Federação Académica do Desporto Universitário – A importância do desporto na vida do estudante universitário
A Federação Académica do Desporto Universitário (FADU Portugal) é uma federação desportiva que foca o desporto como uma ferramenta na formação e educação. Nasceu de um movimento de várias academias do país com o objetivo de dinamizar, incentivar e organizar o desporto no seio do Ensino Superior.
Recentemente, realizou eleições para os seus órgãos sociais, onde foi eleita a lista A, cuja direção é liderada por Ricardo Nora, estudante da Universidade da Beira Interior.
A Mais Superior falou com o presidente para conhecer as suas ideias para o mandato 2022/2024 e os planos para a Federação.
Podes explicar resumidamente aos nossos leitores, principalmente, aos recém-chegados ao ensino superior, em que consiste a FADU?
A FADU, é uma estrutura que promove o desporto universitário em Portugal. É uma federação que em conjunto com as suas associações académicas e de estudantes espalhadas pelas diversas instituições do ensino superior do país e em conjunto também com as próprias universidades e institutos politécnicos, promovem em conjunto o desporto universitário em Portugal.
Para além de organizar os campeonatos nacionais universitários, e coordena as participações dos estudantes-atletas portugueses nas competições internacionais. A FADU está no percurso do estudante do ensino superior, para o ajudar na sua prática desportiva, a melhorar o seu percurso e a defender muitos dos direitos que o estudante-atleta acaba por ter, nomeadamente no que diz respeito à aplicação do estatuto do estudante-atleta.
Qual é a sua missão e valores?
A FADU quer chegar cada vez mais aos nossos estudantes para termos cada vez mais jovens a praticar desporto. O desporto proporciona ensinamentos para a vida. Quem concilia o seu percurso académico “normal” com a prática desportiva, normalmente é bem–sucedido, existindo muitos estudos nesse sentido. A nossa missão, visto termos cada vez mais estudantes a praticar desporto, é criar condições favoráveis para essa prática.
Como é que descreves o sentimento de pertença a uma federação que já conta com mais de 30 anos enquanto promotora do desporto universitário?
A FADU foi criada em 1990 e já passaram pela federação vários nomes, que estão hoje muito bem colocados no panorama nacional e internacional.
A herança será sempre bastante pesada para quem quiser dirigir esta casa. No dia da tomada de posse, inauguramos o Museu do Desporto Universitário Português e na Casa do Estudante–Atleta, cuja visita ajudará a perceber bem a história da FADU, dos grandes estudantes–atletas que já participaram e continuam a participar no desporto universitário, dos dirigentes que por cá passaram, da história do que tem sido o crescimento do desporto universitário, e da importância que o desporto universitário tem tido em Portugal.
A fasquia está alta, mas sem dúvida que o desporto universitário e o ensino superior em Portugal têm sido valorizados, e cada vez mais os nossos governantes têm olhado de outra forma para a importância da prática desportiva.
Neste novo mandato e sendo tu o presidente, quais são as tuas ideias e planos para inovar a FADU e para o mandato 2022/2024?
A FADU tem sido nos últimos anos nomeada e premiada como sendo uma das federações mais ativas a nível internacional. O trabalho que fazemos é valorizado pelas pessoas lá fora. Nos últimos dois anos percebeu-se que o caminho não passava apenas pelas competições normais e era necessário dar outro passo. Um dos grandes objetivos desta Direção e dos órgãos sociais que agora tomaram posse, é apostar no que é o desporto informal. Temos uma série de iniciativas de desporto informal, em que cada vez mais os estudantes vão praticando desporto. Não só nas habituais jornadas concentradas, mas também em iniciativas, como os Jogos Universitários de Portugal que queremos organizar esta época, as ligas universitárias de determinadas modalidades. Queremos criar uma forma mais regular para os estudantes praticarem desporto. Acaba por ser uma vertente mais recreativa e lúdica, que junta os vencedores de cada torneio, das diferentes instituições do ensino superior e associações académica e de estudantes, para competir numa situação amigável e de convívio.
As últimas duas épocas desportivas foram marcadas pela pandemia. De que maneira é que achas que isso marcou ou modificou a essência da FADU e do desporto no ensino superior?
Eu fui assistindo de perto e senti o que aconteceu no meio associativo – a impossibilidade de termos atividades. No ano de 2020 a atividade da FADU foi muito complicada, pois o desporto nesse ano foi praticamente impossível – as competições pararam por completo.
No ano de 2021 com muito esforço realizaram-se as fases finais, da Covilhã e Fundão – e nem todas as regiões do país conseguiram fazer os apuramentos para chegar a essa fase. Também no ano passado, em Leiria e na Marinha Grande conseguimos ter na sua quase plenitude a realização das Fases Finais do que é o calendário competitivo.
Acreditamos que este ano, com mais tempo e preparação, não se estará a falar dessas restrições. Todos os clubes e serviços desportivos das instituições estão neste momento a trabalhar e a fazer os seus apuramentos. Vamos ter certamente um grande número de estudantes-atletas e vamos voltar a ter os números normais de participação.
Considero que a pandemia trouxe uma maior preocupação dos estudantes no sentido da prática desportiva, com maior atenção aos hábitos de vida saudáveis e com a participação nestes torneios internos e informais.
Para os nossos leitores universitários, qual é a tua opinião relativamente a conciliar a vida académica, com a vida desportiva? Qual é o impacto que o desporto tem na vida académica dos estudantes?
O estatuto do estudante-atleta estabelece alguns limites e vem ajudar o estudante-atleta a ter o seu percurso académico e a participar no desporto universitário. Nomeadamente ao nível de faltas, na flexibilidade nos horários. Porém, ser estudante-atleta pode trazer alguns desafios. Infelizmente algumas instituições não têm este estatuto na sua plenitude e passam um bocado à margem da lei em vigor. É um desafio que existe em muitas instituições de ensino superior em Portugal. Umas valorizam mais o desporto e outras valorizam menos. Em muitas instituições – e ainda bem – temos prémios de mérito desportivo criados, que pagam propinas e alojamento e incentivam os estudantes a participar. Mas depois também existem muitas instituições, onde não existe esse incentivo.
É este o caminho que se tem de percorrer, onde o estudante, consiga em qualquer instituição do ensino superior, praticar desporto e ter o seu percurso académico de forma normal.
Os números falam por si, a maioria dos estudantes que pede o estatuto de estudante-atleta, só uma percentagem muito residual participa na época especial de frequências das universidades, o que passa por si uma mensagem.
Como em tudo, o estudante tem de ser responsável. Ser estudante-atleta exige uma conciliação de horários e de escolhas. O feedback que temos, pelo que experienciamos e vemos, é que de facto o estudante consegue conciliar as duas coisas. O rigor que o desporto muitas vezes nos impõe vai ajudar para a vida e, naturalmente, para o que é a sua vida académica.
Para quem não é atleta, mas que esteja interessado/a em participar numa competição da FADU, como é que deve proceder para se inscrever? Quais são os teus conselhos?
A melhor forma de se inscreverem é através da sua associação académica ou de estudantes, ou ainda dos serviços de desporto das respetivas instituições de ensino superior, que são os nossos elos de ligação, os clubes associados da FADU. Na associação poderão esclarecer-se sobre como poderá ser feita essa participação, saber quando são os treinos e as competições.
Nesta fase, que já passou a euforia das receções ao caloiro, da parte mais lúdica, acho que é a altura ideal, para o estudante voltar ou começar a praticar desporto e a participar no que são os nossos campeonatos.
Quantos estudantes fazem parte do universo FADU e quais são as modalidades existentes?
A FADU tem quase nove mil estudantes-atletas, cerca de cinquenta modalidades, um vasto leque em que o estudante pode participar e pode experienciar. Não é em qualquer lugar que chegamos ao ensino superior e temos diversas modalidades em que podemos participar ao mais alto nível, com diferentes instituições do ensino superior a nível nacional, e depois com os bons resultados, participar a nível internacional e ter uma experiência única.
Algumas das modalidades coletivas são o futebol, o futsal, o voleibol, o andebol, ou o basquetebol. Depois temos o judo e outros desportos de combate, o atletismo, a natação, o badminton, o karting, a canoagem e o ciclismo, só para enumerar alguns. Temos uma grande oferta de atividades, muito diferentes umas das outras. Tentamos de alguma forma ter essa abrangência e esta inclusão de várias modalidades para chegar ao maior número de estudantes possível.
Relativamente ao futuro, o que é que gostavas que a FADU tivesse alcançado no final do teu mandato?
Sem dúvida que o objetivo passa por aumentarmos o número de estudantes-atletas. Depois é conseguirmos fazer uma série de atividades que temos planeadas e que espero que corram bem. No próximo ano vamos ter muitos olhares em Portugal. Vamos receber três dos dezoito europeus que são atribuídos, o rugby 7 em Lisboa, o voleibol no Minho e o basquetebol em Aveiro. O ano de 2023 vai ser exigente para a FADU e para quem com ela trabalha. Vamos ter de manter a qualidade nos eventos e tentar alcançar ainda melhores resultados, do que aqueles que foram alcançados este ano.
Queres deixar alguma mensagem para os estudantes?
Participem nos campeonatos nacionais universitários, façam parte desta família que é o desporto universitário, porque é uma experiência que naturalmente não vão esquecer. Além de valores desportivos, levam valores sociais e morais para a vida.