Basta assistirmos a uns breves minutos de um jogo para não termos dúvidas de que o râguebi é um desporto duro e fisicamente exigente. Mas é também uma modalidade que leva os seus praticantes a desenvolver disciplina, foco e capacidade de superação. Ao nível universitário, a Associação Académica de Coimbra é campeã nacional em râguebi 7’s nos homens e nas mulheres, e os seus treinadores falam à Mais Superior sobre as razões para o sucesso.
Râguebi: um desporto completo
O râguebi é um desporto de hooligans praticado por cavalheiros. Foi o Prof. Luís Pio, treinador da equipa de râguebi feminino da Associação Académica de Coimbra (AAC), quem recuperou esta frase de um jornalista norte-americano para ilustrar a exigência física desta modalidade. Mas não é só na componente atlética que o râguebi puxa pelos jogadores, conforme nos explicou Sérgio Franco, também ele treinador da modalidade na AAC mas na vertente masculina: “Este é um desporto muito completo a nível técnico e táctico, e é preciso estar constantemente atento às atualizações nas leis de jogo. É um desporto que está constantemente a evoluir.”
Do que precisam os melhores?
Quem encara o desporto de forma mais competitiva, quer ganhar e ser o melhor. E para seres o melhor no râguebi universitário, precisas de três coisas fundamentais, de acordo com Sérgio Franco: “De Disciplina, para saberes conciliar os estudos e os treinos, os exames com os jogos e os treinos com noitadas; de Foco nos teus objetivos como jogador e nos objetivos da equipa enquanto membro da mesma; e de Treino, porque o que fazes no treino vai refletir-se no jogo”, explica.
O treinador da equipa feminina da AAC acrescenta ainda que “muitas das atletas que praticam râguebi universitário são oriundas de clubes e por isso rotinadas, devidamente preparadas e com background evoluído”. No entanto, conclui, no râguebi é fundamental que todos os atletas tenham uma coisa: “Humildade”.
Como se chega ao título?
A avaliar pelas palavras dos treinadores das equipas masculina e feminina, no râguebi universitário da AAC existe algo que é fundamental para o sucesso: entrosamento.
Sérgio Franco conta que “80 por cento dos nossos jogadores são atletas da AAC, e esse conhecimento mútuo ajuda muito e permite integrar quem vem de outros clubes da Região Centro”.
Luís Pio reforça que as equipas universitárias precisam “de um apoio mais sólido nas relações interpessoais, e nós técnicos tentamos limar as arestas para reforçar a união do grupo e fazer com que isso se reflita dentro de campo”. Algo que se revelou fundamental para a conquista do título nacional em 2016/17.
Como estão organizadas as competições?
No caso masculino, é nas fases regionais concentradas que se apuram, de forma direta, duas equipas para um torneio final, onde é disputado o título de campeão nacional.
No caso feminino, a prática da modalidade é, de acordo com o treinador Luís Pio, algo mais residual: “Infelizmente ainda são poucas as atletas femininas a nível nacional a poder disputar um campeonato nacional universitário, e por isso apenas uma média de quatro equipas acabam por disputar o título”, referiu, antes de deixar uma sugestão: “Talvez as universidades devessem investir mais na divulgação e na captação de atletas, não só para o râguebi como para as restantes modalidades.”
A importância de praticar desporto na universidade
O desporto faz bem à saúde, e não só. Para Sérgio Franco, “o desporto praticado com regulação, supervisão e em dose certa incute valores e disciplina, promove o espírito de equipa e um conjunto de outras qualidades que valem para toda a vida”.
Estas ideias são subscritas por Luís Pio, que menciona ainda uma palavra que se aprende no desporto e que te acompanha para o resto dos teus dias: “Superação. É em torno dela que devemos treinar, competir, desempenhar a nossa profissão e regular as nossas relações pessoais.”
[Entrevista: Tiago Belim]
[Fotos: cedidas pelos entrevistados]