É genuína e quer fazer apenas o que lhe dá na real gana. Ganha com isso a Da Chick, um dos nomes mais frescos da cena nacional, que mistura o funk e o disco para fazer a festa em cima do palco e preencher-nos os sentidos com boas vibrações. Com um ano de 2015 em grande, esta já não é uma miúda qualquer.
Há quem diga que é melhor ouvir Da Chick ao vivo que em álbum. O que achas disso?
Faz-me sentido. Não é algo que me deixe feliz ou triste, mas é no palco que tiro maior gozo do que faço e, como apreciadora de música e de outros artistas e estilos, deixa-me muito mais satisfeita ser surpreendida por aquilo que fazem ao vivo. Portanto estou ótima com isso!
E como te defines em palco?
Eu sou uma funky girl, e para mim qualquer música ou concerto de funk tem sempre um espírito muito alegre e uma componente de festa, de dança, de disco. E no fundo é isso que eu faço, portanto procuro que o meu espetáculo seja sempre muito divertido!
Tenho também a sorte de estar acompanhada por dançarinos e músicos que conseguem entrar na minha onda, e a nossa sintonia em palco é transmitida para quem está na plateia. Até mesmo quando as coisas correm menos bem – e eu me engano nas coreografias, por exemplo – é sempre tudo muito animado e espontâneo, e eu acho que isso surpreende muito as pessoas e as faz gostar do que faço. E a música também ajuda, claro!
O que a malta quer hoje em dia é ouvir música que seja uma festa. Concordas com esta afirmação e consideraste isso quando criaste este projeto?
Eu acho que há nichos para todos os estilos de música. No Super Bock Super Rock ou no Paredes de Coura, por exemplo, diria que muitas das pessoas que lá vão não procuram necessariamente música alegre; noutro espectro, as festas académicas ultrapassam largamente a festa que eu consigo fazer em palco! Portanto depende muito de caso para caso…
Em relação à Da Chick, ela começou praticamente sozinha e, já nessa altura, era capaz de surpreender as pessoas. Palcos grandes ou pequenos, aquilo era tudo meu! Obviamente que comecei a querer mais e a ter vontade de desenvolver o projeto, houve pessoas a juntar-se a mim, ganhei um DJ, mais tarde vieram os sopros e os boys – e esses conheci-os no dia anterior à gravação do meu primeiro videoclip… Até o próprio som de Da Chick tem mudado bastante ao longo do tempo, por isso tudo tem acontecido de forma natural e não demasiado pensada, e tenho tido a sorte de tudo correr bem.
Já te chamaram de “eighties no século XXI”. Faz parte da tua necessidade de deitares as influências cá para fora? É este o estilo de música de que mais gostas?
Isto é sem dúvida o que neste momento eu oiço mais. Quando era adolescente também tive a minha fase pop, mas já ouvia muitas outras coisas, do rock psicadélico ao jazz. E de facto adoro funk, adoro soul, adoro tudo o que tenha groove, e aquilo que escuto cola-se inevitavelmente ao que eu faço…
E acabaste por colar isso à eletrónica e a sons mais contemporâneos. É esta a receita para o sucesso que estás a ter?
Não penso propriamente em receitas. É claro que tenho o sonho de viver disto e de ter sucesso, mas não é o meu objetivo fazê-lo a qualquer custo. O que eu sei é que quero fazer o que gosto, e só vou fazer o que gosto, trabalhar com quem gosto, e dar os passos com os quais me sinta bem. Trabalhar com grandes produtores em Nova Iorque, por exemplo? Adorava, claro. Mas teria de ser feito à minha maneira.
Eu faço aquilo que faço porque adoro, porque me realiza. Tenho muita paixão por isto, e se calhar a receita está exatamente aí.
Porque é que a Da Chick “explodiu” este ano? Foi pela tua dedicação?
O lançamento do meu disco deu-lhe um caráter mais sério, deu-lhe um agenciamento profissional e um conjunto de pessoas que a ajudam a promover o seu trabalho. O facto de ter algo físico e palpável como o disco é muito importante para a divulgação da minha música, e para isso acontecer é mesmo preciso que acreditem em ti, porque hoje em dia editar um disco é quase um investimento – no meu caso, a Universal e a Discotexas foram fundamentais.
Tenho tido muita sorte com as pessoas que me rodeiam, que são amigas, talentosas e que me apoiam e gostam daquilo que eu faço.
E até ao final do ano, o que vamos ver de ti?
Muitos concertos, bom feedback, continua fresca a coisa. Há pessoas ainda estão agora a descobrir o álbum.
O verão é sempre bom para qualquer artista, e os festivais de verão oferecem sempre boas oportunidades. Mas até ao final do ano há coisas boas em perspetiva…
A Da Chick também tem sido uma “miúda” dedicada aos estudos? Como é que conciliaste a música com a vida académica?
Eu fiz uma licenciatura em Marketing e Publicidade no IADE – e não, não usei kilt – onde passei a tudo à primeira, sempre certinha, e acabei os meus estudos aos 21 anos. Entretanto a Da Chick já tinha nascido, mais concretamente no segundo ano de faculdade, e na altura era uma brincadeira. Lembro-me que gostava muito do circuito da música eletrónica, ia aos concertos e era muito atenta ao que se passava. De certa forma acabava por já estar inserida no meio, e a coisa foi crescendo graças ao bom feedback que ia tendo – excetuando os meus pais, claro (risos) – e acho que na realidade só me apercebi do quão sério isto se estava a tornar quando lancei o meu EP e comecei a trabalhar com ídolos: o Xinobi e o Moullinex.
Mas entretanto fui trabalhando na minha área, começando por um estágio e depois por empregos em agências de comunicação e de publicidade, entre pausas para trabalhos de fotografia. Em março deste ano, tive de deixar o meu emprego para permitir à Da Chick que cresça forte e saudável, mas a ideia é em breve voltar a ter uma ocupação fixa, e conciliar ambas as coisas.
“Eu sou uma funky girl, e para mim qualquer música ou concerto de funk tem sempre um espírito muito alegre e uma componente de festa, de dança, de disco.”
[Entrevista: Tiago Belim]
[Fotos: Discotexas]