O momento mais aguardado pelos fãs (a par dos concertos que aí vêm, claro) chegou! Já está aí o álbum dos Capitão Fausto!
Em entrevista à agência Lusa, os músicos explicaram que este novo trabalho ainda tem muitos elementos do álbum anterior, que remonta a 2016 e dá pelo nome de Os Capitão Fausto têm os dias contados. Largamente elogiado pela crítica, este disco tem laivos do Brasil e do estado de espírito tropical que por lá se sente.
Segundo explicou o guitarrista, Manuel Palha, “O que o Brasil nos trouxe foi talvez uma predisposição para saber que aquilo ia ser lá mesmo gravado. Trouxe um espírito aberto a outras coisas que, se calhar, se não fossemos para o Brasil não teríamos. É um ‘mind set'”.
A banda passou vários dias em gravações num estúdio em São Paulo, a convite da Red Bull Academy. Acerca desses dias e do ambiente vivido, o vocalista e letrista Tomás Wallenstein afirma que toda a experiência serviu para exponenciar “o tropicalismo europeu” patente na banda.
As oito músicas do álbum são, nas palavras dos responsáveis pelas mesmas, “mais dançantes e arejadas”, com “apontamentos muito ténues” da passagem pelo Brasil – isto porque, na verdade, foram todas alicercadas num processo criativo que teve lugar em Portugal.
Há melodias pop e não faltam os coros femininos nem os instrumentos de cordas e sopros. Todos estes elementos são o resultado de uma “certa inevitabilidade”, de um “embate entre os cinco”, explicou Manuel Palha.
O perfeccionismo dos músicos marcou a identidade de cada canção – e isso pode ser comprovado no controlo total que tiveram do processo de criação deste álbum. Trata-se do primeiro trabalho em que o grupo assina as misturas finais e isso marcou a identidade das canções.
“O nosso trabalho caminha cada vez mais para sermos uns tecnocratas, estamos constantemente a falar de aspetos técnicos de uma coisa que idealizámos como uma unidade. A nossa discussão acaba por ser sobre a tonalidade, o volume, o compressor”, admitiu Tomás Wallenstein.
Os Capitão Fausto falam ainda de um encontro de universos – o musical e o literário – com a obra A invenção do dia claro, que Almada Negreiros publicou em 1921.
Quanto ao título do álbum, “foi escolhido no momento em que as letras e as músicas já estavam escritas”. O vocalista explicou que estavam em busca”de uma frase que as ligasse umas às outras. Quando vim a descobri que as coisas que lá estão escritas têm muitas parecenças com o que tinha escrito, fez todo o sentido”.
Manuel Palha diz que “é um título sugestivo, é uma espécie de resumo do que as letras falam, da invenção do amanhã, do ser-se bom, de lidar com os problemas que há e de tentar arranjar soluções para eles, recorrentemente, porque se falha”.
Com um novo lote de canções feito, a banda tem estado nas últimas semanas a testá-lo em palco, em concertos pontuais em salas pequenas – que rapidamente esgotaram -, num processo de tradução das músicas do estúdio para a experiência ao vivo.”Tocar uma música num concerto é uma espécie de celebração da quantidade de horas que a música demorou até chegar ao seu estado cristalizado”, disse o vocalista.
Os Capitão Fausto apresentam A invenção do dia claro a 4 de abril, na Casa da Música, no Porto, e, a 6 de abril, no Capitólio, em Lisboa.
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