Estudo das Universidades de Coimbra e do Porto confirma eficácia de um antioxidante na prevenção do fígado gordo não alcoólico
A Universidade de Coimbra (UC) e a Universidade do Porto (UP) patentearam um antioxidante cuja investigação revelou que é eficaz na prevenção do fígado gordo não alcoólico (FiGNA), abrindo portas para estudos de prova de conceito do AntiOxCIN4 e pode contribuir para terapia contra o fígado gordo não alcoólico.
Esta é uma doença que afeta cerca de um quarto da população e que está muitas vezes associada à obesidade e aos diabetes, não existindo ainda um fármaco aprovado para o tratamento desta condição.
Trata-se de uma acumulação excessiva de gordura no fígado, mas não é proveniente do consumo excessivo de álcool, nem do uso prolongado de fármacos hepatotóxicos ou da ocorrência de outro tipo de doenças, como a hepatite C. Os maus hábitos alimentares podem ser um contributo para o aparecimento desta doença, tal como o sedentarismo.
Inflamação hepática, cirrose ou mesmo cancro hepático, são as principais consequências que esta doença, inicialmente silenciosa, pode trazer para a saúde das pessoas.
O estudo que revela possíveis contributos para a prevenção desta doença, foi publicado na revista Redox Biology e foi composto por uma equipa liderada por Paulo Oliveira, investigador principal do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (CNC-UC), e outra equipa liderada por Fernanda Borges, Professora associada da Faculdade de Ciências da UP, coordenadora do grupo de Química Medicinal do Centro de Investigação em Química da UP (CIQUP).
O primeiro autor do trabalho científico e investigador do CNC-UC e do CIQUP, Ricardo Amorim, explica que o estudo “é o resultado de vários anos de pesquisa com esta molécula (AntiOxCIN4) e a primeira prova de conceito relativa ao uso deste antioxidante modificado na prevenção da FiGNA num modelo animal”. “Verificámos que os ratinhos alimentados com a dieta ocidental, portanto, animais obesos e com fígado gordo, aos quais foi administrado AntiOxCIN4, tiveram uma redução do peso corporal e do fígado (43% e 39%, respetivamente). Nestes animais, verificámos ainda menor dano hepático, com o melhoramento de marcadores sanguíneos hepáticos e a redução da gordura acumulada no fígado», explica o investigador.
O AntiOxCIN4 preveniu as consequências do fígado gordo não alcoólico num modelo de ratinhos, tendo um efeito protetor na progressão da doença.
O estudo foi financiado por fundos do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), através do Programa Operacional Factores de Competitividade (COMPETE) e da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).
Estudo das Universidades de Coimbra e do Porto confirma eficácia de um antioxidante na prevenção do fígado gordo não alcoólico