Cientistas descobrem como tsunami global de Tonga “saltou” de um oceano para outro – IDL Ciências ULisboa e IPMA lideram estudo publicado na Nature
O Instituto Dom Luiz da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Ciências ULisboa) e do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) lideram um estudo publicado na Nature, cujos cientistas descobriram a explicação por detrás da geração e propagação do tsunami incomum, ocorrido após a explosão colossal do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha’apai, em Tonga.
O artigo “Global Tonga tsunami explained by a fast-moving atmospheric source” é da autoria de Rachid Omira e assinado por Ricardo dos Santos Ramalho, Jihwan Kim, Pablo J. González, Usama Kadri, Jorge Miguel Miranda, Fernando Carrilho e Maria Ana Baptista.
A erupção do vulcão em Tonga que provocou um tsunami no sul do Pacífico foi considerado pelos cientistas algo “excecional” e que exibiu um alcance global, uma velocidade de propagação mais alta e alturas de ondas inesperadas, no campo distante; por outro, teve uma duração sem precedente.
Rachid Omira, investigador do IDL Ciências ULisboa e do IPMA, refere que “a violenta explosão do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha’apai no Pacífico Sul originou ondas atmosféricas percetíveis e um tsunami global excecionalmente rápido com dissipação mínima no campo distante” e acrescenta que:
Esta foi a primeira vez que um tsunami desencadeado por um vulcão foi registado globalmente por instrumentação moderna e densa em todo o mundo, proporcionando uma oportunidade única para investigar os processos de acoplamento ar/água na geração e propagação do tsunami.
Ao analisar dados de satélite, de nível do mar e atmosféricos em todo o mundo e conseguiram demonstrar, com recurso a modelos numéricos e analíticos, os cientistas conseguiram verificar que o tsunami foi impulsionado por uma onda (atmosférica) de gravidade acústica, causada pela explosão do vulcão e que viajou várias vezes pelo mundo.
O autor contou que o mais desafiador desta investigação foi por ser completamente diferente dos tsunamis comuns e mencionou que a onda atmosférica em movimento rápido, capaz de excitar a superfície do oceano e “bombear” energia, foi a explicação encontrada pelo grupo para que este tsunami tenha “saltado” de um oceano para outro, atingindo a costa portuguesa dez horas antes do esperado.