1. O que é que a motivou a candidatar-se?
Candidatar-me a Presidente da ADESL nunca foi um objetivo, ou algo que ambicionava. Certamente que o facto de ter feito parte da estrutura no mandato anterior, enquanto Vice-presidente, me deu confiança porque já tinha o conhecimento sobre o que se passava internamente, o que estava num bom caminho e o que é que podia ser melhorado. A decisão de me candidatar surgiu, após ter recebido bastante apoio e incentivo dentro e fora da ADESL. Comecei a ponderar esta opção e, apesar de saber que ainda tenho muito a aprender, hoje assumo este cargo como se de um sonho se tratasse.
2. Como é para si representar uma instituição como a ADESL?
Representar a ADESL é uma enorme responsabilidade. Tenho noção da importância que esta tem para o mundo do Desporto Universitário em Lisboa e não só. Sinto a pressão desta responsabilidade a cada decisão que tenho de tomar e a cada passo que dou. Admito que há certos assuntos que me assustam mais que outros, mas a motivação de querer ver crescer a ADESL para o seu máximo potencial é maior do que qualquer medo. Por outro lado, também é um imenso orgulho poder ter esta oportunidade de devolver ao Desporto Universitário tudo aquilo que me tem dado nos últimos anos, não só enquanto estudante-atleta, mas enquanto pessoa e dirigente.
3. O que pretende desenvolver aquando do seu mandato?
O contexto deste mandato é bastante específico e difícil quando comparado aos anteriores. Tomámos posse sabendo que os Campeonatos estavam suspensos, o que nos deixa numa situação com algumas incertezas. No entanto, estamos a trabalhar no desenvolvimento das University Battles que são os Campeonatos Universitários de Lisboa de eSports, uma vertente que tem vindo a crescer nos últimos meses e que será uma das grandes apostas da ADESL neste mandato.
Para além disso, continuaremos a apostar na profissionalização da estrutura, que vai ao encontro do nosso objetivo de consolidação e reconhecimento da marca ADESL. É algo que pretendemos também dar ênfase. É também urgente trabalhar na consciencialização da importância do desporto na saúde mental, um tema que tem surgido ultimamente e que merece a nossa máxima atenção e cuidado.
4. Qual o maior desafio ao qual se propõe?
Não existe apenas um desafio ao qual me proponho, enquanto direção temos vários, no entanto vou apenas dar o exemplo de dois. O primeiro, e mais importante de todos neste momento, é sem dúvida fazer com que o Desporto Universitário volte, de forma segura, estável e com a mesma força que tinha antes da pandemia. Estávamos numa fase de crescimento acentuado da estrutura. Apesar dos recentes problemas, contamos com a colaboração dos nossos associados, clubes e parceiros para que voltemos ao que éramos antes. O outro desafio é, e tem sempre sido, aumentar o número de atletas que participam nos CUL. São eles quem fazem crescer este mundo e é com eles que contamos para enfrentar o maior desafio da história da ADESL.
5. Qual é a sua visão do desporto universitário?
O Desporto Universitário deve ser um mundo inclusivo e acessível a todos. Na minha opinião, darmos oportunidade a quem, noutros contextos, não teve a chance de praticar desporto, deve ser uma bandeira para o Desporto Universitário e para os seus dirigentes. Devemos ser os maiores impulsionadores do desporto para quem quer começar apenas na chegada ao Ensino Superior, sem haver exclusões por falta de experiência, nem dar prioridade a quem já a tem. Devemos estar sempre de portas abertas para receber todo e qualquer estudante que esteja interessado na prática desportiva.
Por outro lado, existe também uma problemática, que tem que ver com o abandono da prática desportiva aquando da entrada no Ensino Superior. Muitos atletas abandonam os seus clubes nesta altura, quer seja porque estão longe dos mesmos ou para se focarem nos estudos. Acreditamos que esta entrada no Ensino Superior não deveria ser razão para pararem de fazer desporto e de competir. O desporto é uma ferramenta essencial para complementar os estudos, ajudando os seus praticantes não só fisicamente, mas também a nível psicológico. O Desporto Universitário deve ser a solução para estes estudantes-atletas que se viram afastados dos seus clubes e na ADESL trabalhamos para incentivar isto.
6. Que tipo de oportunidades procura com este cargo?
Acima de tudo, fazer crescer o Desporto Universitário. Aceitei este desafio para ter a oportunidade de retribuir um pouco daquilo que este mundo me tem proporcionado nos últimos anos. Procuro pegar nas pontas soltas da ADESL e uni-las com tudo o resto, de forma a criar uma sintonia, porque só assim iremos conseguir crescer enquanto entidade máxima do Desporto Universitário em Lisboa.
7. O que é que pretende mudar / o que acha que não tem resultado?
Como em todo o lado, há sempre coisas a melhorar. A ADESL, apesar de todo o esforço nos últimos anos, não é exceção. Tendo já feito parte da estrutura no mandato passado, consegui perceber alguns dos seus pontos menos positivos, tanto internos como externos, muitos deles que se estendiam de anos anteriores e, por isso, podem ser mais difíceis de alterar.
Sinto que a forma como a ADESL tem sido gerida ainda sofre de algumas lacunas, não porque as antigas direções não tinham capacidade para tal, mas sim porque este é um problema crónico desta casa. O facto dos dirigentes não terem o hábito de se dirigir à sede diariamente, porque não faz parte da sua rotina – ao contrário de uma Associação de Estudantes, onde a sua sede é na instituição onde têm de se dirigir diariamente – faz logo com que alguns membros não se sintam tão incluídos neste projeto. Cabe a quem está a liderar que os puxe e os motive para contrariar esta tendência, pois é isto que tem faltado nos últimos anos.
Para além disto, eu e a minha equipa chegamos à conclusão que ainda é preciso trabalhar na comunicação da ADESL. Precisamos de apostar numa atualização contínua do nosso website e numa forte dinamização das nossas redes sociais, sendo essa a forma mais eficaz de chegarmos ao nosso público-alvo. É importante percebermos onde temos menos alcance e pensar em estratégias para que possamos crescer ainda mais.
8. Quais foram as principais adaptações a fazer devido à pandemia?
Todo o processo desde o início desta pandemia tem sido uma adaptação. Nunca tínhamos vivido isto no passado e não sabíamos muito bem com o que contar. Não tendo possibilidade de continuar com os Campeonatos das modalidades convencionais, vimo-nos numa situação em que era preciso inovar.
Toda a situação abriu portas para o mundo dos eSports, algo que desde há 1 ano tem vindo a crescer e a ganhar força em Portugal e, mais especificamente, no Ensino Superior. Vimos isto como uma oportunidade de continuar com a nossa atividade, começando alguns torneios experimentais nesta vertente, para perceber o que funcionava e o que não funcionava. Agora para 2021, contamos poder começar com os CUL de eSports, adicionando assim novas modalidades à nossa oferta para chegar a mais estudantes do Ensino Superior. Como consequência, e com a oportunidade de podermos iniciar a época 2020/2021, precisámos de ter algumas precauções, criando e implementando o nosso plano de contingência.
Começámos por fazer uma revisão aos procedimentos de jogo, designando delegados da ADESL para todos os jogos, que são responsáveis por garantir a higienização dos espaços e a segurança dos participantes, e claro, com os próprios atletas e equipas e os árbitros. Todos os jogos passaram a ser feitos à porta fechada, o que nos levou a tomar a decisão de os transmitir para que os adeptos tivessem oportunidade de ver as suas equipas a jogar. Tudo isto contribuiu para uma nova organização interna que não tínhamos antes porque não era necessário. Por fim, também demos oportunidade às equipas de testarem os seus atletas e fazer o rastreio de casos de Covid-19.