O Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior reforçou hoje, na apresentação do estudo A praxe como Fenómeno Social, que quer “dar a volta à praxe”.
“Valorizar as práticas e as boas práticas de integração com mais cultura e mais ciência, porque isso é verdadeiramente a tradição académica”. É esta a prioridade de Manuel Heitor, Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, para “garantir um processo positivo de integração dos estudantes”.
Estas foram declarações proferidas à Agência Lusa na sequência da divulgação do estudo A praxe como Fenómeno Social e que mostra, na opinião do principal responsável pelo Ensino Superior em Portugal, que “a praxe está enraizada”. Manuel Heitor deixou ainda a garantia de que irá trabalhar “para que a humilhação não seja uma tradição académica”.
De acordo com o trabalho agora publicado, a maioria das associações académicas concorda com a existência da praxe e opõe-se à sua proibição. Os autores defendem que o Governo deve criar uma linha gratuita e permanente de apoio às vítimas de praxe potencialmente criminosa, e garantir o acompanhamento jurídico e a isenção de custas judiciais de todos os estudantes que queiram recorrer à justiça para denunciar essas situações.
Outra das medidas pedidas ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior passa pela elaboração de um relatório anual nacional, com base em dados recolhidos pelas instituições, sobre a situação da praxe académica em Portugal, apontando os casos mais graves e sugerindo formas de intervenção.
A Associação Académica de Coimbra foi uma das primeiras a reagir, na pessoa do presidente Alexandre Amado, que não vê com bons olhos “a intromissão das instituições de Ensino Superior na integração dos estudantes, no sentido de policiar a atividade estudantil. Não é benéfico e é infrutífero”, disse à Agência Lusa. Na sua opinião, “os estudantes têm de ter autonomia e liberdade para integrarem os seus colegas e de fazerem o processo de integração de uma forma adulta, emancipada”.
O estudo A praxe como Fenómeno Social foi promovido pela Direção Geral do Ensino Superior e elaborado por uma equipa conjunta de investigadores do Centro de Investigação e Estudos Sociais do ISCTE-IUL (CIES), do Instituto de Sociologia da Universidade do Porto (ISUP) e do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES), sob coordenação de João Teixeira Lopes (ISUP) e João Sebastião (CIES).
[Fonte: Agência Lusa]