O CRC-W da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa apresentou esta sexta-feira os resultados do estudo “Um ano de pandemia aos olhos dos portugueses: Resultados da monitorização das suas perceções, emoções e inquietações, partilhadas nas redes sociais”.
O estudo centrou-se na análise de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, Ordem dos Psicólogos Portugueses e ISPA-Instituto Universitário e do comportamento humano como fator central na evolução da pandemia, devendo estar no centro das estratégias de combate à atual mas também a futuras crises de saúde pública.
Para incrementar a adesão dos cidadãos às diferentes recomendações de comportamentos de prevenção de contágio emitidas pelas autoridades de saúde, importa compreender os fatores que podem influenciá-la, nomeadamente como os cidadãos respondem a uma crise de saúde pública e socioeconómica como a que carateriza a atual pandemia e como estes avaliam os acontecimentos desde o início da crise pandémica.
Esta avaliação pode ser analisada ao longo do tempo, com base em indicadores de como as pessoas percecionaram as exigências colocadas pela pandemia (perigo; esforço; incerteza) e os recursos de que dispunham para lidar com ela (conhecimento e habilidades; disposições; suporte externo).
Para este fim, foram avaliados um conjunto de indicadores de perceção de risco (para a saúde pública, social, económico e saúde psicológica), em 87 períodos de monitorização de 4 em 4 dias desde janeiro de 2020 a janeiro de 2021. Foram analisados 120.267 comentários públicos de utilizadores de redes sociais, em resposta a publicações sobre COVID-19 emitidas pela Direção-Geral da Saúde de Portugal e por sete meios de comunicação social nacionais (Expresso, TVI24, RTP3, SIC Notícias, Correio da Manhã, Público e Observador), com vista a emitir recomendações para uma eficaz comunicação de risco e comunicação de crise e mobilização social. A análise pode ser encontrada aqui.
Globalmente, o nível de ameaça tendeu a refletir a situação epidemiológica de novas infeções e óbitos, mas foram também identificados períodos em que isso não ocorreu, com algumas expressões de incerteza/desconfiança face à gravidade dos números comunicados ou perceção de um elevado grau de ameaça quando os números não o evidenciavam (e.g. início do ano letivo). Quanto às exigências específicas impostas cidadãos face ao perigo e incerteza existentes na situação, é possível verificar que a atual crise de saúde se tornou crónica, predominando a denominada “fadiga pandémica”.