Acesso ao Ensino Superior | Artigo de Opinião Federação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Superior
Acesso ao Ensino Superior tem sido um dos temas mais debatidos nos últimos anos, numa tentativa de avaliar o real impacto deste, principalmente após a crise pandémica, que trouxe à tona vários problemas potenciadores de resultados, no que toca às condições de acesso e da vida dos potenciais candidatos ao ensino superior.
Deparamo-nos com excelentes números alcançados no que toca às candidaturas ao ensino superior, com o aumento das notas dos exames e, consequentemente, com o aumento das médias dos cursos nas IES mas, ainda assim, os problemas já identificados do Acesso não foram solucionados com o preenchimento das vagas. Estes problemas, nomeadamente, do alojamento, da ação social e do aumento da dificuldade de ser estudante deslocado, levou a que milhares de estudantes não efetivassem a sua matrícula nas Instituições e isto deve ser uma preocupação fundamental.
A FNAEESP, como estrutura que representa cerca de 150 mil estudantes através das suas 57 associações das mais diversas instituições politécnicas, considera uma necessidade urgente a divulgação atempada das informações que são prestadas aos estudantes, para dar tempo de adaptação na cidade que os vai receber.
No que respeita aos exames, é urgente repensar o que pode ser uma prova de ingresso ou não, e qual o peso e preponderância dos exames para o término do secundário. É necessária uma forte perceção do impacto destes na vida dos potenciais candidatos.
Não podemos ditar regras que prejudiquem os estudantes, não podemos ditar regras que mostrem que há grupos de potenciais candidatos que ficam de fora, não podemos achar que uma prova de 3h pode valer mais do que um trabalho contínuo de 3 anos. Os alunos terão de realizar quatro exames nacionais para se candidatarem ao ensino superior, sendo o exame de português obrigatório e as três provas restantes definidas pelas instituições de ensino para onde pretendem ir. Mas é também ideia que as provas não sirvam para término do secundário, deixando a questão: se apenas for preciso um exame como ingresso, para que efeito servem as restantes? A resposta é simples, isto funciona como bloqueadores de acesso ao ensino superior, principalmente para aqueles que vêm do regime do ensino profissional.
Deve-se, sim, pensar em efetivar os exames como provas de ingresso, capacitar qualquer pessoa para se preparar para aquelas provas que realmente necessita pois, mais uma vez, os exames devem ser niveladores, não bloqueadores.
João Pedro Pereira
Presidente da FNAEESP