Entrevista | NAPA: O coração do Atlântico
Transformando a distância — em presença —, a urgência de compor e o anseio de edificar pontes resultaram — num espaço de consagração, que manifesta ser abrigo e refúgio.
O romantismo pop — aliado à fome de explorar ritmos e texturas — equilibra experimentação e emoção, onde o barómetro do sucesso reside num processo livre — assente no sentimento e na pertença.
Foi — em ensaios descontraídos — que uma cave converteu companheirismo — em banda. Os ecos de uma intimidade próxima e espontânea permanecem?
O impulso surgiu — de forma natural — com covers e interpretações, que nos levaram a procurar uma voz própria, acabando por nascer da ambição de criar originais e de expressar inquietudes ou preocupações.
A amizade — sempre — sustentou um trabalho, que nunca soa a obrigação, consolidando um elo constante, uma aprendizagem de descoberta e afirmação e um prazer comum.
A alteração de Men On The Couch simbolizou uma renovação. O abraço à língua materna forneceu a identidade, que — agora — assumem?
Inicialmente, tivemos receio, uma vez que a mudança parecia — quase — arriscar uma autenticidade, que ganhava raízes, mas a passagem do inglês para o português revelou a maturidade de letras pensadas — sem filtros —, preservando uma transição clara e fluída.
O nome conquistou o público — embora há quem apareça [ainda] com t-shirts antigas para deixar um pequeno e bonito vestígio do caminho que nos trouxe até aqui.
“Senso Comum” demonstra um espírito cru e melancólico. As melodias contagiantes influenciaram uma abordagem amadurecida?
A 100%.
O álbum “Logo Se Vê” — escrito na pandemia — marcou uma nova fase — do estúdio à utilização do click track —, tornando a sonoridade mais prática e menos linear — sem perder os riffs, que nos definem.
Gravando com domínio e ponderação, a aquisição de camadas transparece — assim — consciência e profundidade, que conduzem a uma escuta ativa e a uma sinceridade densa e intencional.
Mediante a construção de repertório, a vontade incessante de crescimento espelha colaborações inusitadas. “Infinito” explora a relação — entre a finitude e a memória?
O feat. com o Van Zee [Sebastião] ocorreu — organicamente — e refletiu uma partilha pesada e um peso comovente único, que provocou cicatrizes, visto que a canção narra uma perda — na tentativa de dar corpo ao indizível —, traduzindo uma dor coletiva e um cruzamento de pensamentos.
O salto mediático — com a participação no Festival da Canção — viabilizou teorias improváveis e escrutínio sobre o tema pouco “eurovisivo”. A visibilidade acarreta desafios?
A onda de entusiasmo — repleta de expetativas [risos] —, que nos cercava, reivindicou uma montanha-russa de oportunidades de progressão — alicerçadas a uma linha de orientação notória de transmitir veracidade.
Os passos seguintes exigiram atenção, responsabilidade e entrega total — em apresentações e atuações — para corresponder e estar à altura da confiança depositada, que — rapidamente — gerou motivação — a cada reação.
“Deslocado” carrega raízes, que explanam a saudade de só “pensar em regressar”?
O verso contempla um percurso familiar a quem abandona o país ou a região de residência — em busca de melhores condições de vida —, ressoando com a Europa e combinando curiosidade e nostalgia — de estudantes, trabalhadores ou emigrantes, que reconhecem um vazio, que se acende com o conforto das rotinas.
Com o desejo de atravessar fronteiras, a âncora, que liga o passado ao presente, habita na ausência e na lembrança.
A mensagem transversal — fora de palco — possui o poder de inspirar gerações futuras?
A perceção de que despertamos faíscas evidencia uma alegria comovente e uma honra, que não damos por garantida.
Todavia, o compromisso estabelece critério e gratidão para difundir, através da música, ensinamentos, fervores e companhias, que promovem o diálogo e a mobilidade.
Porto e Lisboa acolher-vos-á — a 24 e 30 de janeiro. Os concertos — nos Coliseus — ficarão para a eternidade?
Absolutamente.
O acesso a uma produção robusta e a um staging — como idealizámos — possibilitará uma conexão especial e exclusiva, que celebrará a dedicação de uma carreira árdua.
Incluindo surpresas e convidados, a validação vencerá qualquer medo ou nervoso miudinho [risos], que desfrutaremos — de braços abertos — para fazer acontecer — juntos.
2026 promete o aguardado terceiro registo discográfico?
Já se encontra — em andamento —, disponibilizando um leque diversificado de estilos — pensado para envolver e cativar —, nomeadamente a faixa “Amor de Novo” — com os Jovem Dionisio —, que assinala o arranque de um ciclo de recomeços.




































