O poder e o empreendedorismo com uma assinatura feminina… A Marisa é mulher, esposa, mãe, professora e empreendedora, criou a marca Fluffy Organic & Eco.
Uma marca portuguesa que criou com a missão de disponibilizar às famílias e às mulheres, em especial, produtos de higiene reutilizáveis contribuindo para a melhoria da saúde íntima e da sustentabilidade do planeta.
À conversa com a Marisa fomos perceber o seu propósito com a criação da Fluffy, os valores que a movem e a urgência de falar e agir para bem do nosso único planeta.
Na biografia da sua página começa por dizer “Quando engravidei decidi criar esta marca” o que é que mudou nesse momento para a fazer dar este passo?
O meu estilo de vida sustentável já existia pois no meu primeiro filho, já tinha utilizado fraldas reutilizáveis. A marca nasceu durante a gravidez da minha filha, cinco anos depois. Como tive uma gravidez de risco e fiquei em casa, fui fazendo algumas pesquisas. Nessas pesquisas encontrei uma marca da República Checa, que trabalhava com fraldas em bambu. Achei aquilo fantástico até porque em Portugal não havia quem produzisse estes produtos ou conhecesse este material.
Como no meu primeiro filho tentei reduzir ao máximo a quantidade de lixo e tinha muito menos informação, na segunda filha queria continuar a mesma linha de atuação.
Ao mesmo tempo que trazia para Portugal esta marca da República Checa comecei também a fazer algumas experiências com alguns tecidos, fraldas, capas, os absorventes…. Um dos tecidos era de cânhamo e algodão biológico, muito fofinho (fluffy) e foi daí que nasceu o nome Fluffy. Era um tecido muito absorvente, natural, perfeito para ser usados em fraldas reutilizáveis. Como em Portugal não havia nenhuma marca a fazer fraldas reutilizáveis eu pensei – “É isto que eu vou fazer!”.
Partilhei com pessoas amigas que conheci em alguns grupos das redes sociais, elas gostaram e incentivaram-me a ir para a frente e a marca nasceu a partir daí.
É mulher, esposa, mãe, professora e empreendedora. Como é que estes papéis com responsabilidades e características tão próprias se conjugam e o que a motiva diariamente?
Quando temos filhos pensamos sempre no mundo que lhes queremos dar e deixar, e o que me levou a dedicar-me a este projeto foi realmente o gosto por fazer, o gosto por criar, o gosto por trazer alternativas que não existem e informar as pessoas da existência destas alternativas. Ainda sou professora sim, não consegui deixar o ensino, gosto muito de ensinar mas este projeto está-me a entusiasmar de tal forma que tenho vontade de me dedicar a ele a 100%. Falta aquele pequeno passo para que isso aconteça. Há sempre aquele receio de deixar tudo por um projeto empreendedor e a Fluffy nasceu quase como um hobby, mas realmente foi crescendo e quero mesmo apostar nele e levá-lo para a frente.
Nesta fase ainda estou a conjugar tudo simultaneamente. Costuma-se dizer que “Quem corre por gosto, não cansa”, mas cansa um bocadinho e por isso, houve uma altura em que eu tive que delegar, deixei de ser eu a fazer tudo. Até então toda a família ajudava no que podia.
Quando houve um aumento muito significativo na procura, especialmente pelos pensos menstruais, tive que procurar parceiros para me conseguir dedicar também a outros produtos, e à preparação das encomendas. Sou também eu que trato dessa parte com muito amor e carinho, escrevo sempre “Obrigada” e coloco um coração, se assim não for não me sinto bem. É uma forma de agradecer e é importante que as pessoas sintam que eu gosto do que faço.
Neste momento tenho parcerias com pequenas confeções, mas tento sempre que tudo seja produzido em Portugal e tenho conseguido. Há apenas alguns tecidos que ainda não se encontram cá, e é uma luta encontrar quem fabrique aqui, mas brevemente iremos ter surpresas.
Quais são as principais dificuldades que um negócio familiar como o seu enfrenta?
A minha principal dificuldade é não estar dedicada a este projeto a tempo inteiro. Vou conseguindo gerir as duas coisas, mas sinto que às vezes poderia investir em formação, ou investir mais tempo, e que não consigo porque estou na escola.
A pesquisa e a batalha que temos de fazer para conseguir a confeção dos produtos, também foi uma grande dificuldade, mas agora já conseguimos estar mais confortáveis. A procura pelos tecidos também foi difícil, especialmente depois deste “boom” na procura por produtos ecológicos.
Quero apostar nos produtos da minha marca e não ser apenas mais uma ecoloja. No meu site tenho produtos que não são da Fluffy como complemento e para ir ao encontro do que as pessoas procuravam, achei que faria sentido. Mas, relativamente aos pensos higiénicos aconteceu o oposto, já tive mais marcas à venda no meu site e neste momento só tenho a minha, porque se eu quero investir na minha marca própria, é o que faz sentido.