Com o mês de maio vem a Eurovisão, onde Conan Osíris, sai d’ “o jardim” de Portugal para “estragar o telemóvel” por Israel. Ainda por terras nacionais, surgem novidades entre as duas ex-compositoras portuguesas deste concurso. Luísa Sobral, que “amou pelos dois”, junta-se a Isaura, numa canção que transmite a mensagem de que uma estória não deixa de ser bonita, apesar de incompleta.
Isaura contou à Mais Superior como surgiu esta colaboração e a essência do seu trabalho musical.
Como surgiu o teu amor pela música?
Desde sempre que me lembro do fascínio pelos sons, pelos ritmos, pelos acordes que podiam fazer-te sentir triste ou feliz com uma simples inversão. A vida sem banda sonora não seria a mesma coisa.
Como são os teus momentos de criação? Onde vais buscar inspiração para as tuas canções?
Acho que a inspiração vem daquilo que vou sentindo e do que vou observando. As minhas canções são na sua maioria muito biográficas, no sentido em que vivi ou vi de muito perto o que escrevi.
O que mais desejas causar no público com a tua música?
Emocionar, acompanhar, criar uma relação de coexistência em que me torno a banda sonora de alguém, tal como tantas outras canções e artistas se tornaram a minha.
Como defines o teu trabalho musical?
Acho que, cada vez mais, se torna impossível responder a esta pergunta. Não só, o público ouve de forma muito mais eclética, como eu também, me sinto influenciada por tantos registos. Desde o synth pop, pop, indie à música eletrónica: o denominador comum é serem sempre canções.
Lançaste agora Uma Frase Não Faz a Canção com a Luísa Sobral. Como foi criar este single?
Queria muito compor e escrever com a Luísa porque achei que seria verdadeiramente inspirador para mim. E, não só foi inspirador, como o processo, em si, foi muito natural, como se o fizéssemos há anos. Acho que essa cumplicidade está muito presente na canção.
Que mensagem desejas transmitir com esta nova canção?
Que uma estória tem sempre múltiplos pontos de vista e que nunca é realmente possível contar uma história em todo o seu esplendor, porque só vemos o mundo do lugar que ocupamos e por sermos todos tão diferentes. Ainda que não seja completa, não quer dizer que a estória não seja bonita!
O facto de terem ambas passado pela Eurovisão como compositoras influenciou, de alguma forma, o desejo de criarem uma música juntas?
Já seguia o trabalho da Luísa há muitos anos e o respeito pela Luísa, enquanto artista e compositora, é bem mais antigo que as nossas passagens pela Eurovisão. Mas não deixa de ser um fator que nos aproxima. Talvez por termos partilhado essa experiência foi tão natural e fácil escrever esta música.
Este é o segundo single que editas em português. Gostavas de lançar mais músicas nesta língua? Podemos esperar mais músicas tuas em português?
Sim, tenho estado a preparar várias canções em português. Espero lançar um EP em setembro com estas minhas experiências, na busca da minha sonoridade, agora em português.
A tua participação na Eurovisão teve impacto na tua vida?
Claro. Foi um evento gigante, com mais de 200 milhões de espectadores. Ganhei experiência e pude fazer parte de algo que nos faz sentir muito pequeninos. São experiências para toda a vida.
Se tivesses de escolher entre ser compositora e produtora de música ou somente cantora e intérprete, qual escolherias?
Ser compositora e produtora.
[Foto: Cedida pela entrevistada]