Mais Superior convidou a nutricionista Tatiana Prata da Arkopharma Laboratórios para falar sobre o que é a sustentabilidade alimentar e a sua importância para cuidar e preservar o nosso planeta.
Num ano peculiar como o que vivemos, o Dia Mundial da Alimentação faz ainda mais sentido, não apenas com o objetivo de promover algumas orientações para uma alimentação saudável, mas também como forma de permitir que todos tenham acesso à alimentação, o que, nos dias de hoje, ainda não é uma realidade.
No âmbito da sustentabilidade alimentar, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), apresentou 5 estratégias principais para a resolução deste tema. É importante preservar o futuro do planeta, tornando-o mais limpo e mais promissor para a prática da agricultura.
Estima-se que em 2050 a população mundial crescerá acima dos 9 biliões e, como tal, será necessária a produção de mais 60% dos alimentos do que na atualidade e sabe-se também que cerca de um terço dos alimentos não é consumido, ou seja, 1,3 biliões de toneladas de alimentos por ano. Este desperdício é responsável pela emissão de 8% dos gases do efeito de estufa.
Por outro lado, há 900 milhões de pessoas que passam fome em todo muito e, ironicamente, 1,9 biliões sofrem de excesso de peso.
Mas, afinal, o que é isto da sustentabilidade alimentar?
A sustentabilidade alimentar permite que, ao mesmo tempo que se satisfazem as necessidades alimentares presentes e futuras, se garantam os direitos do Homem, evitando causar danos irreversíveis no ecossistema. Este conceito contempla a integridade ambiental, o bem-estar social, a resiliência económica e a boa governação.
O que é um alimento sustentável?
Um alimento sustentável é produzido através de métodos que respeitem o ambiente e os animais, utiliza produtos sazonais e locais (adquiridos diretamente ao produtor), não são processados (para que se possam minimizar os recursos utilizados na indústria, como a água) e respeitam o ambiente, produtores, animais e consumidores.
E uma dieta sustentável?
Uma dieta sustentável tem baixo impacto ambiental e contribui para a segurança alimentar e nutricional das gerações presentes e futuras, devendo também ser economicamente justa.
Na prática, como posso ter uma alimentação sustentável?
A Associação Portuguesa de Nutrição (APN) desenvolveu algumas dicas que podem ajudar à prática de uma alimentação sustentável, no que toca à utilização de recursos:
- Realizar uma lista de compras, de modo a adquirir apenas produtos que vou utilizar e que serão consumidos em minha casa;
- Ocupar 3/4 do prato com alimentos de origem vegetal;
- Limitar 1/4 do prato a alimentos de origem animal;
- Limitar o consumo de carne vermelha (como porco, cabrito, vaca) e carne processada (salsichas, hambúrgueres, enchidos);
- Aumentar o consumo de leguminosas diariamente e utilizá-las em substituição da carne, pescado e ovos, em algumas das refeições ao longo da semana.
- Servir as porções de acordo com a Roda da Alimentação Mediterrânica e em função das necessidades energéticas que cada pessoa.
- Preferir alimentos locais e da época
- Consumir pescado nacional;
- Consumir produtos do comércio justo de alimentos;
- Reaproveitar as sobras de outras refeições (reaquecendo a refeição ou aproveitando para confeção de um prato diferente);
- Reduzir o desperdício na confeção das refeições (por exemplo, utilizar as cascas dos produtos vegetais, sempre que possível ou consumir as cascas da fruta sempre que possível).
- Limitar o uso de forno, de forma a economizar energia;
- Ferver a água num jarro elétrico, diminuindo os custos de aquecimento da água através da panela;
- Manter a panela tapada, de forma a preservar o calor e cozinhar mais rapidamente;
- Preferir embalagens familiares, ao invés de embalagens individuais. Adquirir produtos avulso;
- Reutilizar embalagens.
- Minimizar o embalamento (preferir produtos a granel);
- Estar atento às validades dos produtos;
- Organizar bem o frigorífico, para que os produtos se preservem durante mais tempo;
- Fazer uma horta familiar ou canteiro se houver pouco espaço em casa
Deixo uma receita sustentável que pode ser utilizada e consumida por toda a família, retirada do e-book “Saudáveis Sustentáveis”, elaborado pela Eurest:
Almôndegas de Grão-de-Bico em Molho de Tomate
Ingredientes para as almôndegas:
– 540g de grão de bico cozido
– 3 colheres de sopa de azeite
– 2 cenouras
– 1 cebola
– 3 colheres de sopa de salsa
– 4 colheres de sopa de flocos de aveia
– 10 colheres de chá de sal
– 4 colheres de chá de pimenta
Ingredientes para o molho:
– 2 cebolas
– 5 colheres de sopa de azeite
– 500 g de tomate pelado
– 100 ml de vinho branco
– 1/2 pimento
– 2 folhas de louro
– 2 dentes de alho
– 200 ml de água
Preparação das almôndegas:
- Numa panela, aquecer o azeite e refogar a cebola picada finamente, a cenoura ralada e os flocos de aveia, durante cerca de 5 minutos.
- Temperar com sal e pimenta e reservar.
- Colocar o grão-de-bico cozido numa liquidificadora e triturar até obter uma pasta homogénea.
- Misturar o grão-de-bico com o preparado anterior.
- Moldar a pasta em forma de bolinhas e reservar.
Preparação do molho de tomate:
- Picar as duas cebolas finamente, o meio pimento e os dois dentes de alho.
- Refogar em azeite a cebola, o pimento, o alho e juntar o louro.
- Adicionar o tomate pelado picado finamente e deixar cozinhar.
- Borrifar com vinho branco.
- Adicionar água até obter a consistência de molho desejada e deixar cozinhar durante cerca de 10 minutos.
- Juntar as almôndegas de grão-de-bico e deixar cozinhar durante cerca de 10 minutos até estarem cozinhadas.
- Verificar se os temperos estão corretos.
Fontes:
Eurest. Saudáveis Sustentáveis. (Consultado a 09 out 2020). Disponível na Internet https://biblioteca.sns.gov.pt/wp-content/uploads/2017/06/E_book-receitas-saud%C3%A1veis-e-sustent%C3%A1veis.pdf
Associação Portuguesa de Nutrição. Alimentar o Futuro: uma reflexão sobre sustentabilidade alimentar. E-book nº43. Porto: Associação Portuguesa de Nutrição; 2017