Com 15 anos de carreira, Linda Martini é um nome que entoa no panorama da música portuguesa. Da formação atual da banda fazem parte quatro dos seus cinco membros fundadores – André Henriques, Cláudia Guerreiro, Hélio Morais e Pedro Geraldes. Após o lançamento do último disco, que se fez acompanhar pela grande revelação da origem do nome da banda no ano passado (mistério escondido durante muito tempo), a Mais Superior fala com o Hélio Morais para descobrir que mais segredos esconde o grupo.
Já percorreram o país, de norte a sul, em concertos. Houve alguma atuação que vos marcasse mais?
Sim. Talvez a primeira vez que atuamos no Coliseu de Lisboa sozinhos, foi algo muito forte.
Por ser um local grandioso?
Sim, é uma sala que nem nas nossas expectativas mais otimistas esperámos tocar. Quando lançámos o primeiro disco, acabámos por fazer logo o concerto de apresentação com casa cheia, foi uma experiência incrível.
E estão ansiosos por algum concerto?
Os maiores que temos agora é no NOS Alive, no dia 12 de julho, e no EDP Vilar de Mouros, no dia 24 de agosto. Vão ser concertos muito importantes para nós e estamos a preparar-nos para eles também. Depois também temos mais coisas boas para o final do ano que serão muito importantes.
Podes revelar quais são?
Ainda não.
Há algo que possas revelar do que vão fazer futuramente?
Começámos a trabalhar este mês para um novo disco. Mas achamos que só sairá para o ano que vem. Vamos anunciar em breve o que vamos fazer.
Qual é a música que para vocês possui a mensagem mais forte?
De uma forma metafórica não me direciono muito através das letras, mas de feeling foi a Gravidade, uma música que nem sequer lançámos como single antes de sair o álbum. Era a música mais pesada e barulhenta do álbum, não sabíamos muito bem o que esperar, mas foi uma música que correu muito bem.
A Boca de Sal foi uma música que também correu muito bem. Foi o primeiro single oficial e é uma música que as pessoas também gostam muito. Passa energia e a vibe de todo o álbum, acaba por ser quase uma síntese do nosso último disco.
Como é a vossa dinâmica de trabalho?
Normal. Ensaiamos, vamos compondo todos juntos… Claro que há vezes que já vêm com uma música composta de casa e depois estruturamos tudo juntos, o mais banal de uma banda de rock.
Costuma ser como um brainstorming?
Sim. Quando são músicas demasiado pessoais acabam por não entrar no álbum, acabam por ficar discos de cada um.
Após 15 anos de Linda Martini, sentes que algo mudou?
Vamos ou tentamos fazer abordagens diferentes de disco para disco. Somos uma banda rock que tem uma forma de encaixar as vozes e que, por vezes, remete para algo mais próximo do fado. É um pouco isso que nos distingue melhor ou pior porque facilmente consegues identificar como Linda Martini. Mas fomos mudando em termos de composição, fomos mudando de disco para disco e tentamos não repetir. Neste último disco temos um equilíbrio bom, tentamos sempre fazer algo diferente, mas nem sempre conseguimos. Às vezes pensas que estás a fazer algo diferente mas para quem está habituado a ouvir-te até bate certo com aquilo que estavas a fazer antes.
Quanto à banda, tivemos de mudar obrigatoriamente porque até 2008 éramos cinco e passámos a ser quatro. Teve de haver um reajuste das posições de cada um na banda e com o passar dos anos vais te conhecendo melhor, vais conhecendo melhor os teus companheiros de banda, vais sabendo que “calos não pisar” e acaba por ser mais fácil. Como são relações mais longas, se calhar é agora mais forte do que era no início porque a banda não era o foco principal de toda a gente, estávamos todos na faculdade, a carga atribuída à banda era outra. É a vida a acontecer de forma normal. A nossa banda funciona muito como funciona uma relação entre um casal. Há relações que têm de ser cuidadas, que vão mudando e se reajustando e tudo se processa assim.
“Não sei o que fizemos ou o que temos feito, não somos nada calculistas naquilo que fazemos, mas tem saído bem”
Como se juntaram?
Já tínhamos bandas desde há muito tempo e já tinha tocado com todos eles. Tinha uma banda com a Cláudia entre 1997 e 1999. Com o Pedro já tinha tido uma banda em 2000, cantava na altura nessa banda e ele tocava guitarra. Com o André já tinha uma banda desde 1999, que foi a banda que deu origem aos Linda Martini, que na verdade era eu, o André, o Sérgio que já não está na banda desde 2008 e mais duas pessoas. Portanto, já tínhamos todos bandas há mais de 20 anos.
Ao longo destes 15 anos, o vosso público e fãs foram-se renovando. Consideram que isso acontece por terem mantido uma essência jovem, com a mesma vertente musical?
Não sei se é jovem. Nem sei. Acho que havemos de ter qualquer coisa que mantenha também o público mais da nossa idade. Estamos quase todos nos 40, mas acaba por ser interessante perceber que aqueles que eram da nossa idade continuam a apoiar, mas há muita gente nova logo na primeira fila dos concertos. Se calhar, as pessoas mais velhas foram transmitindo o gosto para as outras e assim sucessivamente. Haveremos de estar a fazer qualquer coisa que continue fresca para quem é novo e decida acompanhar a banda, mas também não desilude quem já segue a banda há muito tempo. Não sei o que fizemos ou o que temos feito, não somos nada calculistas naquilo que fazemos, mas tem saído bem (risos).
O que vos faz continuar juntos após 15 anos?
Para já, temos coisas para fazer juntos, gostamos de estar uns com os outros, de tocar juntos, da banda… É algo que construímos em alturas com muito suor e esforço, a gerir coisas da vida que, por vezes, são complicadas. Portanto, é como cuidar de um casamento, enquanto há amor continua-se.
[Foto de destaque: Linda Martini/Instagram]