É uma das modalidades com maior número de praticantes, e também uma das mais exigente que há a nível técnico, dividindo-se em duas variantes – a indoor e a que se pratica na praia. Para ficares a conhecer melhor cada uma delas e o que precisas para seres um praticante de qualidade, falámos com os treinadores das equipas campeãs nacionais das respetivas modalidades em 2016/17.
Voleibol
Para sabermos tudo sobre a modalidade de voleibol falámos com Rui Pinto, treinador da equipa masculina do Instituto Politécnico do Porto (P.Porto) que em 2016/17 se sagrou campeã nacional universitária de Voleibol. Praticante da modalidade durante 21 anos e treinador de formação já há 16 anos, é dos profissionais que mais sente este desporto.
Uma modalidade tecnicamente exigente
“A modalidade de voleibol deve ser, dentro das modalidades coletivas, a mais exigente a nível técnico.” Quem o diz é Rui Pinto, explicando logo de seguida o porquê dessas afirmações: “Prova disso é que quando um atleta realiza um erro num gesto técnico, esse erro dá ponto direto ao adversário.” Qual é então a solução para a prática do voleibol? A resposta está no trabalho técnico, que deve ser muito intenso, com “muita repetição e muito treino”, esclarece.
Para além disso, no voleibol é praticamente impossível ganhar jogando de forma individual (o que no caso só poderia acontecer jogando ao primeiro toque para o campo adversário), pelo que saber jogar em equipa é um requisito mais do que evidente, e para isso é igualmente necessário “muito trabalho coletivo”, apontou Rui Pinto.
Se estás na universidade e pretendes começar agora a jogar voleibol, ainda vais a tempo de ter tornares num bom jogador, e quem sabe num jogador de topo, de acordo com o especialista com quem falámos. Mas para isso terás de recuperar os anos perdidos e “treinar mais técnica e taticamente”, segundo o treinador da equipa do P.Porto. De resto, qualidades como “a motivação, a disponibilidade e o compromisso” serão também, na sua opinião, extremamente importantes.
Os segredos de uma grande equipa
Todos os elementos de um grupo são importantes, e é imprescindível que todos tenham essa noção para que possa haver sucesso. Rui Pinto defende esta ideia para que todos possam “dar o máximo nas suas tarefas e para que o grupo se transforme numa equipa”. Isto porque a equipa só aparece a partir do momento em que os seus elementos se conhecem em campo e conseguem conciliar as suas prestações individuais com as prestações dos colegas. “O conhecimento individual e coletivo são a chave para o sucesso”, conclui.
No que diz à respeito à sua equipa de voleibol do P.Porto – vencedora de quatro títulos de campeão nacional nos últimos cinco anos –, outro dos fatores fundamentais é a força de vontade em querer ganhar. Rui Pinto diz que “praticamente todos os atletas se conhecem, o que torna a tarefa menos difícil”.
As competições
A modalidade de Voleibol é das que mais praticantes tem ao nível universitário, pelo que se torna necessário realizar uma prova regional, onde se apuram as melhores equipas para a prova nacional. São três as zonas regionais no país, das quais transita um total de oito equipas para o campeonato nacional universitário.
Voleibol de Praia
Igualmente presente nas competições nacionais universitárias está a variante do Voleibol – o Voleibol de Praia. E para a descobrirmos falámos com Francisco Costa, timoneiro da equipa de Voleibol de Praia feminino da Associação Académica da Universidade do Minho que no ano letivo passado venceu o troféu de campeã nacional. Foi jogador e treina as equipas masculina e feminina de Voleibol de Praia desde que existem Campeonatos Nacionais Universitários da modalidade, levando-as à conquista de vários títulos nacionais.
As diferenças
O Voleibol de Praia é uma variante do Voleibol indoor que pede que domines as técnicas de base do desporto, mas atendendo às especificidades como o número de elementos por equipa, o tamanho e a superfície do campo, bem como às regras específicas do Voleibol de Praia. Esta modalidade é, nas palavras de Francisco Costa, “muito exigente”.
Em Portugal, este é um desporto sazonal que começa a ser praticado com maior frequência nos meses de abril e maio – que correspondem ao final da época desportiva do Voleibol indoor – até ao mês de agosto.
O Voleibol de Praia precisa de areia, evidentemente, mas não obriga à existência de praia marítima, e por isso nos últimos anos as finais nacionais puderam realizar-se em locais como a praia fluvial do Azibo ou a localidade de Macedo de Cavaleiros.
Como ser muito bom no voleibol de praia
Para poderes estar entre os melhores no Voleibol de Praia precisas de ser um grande jogador e, ao mesmo tempo, precisas de encontrar um parceiro/a que esteja à tua altura e com o qual consigas articular-te e complementar-te.
Ao mesmo tempo, de acordo com Francisco Costa, é necessária “disponibilidade de tempo para poderes treinar e participar como dupla em torneios de preparação ao longo da pequena época de Voleibol de Praia”. Até porque, no final, “nem sempre os melhores jogadores conseguem formar a melhor dupla”, e “a coordenação entre eles é determinante para o sucesso”, sustenta este especialista.
Os segredos da equipa campeã
A dupla vencedora do Campeonato Nacional Universitário de Voleibol de Praia do ano passado não perdeu um único set. Quem o diz é o seu treinador, que diz haver contudo “poucos segredos”: “A dupla vencedora foi sugerida a cada uma das atletas na perspetiva de poderem atingir o título nacional. Inicialmente começaram a treinar no campo de Voleibol de Praia da Universidade do Minho com outras alunas e alunos, e posteriormente treinaram com outras duplas universitárias até ao momento da competição.”
Talvez o principal destaque desta dupla seja “a sua excelente articulação e colaboração, não só ao nível do processo de treino, bem como durante a competição propriamente dita”, esclarece o treinador.
A competição
Depois da implementação de vários modelos, atualmente existe apenas um momento competitivo. Trata-se de um Campeonato Nacional Universitário direto, com competição realizada em dois dias consecutivos, em maio ou em junho. Cada aluno universitário só necessita de mais um elemento da mesma instituição para se poder inscrever na referida competição.
O modelo competitivo pressupõe a existência de um “ranking universitário” que condiciona o sorteio para um torneio “à dupla eliminação”, conforme o modelo das finais nacionais e internacionais.
A importância de praticar desporto
Ambos os treinadores com quem falámos assumem a prática do desporto durante a universidade como algo “natural” e que “nem precisa de ser discutido”. E o Prof. Rui Pinto, em concreto, deixa-te uma mensagem: “Tal como precisas de estudar, de ler e de realizar cálculos para exercitar a tua mente, também precisas de exercício físico para exercitar o teu corpo. Se optares por não o fazer, deves estar ciente de que as tuas capacidades (a força, a resistência, a velocidade) vão perder-se mais rapidamente, até chegar a um ponto em que desempenhar as tarefas básicas diárias serão um problema, seguindo-se as complicações de saúde e a consequente necessidade de tomar medicamentos”.
A nossa máquina precisa de estímulos para evoluir de forma constante, e a falta de estímulos tem o efeito contrário. Por isso deves encarar a prática de desporto na universidade como uma continuação da Educação Física que tiveste no Secundário.
[Reportagem: Tiago Belim]
[Fotos: cedidas pelos entrevistados]