Portugal esteve em grande destaque ao longo deste ano na indústria cinematográfica, com atores e atrizes a somarem prémios e distinções internacionais, com a primeira série portuguesa a estrear na Netflix e, agora, terminamos o ano em grande com a estreia de Irregular, realizado por Diogo Morgado.
Fomos assistir à antestreia do filme que retrata a história de um homem com uma família feliz, cuja vida colapsa quando vê a filha ser raptada. Fomos conversar com Diogo Morgado, Pedro Teixeira, o protagonista e Maria Botelho Moniz.
Diogo, porque fizeste esta aposta no cinema português?
“Há muita gente que fala e não faz, eu prefiro fazer, mesmo que esteja mal, eu faço. Fazer é muito mais difícil do que falar. Eu e o meu irmão decidimos por mãos à obra e acreditar. (…) Antes de ousar sonhar com contar histórias como forma de vida, eu já sabia o poder delas. Acredito piamente que uma história pode mudar a vida de alguém.”
Esta produção 100% portuguesa conta com caras bem conhecidas no elenco, como Carla Chambel, Maria Botelho Moniz, João de Carvalho, Júlia Belard, Diogo Faria, entre outros…. A escolha dos atores foi imediata?
“90% dos atores que nós pensámos inicialmente foram os atores que fizeram o filme.” explica Diogo.
Para Pedro esta não foi uma estreia em cinema, mas foi um papel exigente, “Neste filme, sei que está o meu melhor, dei tudo o que tinha e fui muito bem dirigido. Esse apoio por parte do Diogo, de toda a equipa e dos meus colegas atores, colocaram-me naquele que para mim é um dos meus grandes papéis enquanto ator.”
Este filme deixou-nos presos ao ecrã desde os primeiros minutos pela sua intensidade e surpresas constantes, quando pensávamos ter desvendado o mistério, eis que Diogo nos troca as voltas novamente e nos deixa em suspense ate ao último minuto.
Diogo, para além de realizador, também escreveu o argumento juntamente com o irmão, Pedro. “A narrativa é tudo menos linear, daí o nome Irregular, tanto em termos de narrativa, como também nas personagens.”
Se o argumento é irregular, a vida, por vezes também o é, será que há alguma inspiração em factos verídicos?
O argumento começou por ser escrito desta maneira: “Mano, qual era a pior coisa que te poderia acontecer na vida? Nós os dois somos pais, portanto, a resposta é: qualquer coisa que mexa com os nossos filhos. Isto acabou por ser os primeiros dez minutos do filme e o ponto de partida do argumento: o pai a ver a filha a ser raptada.”
Se o filme, por vezes nos deixou sem saber o que pensar, o que dirão os atores?
Pedro quando recebeu o argumento sentiu “uma confusão! Não percebi bem, li, reli… liguei ao Diogo, e ele pergunta-me “O que é que não percebeste?” Já Maria “Quando eu recebo um guião, tento logo imaginar aquilo representado no ecrã, passei página a página e tão depressa percebia o que estava a acontecer, como já não estava a perceber nada. Este é um thriller que te mantém em suspenso e rodar foi muito intenso.”
Pedro, este é um filme intenso desde os primeiros momentos. O que é que esta personagem exigiu de ti?
Exigiu muita dedicação, concentração e uma confiança muito grande no Diogo. Eu já tinha trabalhado com ele enquanto ator e conhecia muito bem a sensibilidade que ele tinha, mas nunca tinha trabalhado com ele, sendo o Diogo realizador.
Sendo ele uma pessoa que gosta de cinema, que gosta de fazer cinema, convidar-me para ser protagonista de um filme dele, é uma honra para mim, não podia nunca dizer-lhe que não, ou sequer hesitar. Penso que foi essa entrega que ajudou ao resultado final. Este é um filme surpreendente que vive de o público não fazer spoiler, alerta o realizador.
Esta foi a primeira vez que Pedro viu o filme na íntegra, mas nem por isso deixou de ficar agarrado ao ecrã “Foram muitas emoções ao longo do filme e eu já conhecia a história! Penso que é exatamente isto que se procura num filme: viver outras emoções, viver uma experiência diferente, acreditarmos e envolvermo-nos na história e, penso que o Irregular cumpre com todos esses requisitos.”
Para a Maria, o cinema português está em alta, “Acho que as novas gerações estão a abraçar o cinema português e é muito bom ver isso, e é importante que se faça esta aposta, para que nós continuemos a ter a oportunidade de o fazer.”