Não precisas de ser estudante universitário para já teres ouvido falar nas Tunas, não é? Mas de onde vem esta tradição tipicamente académica? A tradição das Tunas remota ao século XIX, mais precisamente à década de 30, em Espanha, onde grupos musicais de mascarados de estudantes se juntavam sob a designação de “estudiantinas”. No ano de 1888 surgiu a primeira Estudantina de Coimbra e muitas outras apareceram de seguida, como em Viseu, Figueira da Foz, Lisboa e Porto. A tuna académica torna-se então num agrupamento musical de estudantes e ex-estudantes pertencentes a uma faculdade, onde todos cantam e alguns elementos tocam instrumentos que podem ser a guitarra, o cavaquinho, o acordeão, a pandeireta e o contrabaixo… Por vezes existe também um elemento da tuna a manejar um estandarte alegórico à instituição, como forma de relacionar o grupo à Instituição de Ensino Superior à qual pertence. Mas o que é pertencer a uma tuna? Nada melhor do que sabermos pela voz de quem faz parte de uma tuna académica…
TunaMaria – Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa
“Caros Caloiros,
Nós somos a TunaMaria, a Tuna Feminina da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, e é com todo o prazer que vos damos os parabéns por ingressarem no ensino superior! Desejamos o melhor sucesso no vosso percurso académico, nesta nova etapa das vossas vidas que pode ser tão intimidante como entusiasmante. Uma Tuna é um grupo musical constituído por estudantes universitários que interpretam várias músicas, desde os seus próprios originais a adaptações de músicas tradicionais portuguesas e da América latina. Para entrar na TunaMaria não é preciso ter conhecimentos musicais. Basta aparecer na nossa sala de ensaios à hora do mesmo e começar a aprender as nossas músicas! Podes escolher o teu instrumento, e não te assustes porque é através do trabalho em equipa que aprendemos a cantar, tocar e muito mais. Para além de tocar e cantar, fazer parte de uma tuna é algo que exige trabalho e compromisso, mas as amizades que se criam e o gosto pelo que se faz acaba por tornar tudo bem mais fácil. E quando subimos a palco e ganhamos prémios e reconhecimento, todo o esforço e dedicação são recompensados. Resumindo, pertencer à tuna é aprender a trabalhar em equipa e desenvolver capacidades de organização, mas também fazer amizades que ficam para a vida, sentir o espírito académico no seu esplendor e criar memórias inesquecíveis.
Nós somos a TunaMaria, obrigada e até já!”
ESCSTUNIS – Tuna Académica Mista da Escola Superior de Comunicação Social
“As tunas académicas trazem ao tempo de estudante um valor diferente. Muito mais do que integração, é amizade, academia e aprendizagem. Na escstunis levamos a tuna muito para além dos anos passados na ESCS, não tivéssemos nós muitas pessoas já trabalhadoras e formadas. Porque no fim do dia há música, há valores que ficam, há amizade, os festivais fora de Lisboa, os fins de semana com a tuna, os ensaios e tudo o resto, fazem e fizeram desse espaço a segunda casa de muitos. É um ambiente seguro e confortável onde todos ajudam todos e no fim do dia percebemos que há muito mais do que só estudar, há sempre alguém que nos pode ensinar e alavancar o nosso futuro tornando-nos melhores e mais preparados. E isso é fazer parte de uma tuna e é ser escstunis. Força a todos os novos estudantes e aproveitem.”
Estudantina Académica do Instituto Superior de Engenharia de Lisboa
“Tuna ou Estudantina, eis a questão. Mas isso depois vocês logo descobrem. Bom, quando se vai a um primeiro ensaio, pode ser por várias razões, uma das mais recorrentes é gostar de música (por norma já se sabe que tem algo a ver com música), pode acontecer das mais diversas maneiras, podes estar a sair de um dia de praxe, de aulas, ou simplesmente a vaguear pela faculdade, o que é certo é que vais ser convidado a visitar um ensaio. Entrar pela primeira vez na sala de ensaios, para ter mesmo um ensaio, é algo difícil de não adorar. Toda aquela energia e entrega que se sente no ar é de alertar todos os nossos sentidos, todos tentam ao máximo fazer com que de um conjunto de 15-20 marmanjos saia algo extraordinário para impressionar os mais novos, e claro, todos aqueles que gostam de uma tuna bem afinadinha. Para além de tudo isto, também se sente toda a camaradagem que se cria e mantém ao longo dos anos. (Já estiveram na presença de um tuno que não ficasse horas e horas a contar as suas histórias e peripécias vividas em festivais? Não existe. Todos temos.) Ao observar tudo isto é difícil não perceber que é uma experiência única, que nos obriga a sair da nossa zona de conforto e assim nos faz crescer.”