Nós os jovens passamos por muitas apelidações, mas pior que isso: rótulos.
A classe política usa e abusa dos jovens. Os jovens são escolhidos para as campanhas partidárias, para as manchas fotográficas, políticos prometem capacitar as gerações vindouras; orgulham-se de governarem um país, utilizando aquele chavão: “a geração mais qualificada de sempre”.
Mas no final? Onde estão os jovens? Que lugar/papel têm?
Ser-se jovem é por norma ser-se contestatário, visionário, criativo, mas é igualmente frustrante. Desde pequenos nos prometeram um futuro risonho se estudássemos para tal, (fazer a ressalva que, infelizmente, nem todos chegam ao ensino superior), mas quantos estudámos para algo, e o nosso emprego, (se o conseguirmos) é noutra área? O que fará isso de nós?
Pessoalmente, sou optimista, como tal vejo nisto a nossa capacidade de nos reinventarmos. Repensar o jogo, ver novas oportunidades, criar novas coisas, foi assim que surgiram as startup’s.
Na política, o rejuvenescimento dos quadros é lento, ficando os jovens relegados para as juventudes partidárias, que por vezes são notícia por maus motivos, o que faz pensar que políticos teremos no futuro. Ainda assim não são todos os jovens que têm vontade ou espírito político, tal demonstra a enorme taxa de abstenção dos mais jovens.
Mas afinal não éramos contestatários? Inconformados? Acomodámo-nos? Diria que nos cansámos e preocupamo-nos com o nosso dia-a-dia. Porque entre faculdade, trabalho para pagar propinas, fazer as contas para poupar na habitação, que tempo nos sobra? Que energia nos restam?
Todavia uma coisa é certa, se não formos nós a fazer algo por nós, ninguém o fará. Mas os jovens parecem estar a acordar para os problemas que os assolam, mas também em temáticas gerais e globais, como a Greve Estudantil pelo Clima.
Sinceramente, quero essa energia e mobilização desses jovens para as Eleições Europeias em Maio. Estas eleições são especiais, não por esta época de populismos, que era mais que expectável, mas sim porque irá votar a primeira geração do Século XXI.
É preciso fazer mais pelos jovens, mas os jovens também precisam de fazer mais, rumar contra a maré não é sinal de estarmos errados, mas sim de termos força.
E tu? Tens força? Faz não só por ti, não apenas pelo teu colega, não apenas pela tua comunidade, faz pela cidadania, foi muito difícil termos chegado até aqui.
Nada é um dado adquirido.
Texto de opinião de Cláudio Fonseca.
Nota Biográfica:
Cláudio Fonseca tem 23 anos e é licenciado em História pela FLUL e mestrando em História Moderna e Contemporânea pela mesma instituição.
É diretor do Podcast Conversa, um podcast sobre política e actualidade. O projeto existe há quase 2 anos e é o único podcast lusófono premiado Internacionalmente.