Chegaste agora ao Ensino Superior e para ti universidade é viver sozinho, aulas e festas? Há muito mais para explorares, e uma das atividades em que só tens a ganhar em investir é na prática desportiva, seja de forma mais light ou para levar bem a sério. Este artigo pretende abrir os teus horizontes para o desporto universitário, com as modalidades, as competições e explicando-te porque é que esta é uma das melhores e mais importantes formas de ocupares o teu tempo.
Para cada um dos jovens que está às portas do Ensino Superior, este é um mundo que pode ser aliciante por muitas razões. O curso na área que mais gostas, a emancipação e a maior independência dos teus pais, os contactos e os amigos que vais fazer, os convívios e as festas onde vais marcar presença… Quando pensas no que é ser estudante universitário, provavelmente serão estas as primeiras coisas de que te lembras.
Mas a entrada na universidade também é uma ótima oportunidade para continuares ou começares a praticar desporto. E se não precisamos de falar sobre os benefícios que ele traz à tua saúde, o que dizer então da importância que o desporto tem para lidares com os momentos de maior stress académico? Ou do espírito que vives na prática desportiva, nos laços que crias com colegas e até com adversários, e nas competências que ganhas ao nível do trabalho em equipa?
O desporto é integração e pode desempenhar um papel muito importante ao longo do teu percurso universitário. E claro, se alimentares o sonho em ser atleta profissional, esta é uma etapa fundamental nesse processo, na qual poderás fazer parte da elite que disputa títulos nacionais e internacionais.
A Mais Superior e o Hugo Lopes Silva, até há poucos dias Presidente da ADESL – Associação Desportiva do Ensino Superior de Lisboa, falam-te das modalidades que podes praticar e das competições que podes disputar, dos locais onde te deves dirigir para te inscreveres, do calendário das provas e das oportunidades de te tornares profissional.
As modalidades
Se, à partida, há desportos que não precisamos de mencionar – como o futebol, o basquetebol, o voleibol ou o andebol, há muitos outros que provavelmente desconheces que podes praticar. De acordo com a Federação Académica do Desporto Universitário (FADU) – a entidade que gere o desporto universitário a nível nacional –, são cerca de 50 as modalidades disponíveis, entre as quais: O boxe, o bowling, o bodyboard e o surf, a canoagem, o ciclismo e a escalada, a esgrima, o hóquei, o judo e o karaté, o padel e o ténis, o râguebi, o taekwondo e o ténis de mesa, a vela ou o xadrez.
Estas são todas as modalidades que existem a nível nacional, e que carecem de confirmação junto da tua faculdade. Informa-te junto da tua associação de estudantes ou associação académica para perceberes quais são os desportos que oferece e como podes inscrever-te.
As competições e o calendário
O calendário desportivo universitário acompanha o calendário letivo, com exceção das provas internacionais como os Europeus, os Mundiais e as Universíadas, que se realizam entre os meses de junho e agosto.
No que às provas internas diz respeito, os Campeonatos Nacionais Universitários (CNU) dividem-se em dois tipos: por qualificação e diretos. De acordo com o Hugo Lopes Silva, os primeiros representam “a maioria das modalidades coletivas, em que são apurados os melhores dos três campeonatos regionais: os Campeonatos Universitários de Lisboa (CUL), os Campeonatos Académicos do Porto (CAP) e os Campeonatos da Zona Norte-Centro-Sul, onde competem as equipas que não competem em Lisboa e Porto”.
O número de equipas que se apuram em cada uma das zonas é definido pelo ranking das três zonas em cada modalidade, que tem em conta o histórico dos resultados dos últimos anos.
Já os CNU diretos são o modelo de todas as outras modalidades, onde é criado um modelo competitivo consoante o número de inscritos.
Existem ainda, do total de 50 modalidades organizadas pela FADU, aquelas que não estão enquadradas em nenhuma das competições regionais. Nessas é organizada uma prova nacional, diretamente nos CNU.
Para os vencedores dos campeonatos nacionais, há também o prémio acrescido de representar Portugal e o seu clube nos Campeonatos Europeus Universitários. Existem ainda os Jogos Europeus Universitários, que se realizam de dois em dois anos e que concentram os Campeonatos Europeus Universitários de modalidades coletivas e seis modalidades individuais. Estes jogos acontecem já em 2018, na cidade de Coimbra.
Por fim, nos Campeonatos Mundiais e nas Universíadas os atletas portugueses que marcam presença são escolhidos pela FADU e pela federação desportiva de cada modalidade.
Quero tornar-me profissional. É possível?
Nélson Évora, Fernando Pimenta e Sara Moreira são nomes do desporto português que certamente conheces. E o que têm todos eles em comum? Vitórias em anos recentes nas Universíadas! Nas modalidades coletivas também há exemplos de sucesso, como no Andebol Masculino, que em 2015 venceu as Universíadas para Portugal, com vários atletas que entretanto já foram campeões nacionais de seniores.
De acordo com o Hugo Lopes Silva, existe “uma grande ligação entre o desporto universitário e o desporto profissional, e são muitos os casos de estudantes que têm uma carreira desportiva profissional, daí que exista uma grande preocupação com a criação de cada vez mais medidas de apoio às carreiras duais e do estatuto de estudante-atleta, para que seja possível conciliar a carreira desportiva com a vida letiva”.
Quero fazer desporto mas ao meu ritmo…
Já te falámos das várias competições em que podes participar no desporto universitário. Mas e se pertenceres ao grupo de pessoas que quer praticar desporto apenas por lazer e para manter a forma? E se não tiveres interesse em fazer parte de uma equipa competitiva? O Hugo Lopes Silva refere que “o nível dos nossos campeonatos é bastante razoável, pelo que as equipas inscritas treinam frequentemente para atingir os melhores resultados, até porque ninguém gosta de perder”. Para a prática de exercício físico regular, existem “várias atividades ligadas ao desporto informal para que todos os estudantes do Ensino Superior possam praticar atividade física, como é o caso de vários torneios realizados ao longo da época desportiva”, conclui o antigo Presidente da ADESL.
O estatuto estudante-atleta
Algumas das principais instituições de Ensino Superior portuguesas têm previsto um estatuto para os estudantes que também são atletas – como a Universidade do Minho e a Universidade do Porto – que contempla situações como faltas, entregas de trabalhos, exames e avaliações e que cria um quadro regulamentar próprio para estes alunos, evitando que sejam obrigados a escolher entre os estudos e o desporto.
O Parlamento já fez uma recomendação ao Governo para que institua o estatuto de estudante-atleta na totalidade do Ensino Superior, que até à data não foi concretizada. Para já, o melhor é mesmo perguntares na tua instituição de ensino se está previsto esse estatuto.
[Texto: Tiago Belim]
[Fotos: ADESL – Associação Desportiva do Ensino Superior de Lisboa]