Future.Works Lisbon 22 procura talento tech em Portugal
MS- Esta era a maior conferência para o talento tech em Portugal, atualmente, o objetivo é outro. Qual é a missão desta edição e o que se pode esperar da programação da mesma?
PM- Este evento já acontece desde 2015, este ano será a oitava edição, é feito sempre com um enfoque muito grande na tecnologia e na gestão de carreiras tecnológicas, ou seja, tudo o que tem a ver com as novidades de tecnologia e com o conhecimento tecnológico. Este ano, estamos a alargar o conceito para, a partir dessa matriz base, também tratarmos mais de temas um pouco conceptuais à volta daquilo que, atualmente, denominamos gosto pelo trabalho. Já não é só a questão tecnológica, tem a ver com todas as mudanças que se realizaram, sobretudo com o trabalho remoto que trouxe um conjunto de questões e que são colocadas e exploradas. É o caso da semana de quatro dias, as questões da flexibilidade e do equilíbrio vida – trabalho, e também com uma outra vertente que se destina a pessoas que se querem reverter para uma carreira tecnológica. Não só as que possam, por exemplo, não ter um curso superior, mas incluindo quem tem curso superior, mas não se formou na área tecnológica, e que procure outra oportunidade, por várias razões. Desde a falta de empregabilidade das áreas em questão ou por quererem, efetivamente, mudar o rumo e enveredar por uma carreira tecnológica. Portanto, é um conceito mais vasto, mas mantém a matriz base.
MS- Quais são as expectativas para este novo conceito?
PM- As expectativas são sobretudo no sentido de largar a discussão de outros temas, mas também abranger outros públicos. Os públicos-alvo deste evento sempre foram profissionais de tecnologia e empresas que estão a recrutar. Agora queremos trazer mais responsáveis de empresas que não estão necessariamente ligadas a recrutamento, desde staff até pessoas ligadas à inovação. As temáticas, de como gerir num contexto de enorme aceleração tecnológica, a própria reconversão profissional dos empregados, das empresas e até às pessoas. Muitas vezes pensa-se “se calhar devia ter uma carreira tecnológica, mas como é que faço efetivamente? Como é o mercado de trabalho tecnológico?”. A missão aqui é juntar mais gente em volta desta temática, que diria que é a principal temática, e como é que em Portugal embora o evento também tenha uma lógica internacional, se consegue alavancar e fazer crescer ainda mais.
MS- Qual é o papel que este evento tem para o futuro dos jovens e, por sua vez, para a evolução da área tecnológica?
PM- Muitas vezes as pessoas, inclusive os jovens, estão indecisos, até na escolha do próprio curso. Há muitos eventos, até nas próprias universidades, que mostram como é e como não é esta área, mas raramente há a possibilidade de se meterem dentro de um contexto profissional. Este evento é, para os jovens, uma experiência nova que lhes dá a oportunidade de falar com empresas, de poder ver os processos de recrutamento, como é a tecnologia na realidade, para além daquilo que são as cadeiras dos cursos. Estudei engenharia informática no Técnico e lembro-me que, na altura, quando saí era um bocadinho diferente daquilo que eu imaginava. Aqui têm a oportunidade de saber quais são as várias saídas profissionais na tecnologia, já que são um mundo de opções. Há aqui três partes, sobretudo, ligadas aos jovens que quiserem, efetivamente, conhecer como é o ambiente de trabalho, sobretudo, no que se refere às opções que têm, como e onde se devem dirigir, enquanto ainda estão a tirar os seus cursos. Permite-lhes ter uma melhor noção de como será e é mais relevante do que ler um currículo de um candidato. Por fim, sobretudo, para as pessoas que se começam a aproximar do final do seu curso, seja no primeiro nível ou no segundo nível, para começarem a preparar e a pensar efetivamente “o que vou fazer, quem é que vou conhecer, as empresas que vou conhecer, as realidades que vou conhecer” e falar com os colegas, fazer networking, portanto, toda a lógica depois da entrada no mundo do trabalho, seja em Portugal ou lá fora. A parte de skilling é uma excelente oportunidade para as pessoas poderem ter um contato real com aquilo que vão enfrentar quando terminarem os seus cursos.
MS- Como chief marketing officer da Landing.Jobs, quais são os tópicos mais importantes que serão debatidos durante o evento?
PM- A discussão sobre o futuro do trabalho mais conceptual, sobre as semanas de 4 dias, o impacto do trabalho remoto nas organizações, a necessidade – ou não – de haver uma forma diferente de encarar o próprio papel de tecnologia entre as organizações a nível, não só da gestão dos recursos humanos, mas também o impacto que tem no negócio. Temos sempre o interesse de trazer algumas das últimas tendências, não só ligadas a tecnologias, que são mais comuns, mas de JavaScript, por exemplo, que é um outro mundo dentro do mundo da tecnologia. Como por exemplo, a computação fúngica, onde falamos de conceitos completamente abstratos, ou a computação quântica, ou seja, estamos sempre a dar uma perspetiva de algo que é real, de coisas que podem vir a acontecer no futuro. Temos também uma grande componente de gestão de carreiras seja, como se deve efetivamente gerir uma carreira no mundo pós-pandemia e todas as lógicas de trabalho remoto, bem como a utilização de equipas distribuídas. É um espaço que dá lugar às próprias opções de desenvolvimento pessoal, ou seja, se as pessoas devem especializar-se em tecnologia ou se devem seguir uma carreira mais ligada à gestão. Tentamos cobrir um leque muito abrangente de tópicos que possam interessar, de forma mais generalizada, a toda a gente.
MS- O mercado de trabalho está cada vez mais competitivo, de que forma é que os jovens podem apoiar-se neste tipo de iniciativas para conseguirem progredir na carreira?
PM- Para conseguirem entender o que de facto querem fazer, estas iniciativas acabam por ser muito importantes.
MS- Como vão funcionar as ações de recrutamento durante o evento?
PM- É a componente mais simples. Vão lá estar mais de 40 empresas de topo a recrutar, desde juniores a seniores. É ir falar com as pessoas e ir às entrevistas que estarão disponíveis. Falar com empresas, com colegas, criar redes, criar networking porque isso, mais tarde ou mais cedo, vai ser muito útil. O mundo, muito embora, esteja ligado à forma imediata e instantânea, às vezes faz falta a ligação pessoal. Efetivamente, conhecer as pessoas cara a cara e criar relações, na prática. Embora o evento também tenha componente online, que serve sobretudo para as pessoas que estão fora de Portugal. Falem com as pessoas, com as empresas, participem, bebam um copo lá a debater sobre qualquer coisa. Não é voltar ao passado, mas é o complementar desta componente mais tecnológico e imediatista, incorporando uma componente humana e mais emocional. Aliás, as tendências, quer do mundo do trabalho, quer na própria sociedade, estão cada vez mais a equilibrar-se, no sentido em que se dá mais valor a esta componente humana. O evento passa por tentar juntar as pessoas, juntar as várias entidades e meter toda a gente a falar o máximo possível e divertirem-se que, já agora, também é importante.
MS- Num contexto em que o mercado de trabalho está cada vez mais competitivo, de que forma os jovens podem apoiar-se neste tipo de iniciativas para se diferenciarem?
Portugal, infelizmente, tem um sistema e uma cultura de ensino que privilegia o canal único. Embora se fale que as pessoas são cada vez mais flexíveis, sinceramente, não é verdade.
A cultura continua a ser centrada em “entras no curso X, então vais ser X”, mas a polivalência, não só a nível dos saberes técnicos, mas também a nível dos saberes humanos, é cada vez mais relevante na hora de saber se uma pessoa vai conseguir ter mais ou menos sucesso.
Mais ou menos sucesso não é necessariamente ganhar mais ou menos dinheiro, muitas vezes, é sentir-se feliz e realizado com aquilo que está a fazer, mas é uma opinião pessoal. Os cursos de formação e a própria sociedade devem formar, sobretudo, para adaptabilidade num mundo cada vez mais remoto e multicultural.
A capacidade de construir a carreira profissional de uma pessoa, que é parte muito importante da vida de uma pessoa, de forma a conseguir maximizar a sua sensação de realização de satisfação e equilíbrio. Neste evento, uma das coisas que se fala muito é, precisamente, nessa capacidade, não há só naquele caminho que tens que seguir até ao fim da tua vida. Um dos nossos mantras é que o nascimento de uma carreira, deve partir por ela própria e não pelas circunstâncias exteriores. Obviamente que há sempre uma relação com o exterior, com as empresas, com a sociedade, mas é a própria pessoa que tem que ter a capacidade de poder e a vontade de fazer a sua própria carreira. Ter a noção de que o nosso caminho tem de ser construído e não nos é dado. Esta é uma competência fundamental, tal como não ter medo. Ter a capacidade de arriscar e saber aprender, não só no curso, mas aprender a adaptar-se, a comunicar.
A sociedade, as empresas e as próprias universidades devem ajudar os jovens a ter melhores respostas, a saber fazer melhores questões, sobretudo, a si próprios. Também se aprende a aprender, mas também se aprende a ser curioso. Quando acabei o curso, o caminho era relativamente assim: sair-se do Técnico e vai ter gravata, vai para uma consultora ou para empresas mais tecnológicas. Atualmente, felizmente, os jovens já têm uma noção de que o mundo é muito mais aberto do que há 20 anos e ainda bem.
A Mais Superior tem um código promocional para teres a oportunidade de experienciar este evento:
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