Investigadores do Politécnico de Leiria e da Universidade Federal do Ceará estudam o potencial das algas para o tratamento da doença de Parkinson
Os resultados do projeto CROSS-ATLANTIC que se focou na avaliação das propriedades anti-inflamatórias e neuroprotetoras de macroalgas da costa de Peniche e da costa do Ceará para o tratamento da doença de Parkinson, um estudo s do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) do Politécnico de Leiria, da Universidade Federal do Ceará, do BioISI – Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e da Universidade de Santiago de Compostela, foram apresentados no dia 25 de julho, segunda-feira.
A doença de Parkinson é a morte dos neurónios dopaminérgicos, responsáveis pela produção do neurotransmissor dopamina, levando ao desenvolvimento de limitações físicas como tremores e movimentos involuntários.
O investigador do MARE – Politécnico de Leiria, Celso Alves, considerou que:
Os resultados obtidos demonstraram que algumas destas macromoléculas conseguem reverter os efeitos da neuroinflamação e neurotoxicidade prevenindo a morte dos neurónios dopaminérgicos. Tendo por base estes resultados, iniciou-se os ensaios em modelos animais, os quais foram tratados com uma neurotoxina, 6-hidroxidopamina, induzindo a condição da doença de Parkinson. Quando estes animais foram tratados na presença de polissacarídeos sulfatados obtidos de duas algas vermelhas, observou-se uma prevenção do fenómeno de neurodegeneração demonstrando melhorias comportamentais, modulando diferentes vias de sinalização intracelular relacionadas com o processo de neuroinflamação e neurodegeneração, assim como estimulando a expressão de fatores neurotróficos essenciais para o crescimento, sobrevivência e diferenciação dos neurónios.
Aliás, o investigador revela que os resultados do projeto “são altamente motivantes e desafiantes e abrem claramente novas oportunidades de investigação para explorar o potencial farmacológico destas moléculas no tratamento da doença de Parkinson”. Explica ainda que não havendo uma cura efetiva para a doença, mas sim fármacos que permitem tratar e/ou retardar o desenvolvimento da doença.
Aliando a realidade que a ocorrência das doenças neurodegenerativas é expectável aumentar substancialmente nas próximas décadas, fortalece ainda mais a nossa motivação e interesse em prosseguir com este estudo. Após compreender que estas macromoléculas administradas por via oral possuem capacidade de manter o efeito neuroprotetor em modelo animal, o grande objetivo passa por compreender de que forma estas moléculas chegam ao cérebro e como promovem os efeitos observados.
Pretende-se aplicar a prática do este projeto, que teve início em julho de 2018, na sociedade e a utilização destas algas no tratamento da doença de Parkinson, Celso Alves afirma que “a equipa, por si só, é altamente otimista e as expectativas são muitas, mas sabemos que o percurso inerente ao desenvolvimento de novos fármacos é longo e apresenta grandes desafios”.
Apesar disso, a equipa acredita que estes resultados podem “contribuir para desenvolver e/ou inspirar novas abordagens terapêuticas nesta área” e realçou ainda que “este trabalho contribuirá efetivamente para o aumento do conhecimento científico acerca das potencialidades destas macromoléculas e, consequentemente, dos nossos recursos marinhos, o qual ficará disponível para a sociedade”.
O projeto CROSS-ATLANTIC foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico.