Quando é que sentiste que já não precisavas mais de trabalhar fora da área da música, que te tinhas tornado somente dependente da arte que fazes?
Foi um intermédio. Quando fui trabalhar, o que aconteceu foi que, quando decidi fazer o meu álbum, com a ajuda do Slow J, fiz um plano e tentei seguir de forma a que conseguisse viver, pelo menos nos meses em que o estava a fazer. Mas foi, sinceramente, muito na base de “vamos ver no que é que dá”. Vou deixar de trabalhar numa questão de foco, vamos ver se fazemos isto resultar. Felizmente resultou, porque foi mesmo arriscar e deixar de trabalhar, focar totalmente na música e tentar colher os frutos dessa aposta que foi feita em mim próprio.
Tiveste dois grandes padrinhos, no Grognation o Sam The Kid e na tua carreira a solo, o Slow J. Sentes que houve uma espécie de sinal do destino para investires na música? Tiveste sempre bem acompanhado por pessoas com experiência e currículo para te ajudar.
Sim, claramente. Cruzámo-nos nesta estrada e colou, alguma coisa clicou. Eu só fui trabalhar com o Slow J no primeiro álbum porque ele quis fazer parte dessa experiência e porque eu colaborei com ele no primeiro álbum dele. Quando colaboras com as pessoas e fica qualquer coisa interessante, as pessoas voltavam e diziam “Queres fazer isto? Queres fazer aquilo”. Então, sinto sim que tive um ótimo padrinho para começar a minha caminhada a solo. Eu senti que isto era a prova que eu tinha de continuar a fazer o que eu estou a fazer. Normalmente, mais dentro do rap, existe aquele discurso de “ninguém me queria ver ganhar” e eu não tenho nada esse discurso, felizmente tive muitas pessoas que me queriam ver ganhar, que apostaram em mim e que viam potencial, mesmo as que não interferiram diretamente no meu progresso e naquilo que construímos até agora. Sempre tive muito boas energias. Tive a experiência de me cruzar com pessoas que diziam que eu tinha potencial para fazer realmente alguma coisa interessante e que devia fazer. Mesmo que eu não visse essas pessoas durante muito tempo, sempre me fui cruzando com essas pessoas que me davam força e me diziam “Vai em frente, estás num bom caminho. Estás a fazer coisas boas”. Portanto, foi sempre esse incentivo que também me foi trazendo até aqui, e depois tive a sorte de ter algumas pessoas que colaboraram diretamente nessa construção, portanto sinto-me muito abençoado por ter tido essa sorte.
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