André Afonso, investigador do Instituto Politécnico de Leiria (IPLeiria), publicou – juntamente com a equipa de especialistas que integra – um artigo na revista “Nature”.
O artigo publicado numa das mais importantes revistas científicas do mundo refere-se ao impacto da pesca na sustentabilidade de diversas espécies de tubarões e resulta do estudo “Global spatial risk assessment of sharks under the footprint of fisheries“, liderado pela Marine Biological Association – MBA, e conduzindo por uma equipa internacional que envolveu mais de 150 cientistas de 26 países, dentre eles quatro investigadores do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente – MARE, incluindo André Afonso do MARE IPLeiria.
“Os investigadores concluem que cerca de um quarto dos habitats dos tubarões estão em zonas de pesca ativa, o que ameaça grandemente os tubarões, cujas populações têm vindo a declinar em todo o mundo”, pode ler-se num comunicado enviado pelo Instituto Politécnico de Leiria à redação da Mais Superior.
O artigo científico publicado na “Nature” explica que dos tubarões capturados na pesca, cerca de metade são tubarões adultos, o que é uma das maiores ameaças à sustentabilidade das espécies.
A equipa internacional de investigadores, da qual André Afonso faz parte, tentou determinar as zonas de sobreposição entre as rotas dos tubarões e as zonas de pesca, usando dispositivos de rastreamento de movimentos por satélite em tubarões, e cruzando essa informação com a das rotas de pesca mundial.
“No total foram seguidos 1.681 tubarões adultos, de 23 espécies, marcados com estes transmissores de satélite, e rastreados os movimentos de embarcações de pesca”, explica a nota enviada à redação.
Os resultados permitem apurar com detalhes sem precedentes que 24% do espaço usado por tubarões num mês coincide com o das rotas de pesca industrial com palangre, o tipo de pesca responsável por capturar mais tubarões no alto mar.
Para além disso, segundo o mesmo artigo científico, as áreas do oceano que são mais frequentadas por espécies protegidas, como o tubarão branco e o tubarão sardo, registam ainda mais sobreposição com as zonas de pesca industrial com palangre, em cerca de 64%.
Para os investigadores, os resultados indicam que os tubarões têm espaços limitados onde podem estar protegidos da pesca, e exortam as autoridades internacionais a concertar esforços para proteger estes tubarões, nomeadamente definindo largas áreas marinhas protegidas junto às zonas de atividade dos tubarões.
“Este trabalho é extremamente importante pela escala global em que foi conduzido e pela implicação dos resultados obtidos para a conservação dos recursos oceânicos” – explica André Afonso acrescentando – “os dados que produzimos revelam uma exposição bastante elevada destas espécies já de si vulneráveis à pressão pesqueira”.
Na opinião do Investigador do Politécnico de Leiria é necessário implementar medidas de proteção em regiões oceânicas para assegurar a conservação destas importantes populações de predadores marinhos.
André Afonso é investigador do MARE, Politécnico de Leiria – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente do Politécnico de Leiria, e tem conduzido investigação nas áreas da ecologia e conservação de tubarões e do meio marinho, tendo desenvolvido uma grande parte do seu trabalho no nordeste brasileiro.
[Imagens: Politécnico de Leiria/Leonardo Veras/William Robbins/Leonardo Veras]