Autocuidado: O benefício funda(mental)
Perante o turbilhão (frenético) — vivenciado no século XXI —, onde a Tecnologia avança a passos largos e as pressões se intensificam, surge um (tentador) conceito — promotor de competências imperativas, que transcendem o intelecto.
Helena Paixão, Psicóloga Clínica, evidencia, em entrevista, que “a transição é um período, composto por instigações e oportunidades, que requer uma mentalidade moldável e uma boa rede de suporte”, acrescentando que “as Faculdades detêm a mestria exigida para apoiar a comunidade.”
Que responsabilidade acarreta ser-se um dos motores da “evolução de quem ousa viajar ao centro do Ser”?
É uma honra ver e escutar — nos bastidores — alguém, que se permite olhar para dentro, com coragem, a começar a desconstruir capas, camadas e couraças — erguidas, inconscientemente, para nos proteger da dor —, refletindo-se na disponibilização de um espaço seguro, pautado por empatia, confiança e confidencialidade, no balizamento de limites saudáveis, bem como no abraçar do processo de aprendizagem e formação contínua, onde a relação terapêutica é o verdadeiro catalisador da mudança.
Providenciando reflexões profundas e instrumentos dinâmicos, o livro “O Poder do Autocuidado” é um convite a…?
Tirar a concepção da gaveta e englobalizá-la em múltiplas dimensões — pessoal, familiar, social, profissional, físico e psíquico —, de forma real e sustentável, no quotidiano, prevenindo situações de exaustão, esgotamento e burnout, com o auxílio de informação científica.
Subsistimos na era do ruído, mergulhados numa sociedade acelerada, que recorre, incessantemente, ao multitasking, sendo determinante estabelecer um equilíbrio. Qual é o primeiro passo?
A estabilidade atinge-se ao cair, levantar, recentrar, ajustar e reposicionar, implicando compreender a necessidade de existir uma ligação harmoniosa entre a esfera individual e laboral, exercitar o músculo da atenção de qualidade, e elaborar um mapeamento mental.
Porém, desconectar do digital, ampliando a capacidade de auto-observação, e implementar uma rotina de micro-pausas, repondo os níveis de energia e concentração, manifestam ser, igualmente, cruciais.
Que vantagens impulsiona o bem-estar duradouro no desempenho académico?
Todas [risos].
Combinar exercícios de respiração com técnicas de relaxamento melhora a concentração e o foco, combatendo a depressão e concedendo um acréscimo de motivação, que incentiva à edificação de um mindset positivo.
A abertura para o desconhecido e a flexibilidade de apropriação a diferentes realidades são fundamentais para um ingresso bem-sucedido. Que antídotos deverão ser adotados para encarar os desafios que se avizinham?
A transição é um período, composto por instigações e oportunidades, que requer uma mentalidade moldável e uma boa rede de suporte, assentes no cultivo da curiosidade, na efetivação de práticas de complacência — em detrimento de um ininterrupto crítico interno, severo e implacável —, e na identificação clara de valores, forças e vulnerabilidades, proporcionando uma experiência sólida e enriquecedora, mediante decisões alinhadas.
O stress foi considerado a epidemia centenária pela Organização Mundial da Saúde. Que estratégias considera basilares para uma gestão eficaz entre o estudo e as atividades extracurriculares?
> Planear tarefas, prazos e compromissos;
> Definir prioridades, criando listas diárias;
> Determinar horários regulares, mantendo a consistência, com sessões curtas e frequentes;
> Idealizar um ambiente clean, livre de distrações;
> Dedicar tempo específico para hobbies;
> Privilegiar o sono;
> Colocar o corpo em movimento, através de caminhadas ou corridas;
> Realizar uma dieta equilibrada, evitando alimentos processados e ricos em açúcar;
> Meditar.
Ao longo do percurso, a Síndrome do Impostor (imposter syndrome) tende a sobressair-se, como fruto da não valorização de concretizações. Como superar?
Sendo um fenómeno, em que o medo persistente — em expor-se e revelar-se uma “fraude” — predomina, imergir em mecanismos, que promovam a aceitação, como o enaltecer de conquistas ou o fortalecimento de um diálogo interno construtivo e possibilitador, torna-se imprescindível.
Importa, assim, reformular pensamentos irracionais ou crenças limitadoras — “foi sorte” —, consentir elogios, sem justificações adicionais, e viabilizar mais a gentileza do que a perfeição excessiva, que tende a aumentar a ansiedade e frustração.
A resiliência é uma das skills prestigiadas em processos de recrutamento. Preparar as novas gerações deve constar no currículo escolar?
Sem dúvida.
Diria que as Faculdades detêm a mestria exigida para apoiar a comunidade, com a introdução de programas, constituídos por aulas de Inteligência Emocional, ou a respetiva integração em disciplinas existentes — Literatura, História ou Ciências Sociais —, facilitando debates sobre sentimentos e relacionamentos.
A transmissão de saberes ao corpo docente, através do fornecimento de recursos, a aplicação de sessões de Mindfulness, com recintos particulares, e a dinamização de workshops, em parceria com Escolas Básicas e Secundárias, é, ainda, estritamente pertinente.
Um conselho?
Um pedido de ajuda não é sinónimo de fraqueza. Entregarmo-nos à terapia é sinal de amor-próprio.