O Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa, que pertence ao Instituto Politécnico de Lisboa, já conta com mais de 270 anos de história e que, cada vez mais, tem os olhos postos na sociedade portuguesa e no mercado de trabalho, preparando os seus alunos em profissionais especializados para responder às suas necessidades. Dr. Pedro Pinheiro, professor doutorado e antigo estudante, é o novo presidente do ISCAL e concedeu-nos uma entrevista onde abordou as suas motivações que levaram à presidência desta instituição, os objetivos e as estratégias que quer estabelecer, e como quer que o ISCAL seja visto, quer internamente, quer pelo externamente, no final deste mandato.
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O Sr. Presidente já foi estudante do ISCAL e agora é o dirigente desta instituição. Quais foram as suas motivações para se candidatar à presidência do ISCAL?
Há duas naturezas diferentes de motivação. Há uma que é de ordem pessoal, manifestamente, que tem a ver com o que referiu, que é o facto de eu ter sido estudante, de estar aqui há 25 anos. Portanto, há aqui uma motivação e uma ligação sentimental e de proximidade à faculdade, o que faz com que seja mais fácil tomar a decisão de me candidatar. Esta é uma das motivações. Obviamente, não é a mais importante, porque aqui mais do que a questão pessoal há aqui questões de natureza mais operacional que queremos fazer e em que nos revemos e, portanto, há aqui esse lado que eu não posso descurar que está relacionado com o querer fazer algo pela instituição, o desígnio de querer melhorar. No fundo, deixá-la melhor do que a encontrei, quando me candidatei. Portanto, há estas duas grandes questões de natureza completamente distintas, mas que me levaram a tomar esta decisão e a candidatar-me a este lugar.
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Quais são as estratégias que irá adotar para fazer crescer o ISCAL?
Existem aqui alguns eixos que permitem às instituições de ensino superior crescer e o ISCAL não é diferente das demais. Há aqui logo um eixo, o eixo de formação e de investigação e não só a questão da investigação, mas a da inovação e transferência de conhecimento. São eixos que aqui no ISCAL queremos desenvolvê-los, torná-los mais dinâmicos com maior notoriedade. E, paralelamente, existe a questão de ligação à comunidade, termos a capacidade de nos aproximar ainda mais, porque o ISCAL é uma instituição que está bem localizada no tecido empresarial, na sociedade civil, e queremos estabelecer mais pontos, trabalhar de uma forma mais próxima com essas organizações e dar respostas a muitos dos problemas que também hoje sentem. Eu não vejo, por princípio, o ensino superior a desligar-se daquilo que é a nossa sociedade, eu vejo o ensino superior ligado à sociedade e este é outro dos eixos. Dividindo em dois grandes aspetos que se interligam sempre a questão da formação e investigação, por um lado, a questão dessa mesma investigação e formação na sua componente de ligação à comunidade, por outro. Estes eixos aumentam a notoriedade da instituição na sociedade portuguesa e no contexto internacional.
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A seu ver, quais são os fatores caraterísticos que distingue o ISCAL das outras faculdades que têm uma oferta formativa semelhante?
Em primeiro lugar, há um legado histórico que não podemos deixar de assumir que o ISCAL é uma instituição que tem mais de 270 anos de história e, desde sempre, teve uma preocupação muito grande, não só com o que se costuma designar “saber saber”, mas também com a questão do “saber fazer”. E esse continua a ser uma tónica muito acentuada na formação que o ISCAL oferece. Uma formação assente em bases científicas e teóricas sólidas, mas com um grande foco na componente prática. Ou seja, tendo em vista quais são as necessidades do mercado e o que é que um estudante num determinado perfil formativo precisa de ter como competências para que essa inserção no mercado seja não só rápida, mas também confira a possibilidade de poder depois ter a carreira que ele sempre estudou. Temos aqui duas questões de empregabildidade, do ponto de vista quantitativo, mas também temos a questão de empregabilidade de uma perspetiva qualitativa. Uma coisa que tentamos sempre passar aos nossos estudantes, não só a componente teórica e científica, que tem de ser sólida, até por uma questão de progressão de carreira, mas também nunca perder de vista qual é a aplicação prática daqueles conhecimentos. Portanto, um dos traços distintivos é sem dúvida a questão da aplicabilidade do conhecimento que nós transmitimos e a aplicabilidade das competências que os estudantes desenvolvem no mercado de trabalho. Este é o traço mais marcante e o que nos distingue de algumas outras instituições que oferecem na mesma área.
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O que é que aprendeu com os anteriores presidentes do ISCAL que poderá ser importante para a sua legislatura?
Tudo. Eu tive o prazer de ter conhecido 7 a 8 presidentes e tive o prazer de ter trabalhado com os últimos 4 presidentes. Todos eles contribuíram para a minha formação, bem como para a pessoa e para o profissional que eu sou hoje. Iniciei estas funções, cargos de dirigentes, com pouco mais de 34 anos e tive o privilégio de trabalhar com 4 presidentes, todos eles completamente distintos. Presidentes com competências muito operacionais e que tiveram carreiras de sucesso em empresas multinacionais e presidentes que são académicos, têm uma carreira científica de grande relevo. Eu acho que tive a sorte e sinto-me privilegiado de “beber” e de aprender conhecimentos desses dois mundos. Ou seja, por um lado, perceber qual é a perspetiva que o ensino superior traz para alguém que tem ou que teve uma carreira profissional relevante numa multinacional. E, por outro, ter tido trabalhado com presidentes que fizeram a carreira académica, que são hoje investigadores de relevo e que me trouxeram a abordagem de alguém com um percurso e com um perfil científico e que têm uma perspetiva específica do que é o ensino superior. Acho que hoje o Pedro, o presidente, é muito isso. Ter tido a hipótese de perceber que há duas perspetivas tão díspares. Com estas vivências, consegui ganhar aqui, quer do ponto de vista da abordagem, quer do ponto de vista até das competências que eu desenvolvi, um conjunto de skills que permitem olhar para isto de uma forma mais equilibrada e tentando aqui fazer coabitar estas duas perspetivas. Por isso, o que é para mim mais importante é que o ISCAL continue a reforçar a sua ligação aos stakeholders. Continue a olhar para a sociedade e perceber que é preciso construir pontos para com a sociedade. E muito disto vem desta experiência.
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Quais as alterações que gostaria de implementar no ISCAL durante o seu mandato?
Algumas. Gostava de equacionar um pouco a questão de uma parte da nossa oferta formativa, sobretudo, a oferta formativa não conferente de grau. Quero que seja uma realidade completamente disseminada no ISCAL neste mandato, que sejam ofertas formativas que tenham uma postura “agressiva” no mercado. “Agressiva” no sentido de serem ofertas formativas que perdurem muitos anos, têm de ser ofertas formativas que dão resposta aquilo que são as necessidades do mercado em determinado momento daí que as equacione sempre em parceria com empresas ou com organizações da sociedade civil. Estas parceiras permitem-nos, também, e de uma forma mais cuidada, perceber quais são as reais necessidades daquele momento. A nível da formação conferente de grau – licenciaturas e mestrados – queria que passássemos por um processo de requisição dessa mesma formação e que pudéssemos perceber o que é que podemos melhorar. Ou seja, há muitas coisas que fazemos bem e agora é perceber onde estão as tais franjas que permitem esta tal inovação que eu referia, aonde é que vamos conseguir incutir elementos diferenciadores naquilo que oferecemos. Nomeadamente, elementos de maior proximidade à empresa, elementos de maior internacionalização, elementos de maior disrupção do ponto de vista das práticas pedagógicas. Portanto, estas são as duas mudanças que eu gostava que no final do meu mandato pudesse dizer que consegui implementar, ou pelo menos, conseguimos iniciar o processo em que estas questões se tornem uma realidade. Gostava que o ISCAL, daqui a 4 anos, fosse olhado, quer externamente, quer internamente, como uma instituição que progrediu nas diversas perspetivas, que o ISCAL está melhor do que estava há quatro anos.
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Que mensagem gostaria de transmitir aos alunos que frequentam o ISCAL?
Acima de tudo, uma mensagem de confiança, porque acho que fizeram a melhor escolha que deviam ter feito. Eu acredito, de uma forma muito convicta, que o ISCAL é uma das melhores instituições do ensino superior na área em que temos a oferta formativa para que os alunos consigam prosseguir os estudos quando acabam o ensino secundário. Há uma mensagem de confiança e esta assenta em elementos objetivos. Uma confiança assente na elevada taxa de empregabilidade, que ronda os 100%, e esta é o reconhecimento externo daquilo que fazemos, porque estamos a fazer bem, porque o mercado está a absorver os perfis que nós formamos. Uma mensagem de confiança porque nós acreditamos na qualidade das pessoas que connosco trabalham e, por isso, temos plena confiança no processo de ensino, de aprendizagem, do desenvolvimento de competências que é feito pelos estudantes e que vai ao encontro das expetativas, quer dos alunos quer da nossa. E, por último, uma mensagem de confiança porque eu penso que são as gerações, que estão agora a terminar o ensino superior, que vão ter a capacidade de moldar o que vai ser a sociedade no futuro. E, uma vez mais, eu acho que nós temos muito bons estudantes hoje em dia e temos pessoas que saem com uma capacidade e com um conjunto de competências muito bom. Há uma mensagem de confiança, não só relativamente ao que o ISCAL faz, mas relativamente a esta geração, que é uma geração com um conjunto de competências muito interessante e que vai ter a capacidade de mudar a nossa sociedade para melhor e para prosperar.