Um estudo longitudinal realizado por uma equipa multidisciplinar da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) demonstrou que a retina pode ser um biomarcador relevante para o diagnóstico precoce da doença de Alzheimer.
Francisco Ambrósio é o coordenador da equipa de investigadores que efetuou o estudo.
Os investigadores observaram um modelo animal, no qual efetuaram uma bateria de testes em que avaliaram a estrutura e a função da retina, assim como a estrutura cerebral.
O estudo incidiu na retina pois é um tecido do sistema nervoso central, que tem a mesma origem embrionária que o cérebro e é considerada uma extensão do cérebro.
“Foi realizado um estudo longitudinal, único e inovador, com um modelo animal triplo transgénico da doença de Alzheimer (3×Tg-AD)” – explica uma nota enviada à redação acrescentando, – “um murganho que possui três genes humanos com mutações associadas a esta doença neurodegenerativa, no qual foram avaliadas em simultâneo as alterações da retina e do córtex visual, in vivo, em quatro tempos diferentes: 4, 8, 12 e 16 meses de idade. Foi também usado um grupo de controlo (murganhos saudáveis)”.
A retina do modelo animal observado mimetizou o que acontecia no cérebro, ou seja, quando nesta área havia uma redução do volume da estrutura do hipocampo e do cortex visual, na retina registava-se uma redução da espessura das camadas mais internas. Este facto relaciona-se, segundo Francisco Ambrósio, “em todas as fases estudadas [4, 8, 12 e 16 meses], observou-se uma redução da espessura das camadas mais internas da retina, o que se correlaciona com a redução do volume do hipocampo e do córtex visual”.
“Esta correlação sugere que se poderá utilizar a retina como mais uma ferramenta para o diagnóstico precoce da doença de Alzheimer”, conclui o investigador.
O estudo foi publicado na Alzheimers Research & Therapy, uma das principais revistas internacionais na área das Neurociências e da Neurologia Clínica.
[Imagem: Universidade de Coimbra]