Em finais de outubro saiu Mudjer Africana, uma dedicatória especial à tua mãe e às tua tuas raízes?
Exatamente. Foi feita a pensar em todas as mulheres africanas e descendentes de África. São mulheres que trabalham em Portugal, que descontam todos os meses para poderem ter qualidade de vida, cuidarem dos seus. Falo da luta da mulher africana. Refiro também a cultura e a gastronomia, que fazem parte do nosso ADN, da nossa beleza.
Como surge a colaboração de Pragga Donzalla?
Tinha já a música, queria um feat e tinha de ser uma pessoa que encaixe a 100% na música, não só na letra, mas na essência. O Pragga Donzalla, em termos de sonoridade, knowledge, e a pessoa em si, é um ícone e seria para mim uma honra ter a oportunidade. Convidei-o e aceitou, e assim fizemos uma homenagem às “nossas” mulheres.
Alguma novidade para breve que possas contar? Quando vamos ter o EP completo cá fora?
O EP estou a lançar aos poucos, faltam saírem três músicas. Até ao final do ano queremos lançar o EP todo, se tudo correr bem.
Olhando para o teu percurso e para a tua identidade enquanto rapper, sentes que hoje o rap é mais aceite, em especial o crioulo?
Sim, as pessoas gostam, procuram perceber a letra, o que antigamente não acontecia tanto. Ouviam e não prestavam atenção, hoje querem aprender o que quer dizer, e isso mostra que houve uma mudança. Só o facto de eu estar a fazer uma entrevista para um projeto associado ao Ensino Superior, é a prova da mudança. É acabar com o preconceito. É lindo na nossa geração haver esta química, esta troca de informações, esta troca de ideias.
Tinhas um plano B?
Foi sempre música. Em novo, fazia de corridas de motas. Fazia com o Miguel Oliveira… era um dos meus sonhos, ser piloto. Perdi o meu irmão, quem me incentivava para as motas, depois perdi a minha mãe… com 13 anos a minha vida deu uma volta e tive de fazer uma escolha: foquei-me e a música foi crescendo na minha vida.