Um quinto dos estudantes universitários possui algum tipo de doença mental
Um estudo coordenado pela Universidade de Évora (UÉ), que envolveu sete instituições de ensino superior portuguesas e outras dez de sete países da Europa e da América do Sul, concluiu que um quinto dos estudantes do ensino superior sofre de algum tipo de doença mental e que quase metade foram diagnosticados após o início da pandemia de COVID-19.
“Sentimos necessidade de realizar um diagnóstico para desenvolver programas de promoção da saúde mental em ambiente académico”, disse Lara Guedes de Pinho, coordenadora do estudo e investigadora do Comprehensive Health Research Centre (CHRC) da UÉ.
Os diagnósticos mais mencionados pelos estudantes foram a ansiedade (16%) e a depressão (7%) e 10% dos participantes referiu ter ambos.
“Adicionalmente, estudos internacionais indicam que os jovens foram os que mais sofreram alterações na saúde mental no período pandémico”, referiu a investigadora do CHRC.
De acordo com a professora universitária, “75,6% apresentam sintomas de ansiedade“, sendo que, destes, “um em cada três participantes (37,8%) apresenta sintomas moderados a graves”, enquanto “61,9% apresentam sintomas depressivos, sendo 23,4% sintomas depressivos leves e 38,5% moderados a severos”. Destacam-se “o sentimento de cansaço ou ter pouca energia (42%) e alterações do sono (38%)” como os problemas que mais incomodam os estudantes.
A investigação aponta que “23% dos participantes toma medicação para a ansiedade, depressão, insónias ou outro problema psíquico, mas só metade deles já teve consultas de psiquiatria”.
Um em cada quatro inquiridos disse ter “pensamentos acerca de que estaria melhor morto ou de se ferir a si mesmo” e “27% referiu que a sintomatologia depressiva causa muita ou extrema dificuldade na vida académica/trabalho”.
“A razão mais importante para não procurar ajuda apontada pelos inquiridos é o facto de a ajuda profissional ser cara (58,5%) e o longo tempo de espera para conseguir uma consulta (50,2%)”, realçou Lara Guedes de Pinho.
A análise revela ainda que os estudantes deslocados que vão todos os fins de semana a casa apresentam menos sintomas depressivos e ansiosos e os que estão numa relação amorosa apresentam menores níveis de ansiedade.