Cantor, compositor e músico, David Fonseca soma 17 anos de carreira a solo no mundo da música. Reconhecido inicialmente como membro da banda Silence 4, em 2003 encontrou a oportunidade de se tornar artista a solo. É autor, cantor, responsável pelo design gráfico das capas dos seus álbuns e, ainda, da direção de arte dos seus videoclips. A Mais Superior teve a oportunidade de entrevistar David Fonseca e tu não vais querer perder.
Como começou o gosto pela música?
Com discos dos Pixies e dos Prefab Sprout e uma guitarra acústica num Verão de tédio quando eu tinha 16 anos.
Reconhecido inicialmente como membro dos Silence 4, em 2003 decide iniciar carreira a solo. Como foi dar este passo?
Quando fiz o disco a solo, estava longe de perceber que ia fazê-lo durante todo este tempo, mas a realidade é que ainda aqui estou. Quando dei esse passo, apenas queria fazer música que não conseguia fazer dentro dos Silence 4 e acabei por nunca mais voltar ao projeto inicial.
Escreves a maioria das tuas músicas, mas és também responsável pelo design gráfico das capas dos álbuns e pela direção de arte dos videoclips. Porquê?
Escrevo todas as minhas canções desde o início e, estar envolvido em todas as áreas da conceção de um disco faz com que ele acabe por estar mais próximo do meu universo musical, tudo conta para que ele faça sentido. Acabou por tornar-se uma questão prática e de economia de tempo, ao mesmo tempo torna-se mais personalizada.
São mais de 20 anos de carreira, o que significa que o público gosta e o feedback é positivo. O que na tua opinião faz com que o público goste do que fazes?
Isso nunca o saberei verdadeiramente, mas calculo que goste das minhas canções e das abordagens algo diversas que o meu universo musical encerra. Talvez haja alguma identificação nas coisas que escrevo e na forma como as apresento, mas é muito difícil adivinhar o gosto do público de uma forma genérica.
Como surgiu o disco Lost and Found – B Sides and Rarities?
A ideia surgiu durante o confinamento, onde tive a oportunidade de olhar para o meu catálogo musical e descobrir todas estas canções terminadas que não estavam disponíveis ao grande público. Quando as juntei, gostei do que ouvi e avancei para esta compilação.
Neste momento o que dirias ao David de há 20 anos quando iniciou a carreira musical?
Nada, se não estragava as surpresas todas.
Como classificas o mundo da música em Portugal?
É um mundo riquíssimo, mais do que grande parte dos países europeus. É impressionante o número de géneros e abordagens diferentes de tanto talento impressionante que temos. Somos uma verdadeira caixa de surpresas musical num território tão pequeno como o nosso.
Quando tens uma branca para escrever música, o que fazes para contornar essa situação?
Continuo a trabalhar. Por norma trabalho com horários fixos, independentemente das canções acontecerem ou não. Como disse tão bem Pablo Picasso: “Quando a inspiração chega, é bom que te encontre a trabalhar”.
Para os que gostariam de se iniciar no mundo da música, que conselhos darias?
Aprender o máximo de coisas possíveis. Saber gravar, editar e produzir as próprias canções é uma enorme vantagem. Perceber como fazer chegar as canções ao público e aos meios de comunicação. E batalhar muito por aquilo em que se acredita.
Como artista és uma pessoa que liga às críticas? Costumam afetar-te ou com os anos começaste a habituar-te?
A crítica é algo que vem com a exposição. Só é criticado quem se aventura pelo mundo fora com algo de si, faz parte do jogo. Mas confesso que nunca me afetaram daí por diante, não acho que tenham sido fundamentais para o meu percurso.
Qual é a sensação quando acabas de gravar um disco?
Uma mistura de alegria e alívio, e depois começo imediatamente a pensar no próximo.
Qual é o disco mais especial que alguma vez gravaste?
Todos, sem qualquer preferência.
Qual foi a parceria musical que mais gostaste de fazer e porquê?
Também todas, trouxeram-me sempre novos pontos de vista. Nesse sentido, gostei muito de fazer o disco de tributo a David Bowie por poder contar com tantas vozes talentosas no disco. Foi uma aprendizagem incrível.
Para um artista que já se encontra no mercado há tantos anos, as redes sociais são uma boa forma de divulgar o teu trabalho?
São, embora eu não seja o maior fã de redes sociais do mundo. Calculo que, se não tivesse esta profissão, talvez não estivesse sequer no mundo das redes sociais, mas são de facto um bom veículo para fazer chegar a minha música a quem está do outro lado.
Apesar de serem muitos anos a subir aos palcos, ainda existe algum nervoso miudinho? Algum ritual antes de entrar em palco?
Nunca, desde o início. Não tenho rituais e só fico nervoso nos espetáculos especiais, aqueles que preparamos ao milímetro e fazemos apenas uma ou duas vezes.
Existe algum arrependimento em alguma fase da vida musical?
Nenhum.
Podes ler a revista Mais Superior de setembro/outubro aqui.