“Fazemos já muito mais do que a maior parte dos organismos do Estado”, afirma autarca de Braga
O ISAG – European Business School foi palco da conferência “Vícios, virtudes e outros temas da Comunicação Autárquica” que se realizou, no dia 16 de julho, entre a Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos e o Presidente da Câmara Municipal de Braga, onde a descentralização e a regionalização foram os dois temas protagonistas.
O Presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, afirmou que está a decorrer a “discussão de uma descentralização que é quase inócua” e exemplificou “saber se vai gerir ou não vai gerir meia dúzia de funcionários, se vai ou não vai mudar as lâmpadas nos estabelecimentos ou se vai fazer as reparações”.
Ricardo Rio acrescentou ainda:
Na verdade, aquilo que tem impacto direto na vida das pessoas, nas respostas ao nível da saúde, nas respostas ao nível das políticas sociais, nós fazemos já hoje muito mais do que a maior parte dos organismos do Estado central fazem e nunca se conseguiu passar bem essa imagem. Porque a verdade é que continua a ser conveniente passar aquela ideia de que os autarcas são aqueles jovens que andam a fazer rotundas, a fazer festas e coisas do género, porque é isso que entretém a população.
Assim, o autarca defendeu ainda a necessidade de trabalhar num “próximo modelo” de regionalização que passa “capacitar as estruturas que existem e dotá-las dos meios para decidir, para servir melhor a população” e ainda reforçou a ideia partilhada pela Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Luísa Salgueiro, sobre o reforço das CCDR e das CIM, em alternativa à regionalização. A autarca questionou “qual é a alternativa que nós temos? É trabalharmos mais com as CCDR, empoderar as CCDR, dar-lhes mais recursos e competências e sustentar e reforçar o modelo das Comunidades Intermunicipais“.
Afirmou ainda que “o modelo das CIM pode não ser o melhor, mas também não podemos estar sempre a alterá-lo”.
O debate moderado por Carlos Magno, que assinalou o fim a primeira edição da Pós-Graduação em Comunicação Autárquica do ISAG, deu oportunidade aos dois autarcas de dar a conhecer as particularidades de cada um dos municípios. Se por um lado, a Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos priorizou a proximidade à cidade do Porto e destacou as grandes áreas construtivas e verdes, a forte rede de ligações marítimas, ferroviárias e viárias, a ligação à arquitetura. A autarca também referiu a tradição e inovação associadas ao mar, a presença de grandes empresas e diversas tecnológicas. Para além disso, salientou a necessidade de saber balançar atratividade internacional e qualidade de vida local:
Um dos grandes desafios e dificuldades que temos neste momento é tornarmo-nos atrativos, competitivos, sermos respeitados para quem nos visita, mas não deixarmos de respeitar quem nasceu ou cresceu nas nossas cidades. Caso contrário, estamos a correr o risco da gentrificação e depois não temos uma identidade, uma tradição e uma memória que são essenciais para o futuro.
Por outro lado, Ricardo Rio, vê braga como “a cidade mais dinâmica e vibrante do país” e “a que mais está a promover o crescimento do país”. Deu como exemplo o incremento da atratividade internacional da cidade, mas concordou com a abordagem de Luísa Salgueiro em relação à necessidade de equilíbrio: “nunca quisemos seguir um modelo de desenvolvimento que pusesse em causa a qualidade de vida das pessoas locais”.
O Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte e ex-autarca também esteve envolvido neste programa, durante a abertura da sessão, rendo relembrado a forte ligação entre as duas áreas da Pós-Graduação: “comunicação e política são irmãos siameses, são realidades indistintas, e quem não compreender isto não compreende a natureza da política”.
A par desta ideia que nasce da ligação entre a comunicação e a política, o ISAG prevê para o ano de 2023 uma nova edição da Pós-Graduação em Comunicação Autárquica.