A NOVA Medical School foi o anfiteatro que recebeu uma conversa entre um ex-ministro da ciência do Ensino Superior e a Pró-Reitora do ISCTE-IUL, subordinada ao tema “Ensino Superior em Perspectiva: Evolução, Desafios e Futuro”.
“A promoção do sucesso académico é o grande desafio atual.” A frase é da autoria Professora Doutora Susana Carvalhosa, Pró-Reitora do ISCTE-IUL e Professora Auxiliar no ISCTE-IUL no Departamento de Psicologia Social e das Organizações, e seria um bom resumo para a conversa promovida pela Federação Académica de Lisboa, com o propósito de discutir o futuro do Ensino Superior.
Na opinião desta profissional, a transição para o Ensino Superior está “envolta em várias dificuldades”, uma vez que pede “competências diferentes das apreendidas no secundário”. Como resposta a isso, identifica “5 ações essenciais” para o futuro do sistema: “o b-learning, a inovação curricular com objetivos de aprendizagem concretos, a colaboração entre as instituições, a existência de cada vez mais indicadores nacionais (como as bases de dados) que sirvam de apoio a quem decide as ofertas formativas e curriculares, e novas políticas de apoio à modernização do ensino”.
Esta sessão contou igualmente com a participação de uma figura histórica do nosso sistema de ensino, o Professor Doutor Pedro Lynce, ex-Ministro da Ciência e Ensino Superior, antigo Diretor Geral do Ensino Superior e Secretário de Estado do Ensino Superior ao longo de quatro anos. Para ele, é preciso um sistema “que garanta a igualdade de oportunidades. Houve evoluções na Universidade, que era incontestável, elitista, fechada em si própria e acessível a poucos. Em 20, 25 anos, tudo mudou”. E o que mudou foi sobretudo “o conhecimento, que passou a ser globalizado”, bem como “a necessidade de continuar a estudar”. Com isto, diz, “cresceu entre nós a noção de que somos tão bons como os outros, e os nossos alunos passaram a estar melhor preparados”.
Como podemos atrair mais jovens para o Ensino Superior? Esta foi uma das perguntas colocadas ao painel, que alinhou pelo “caminho da excelência” como solução. “Não se pode mudar tudo, é precisa estabilidade no sistema de ensino”, disse Pedro Lynce, exortando ainda a que “se oiça a sociedade, sem nos deixarmos arrastar. Fazer como a União Europeia e apostar nos cursos superiores de nível intermédio, com correspondência de cadeiras no Ensino Superior”.
Susana Carvalhosa defendeu, por sua vez, “uma formação de qualidade e uma informação cada vez mais precisa. O que os alunos mais procuram são as saídas profissionais, e informam-se cada vez mais sobre as instituições. Como muitas não lhes dão esse acesso imediato, acabam por colocar em causa a importãncia do Ensino Superior”, concluiu.
Foi abordada ainda a nova proposta de financiamento do Ministério da Educação e Ciência. Susana Carvalhosa é da opinião que esta “não premeia a excelência das nossas instituições”. Segundo a responsável do ISCTE-IUL, “à verba dada pelo estado as universidades fazem internamente a gestão pelos vários cursos, e agora o valor é indexado à taxa de sucesso do curso, sendo apenas comparticipado o primeiro ano dos mestrados. Com isto, vão passar a existir escolas com apenas alguns cursos financiados, e sem garantia de qualidade”.
Pedro Lynce foi ainda mais longe, afirmando que “não existe financiamento, apenas distribuição de verbas. Há que separar os acordos de financiamento às instituições com capacidade de resposta, com aquelas que não têm. E as que têm devem estar cansadas de financiar as outras”.
[Foto: Tiago Belim]