Uma equipa de cientistas da Universidade de Coimbra (UC) inicia, este mês, um conjunto de testes com colmeias inteligentes de baixo custo, instaladas num apiário do Douro.
Os testes acontecem no âmbito de um projeto europeu que visa dotar os apicultores de ferramentas de monitorização remota em tempo real, quer em termos da avaliação da saúde das colónias, quer do potencial apícola de áreas ao nível de recursos para as abelhas, para uma melhor gestão dos apiários.
Intitulado B-GOOD “Giving Beekeeping Guidance by Computational Assisted Decision Making”, o projeto reúne cerca de 70 cientistas de 17 instituições de 13 países europeus, apicultores e especialistas em tecnologias informáticas.
As colmeias vão ser testadas em mais sete países participantes do projeto estão instrumentadas com um conjunto de sensores que recolhem e monitorizam continuamente vários parâmetros (humidade, temperatura, vibração das abelhas, peso da colmeia, etc.). Com todos estes indicadores vai ser possível conhecer o estado da colónia de acordo com o denominado índice do estado de saúde das abelhas.
Com a recolha desta informação “vai ser possível testar, padronizar e validar os métodos para medir e reportar os indicadores selecionados que afetam a saúde das abelhas, através de uma simples aplicação informática, permitindo que os apicultores tenham informação rápida e fidedigna em tempo real sobre o estado de cada uma das suas colónias, podendo detetar antecipadamente fenómenos de enxameamento e sintomas de diversas doenças, evitando assim constantes monitorizações dos apiários e aplicando tratamentos adequados quando necessário”, explica em comunicado, José Paulo Sousa, vice-coordenador do projeto e docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).
O projeto vai ainda desenrolar-se em mais duas fases. A segunda etapa prevê o desenvolvimento de um modelo fenológico dos recursos alimentares para as abelhas, ou seja, a criação de um mapa que liste as flores importantes para as abelhas. No final, os cientistas vão “criar mapas dinâmicos de adequação do habitat em termos de quantidade e qualidade de recursos que cada zona geográfica pode providenciar por ano às abelhas, informação muito relevante não só para os apicultores, como também para entidades estatais que estabelecem os limites para o número de apiários que podem ser instalados em cada zona do território”, salienta o docente da FCTUC.
A mesma nota enviada à redação explica que “toda a tecnologia que suporta as colmeias inteligentes do projeto B-GOOD, o que irá permitir a implementação de ações de mitigação adaptáveis destinadas a minimizar o impacto de diferentes agentes de stresse nas abelhas, deverá estar no mercado dentro de dois a três anos”.
[Imagem: Universidade de Coimbra]