Um grande padrinho.
Exatamente, deu-nos propz e disse que gostava do que estávamos a desenvolver. A partir daí fizemos mais uns quantos trabalhos, tivemos a oportunidade de trabalhar em alguns instrumentais dele, e agora estamos a fazer um EP em conjunto.
Vocês, Grognation, estão juntos há 9 anos. Alguns têm carreiras a solo, como é que gerem? Há algum tipo de competição saudável entre vocês?
Eu, o Harold e o Factor temos carreiras a solo. Existe sempre competição saudável, desde o início (risos). Estamos como os jamaicanos ou os americanos estão no atletismo e na velocidade, eles competem saudavelmente entre si para depois conseguirem ser o pódio. Nós fazemos mais ou menos a mesma coisa, puxamos uns pelos outros, tentamos inspirar-nos, e a dinâmica é um bocado essa. Gerimos as carreiras a solo e a do grupo da mesma maneira, dentro da base da competição saudável, mas sempre com a noção que o caminho iria sempre passar por aqui. Sempre admiramos os Wu Tang-Clan e eles têm essa dinâmica de grupo, que até hoje prevalece, mas individualmente também mostram como são fortes, e essa força individual acaba também por fortalecer o grupo, cria uma dinâmica muito saudável, onde nunca existe uma ideia reprimida. Há ideias que não consegues exprimir no grupo e depois consegues exprimir a solo, e vice-versa. Só estamos a criar caminhos para exprimir a criatividade. Como todas as relações duradouras, têm os seus altos e os seus baixos. Temos as nossas divergências, somos pessoas diferentes, mas, no final do dia, conseguimos sempre gerir e felizmente temos criado essa dinâmica e tem funcionado.
Com dois anos de carreira a solo estás nos tops e nos maiores palcos. Como olhas para o teu percurso?
É interessante, a escola de Grognation já me permitiu ver muito dentro do mundo da música e do entretenimento. Então, há muitas coisas que eu já estou à espera que aconteçam, e eu parto sempre do princípio que tudo leva o seu tempo e que é preciso trabalho. O que tem de acontecer, acontece no timing certo. Eu simplesmente limito-me a tentar fazer o meu melhor, quando consigo e depois fica ao critério do consumidor, das pessoas que vão ouvir. A forma como me faz sentir? Deixa- -me muito contente e feliz, porque tenho pessoas que gostam daquilo que faço, e que entendem a essência da música que eu faço. Quando eu comecei esta caminhada, não comecei a pensar que ia ser um fracasso (risos), eu acreditei que ia chegar a algum lado. Não só eu, mas também pessoas que trabalham comigo. Trabalhámos para chegar a algum lado, felizmente vamos conseguindo fazer acontecer de alguma maneira. Já consegui tocar em alguns sítios que para mim eram completamente um sonho, ainda para mais com uma carreira solo relativamente curta. Eu lancei o meu álbum em 2018, portanto, é muito pouco tempo para já ter ido ao NOS Alive, para ter feito um MEO Sudoeste… Pelo menos, na minha cabeça, tendo em conta todo o percurso que fiz como Grognation, e o tempo que as coisas demoraram a acontecer em grupo, a solo acabaram por acontecer um pouco mais rápido. Mas, como já existe este trabalho que já vem de trás, e agora a solo já existem conhecimentos e conexões desde esse tempo, as coisas acabam por se desenvolver mais rápido. Mas ainda me sinto no início, está muito prematuro. Estou muito contente com o que fiz até agora, mas acho que ainda conseguimos fazer muito mais, e estamos a trabalhar nessa direção.