Quando cantas, as tuas músicas passam para o público, um mar de sensações e emoções… Como é o teu processo criativo?
Agora que estou a trabalhar em estúdio, já aprendi a compor com outros cantores. Antes eu pegava na guitarra e começava a tocar alguns acordes soltos, e era como se esses acordes, trouxessem-me sentimentos e assim, começava a escrever as letras, em conjunto com a melodia. Este é o meu método mais natural para compor.
Nas tuas músicas e videoclipes a natureza é uma constante, seja em sons ou na paisagem. Há uma ligação muito direta entre ti e a natureza. De que forma é que a natureza te inspira ou como é que te encontras na natureza?
Eu amo a natureza, a natureza é dos lugares onde me sinto melhor e mais completa, sinto uma conexão total e isto deveria acontecer a todos os seres humanos, porque nós fomos feitos para estar na natureza. Quando eu ligo a natureza com as minhas músicas, tudo tem uma fluidez natural e tem mais harmonia e mais beleza também. A natureza é mágica.
É essa conexão que procuras quando cantas ou surges em palco tantas vezes descalça?
A primeira vez que eu cantei descalça, foi ocasional, eu só tinha um par de sapatos e não combinavam com a roupa que eu tinha, por isso decidi ir cantar descalça e foi incrível! Sinto-me em casa, parece até que canto melhor! Não sei explicar, mas de certeza que o facto de estar descalça e em contacto com o chão, dá-me a conexão de que preciso para cantar e estar de forma mais harmoniosa em palco.
Concorreste ao Festival da Canção com mais uma música incrível. Como é que surgiu esta ideia?
Fizeram-me o convite para participar, e foi numa altura em que estava sem inspiração, não estava a compor, mas tinha aquela canção. Estava muito nervosa, porque me chamaram em cima da hora e eu não gosto de festivais, nem competições. Quando eu não ganhei, as pessoas foram muito queridas a mandarem-me mensagens a dizer que eu deveria ter ganho, para não estar triste… mas, eu não estava triste, fiquei super feliz por ter participado!
Fiz amigos da música, conheci pessoas novas, pessoas muito talentosas. Estava mesmo feliz, fiz a minha parte, dei o meu melhor e tive o privilégio de ser uma artista brasileira a representar Portugal, tive esse reconhecimento.
Foste distinguida na segunda edição dos Prémios Play na categoria Lusofonia. O que é que esta distinção representou para ti? O que te fez sentir?
Fez-me acreditar mais em mim, sem dúvida! Quando no ano anterior estava a assistir à primeira edição, pensei “Eu quero estar ali, ser reconhecida pelo meu trabalho e talento.” Nunca pensei que no ano seguinte já estaria ali. Não preparei nenhum discurso, porque fui nomeada com outras pessoas realmente talentosas, por isso não contava nada ganhar, estava só feliz por estar ali. Quando ouvi o meu nome, pensei logo que deveria ter preparado alguma coisa para dizer, mas realmente este prémio provou a mim mesma que devo acreditar mais em mim e no meu trabalho.
Na sequência deste prémio escreveste nas tuas redes sociais, “a vida vai sempre trazer o que precisamos na hora certa e quando estivermos preparados.” sentes que o reconhecimento pelo teu trabalho e talento veio na hora certa?
Ai foi? Que bonito! Não me lembrava! (risos) Veio na hora certa, sem dúvida! Muitas vezes na nossa vida, nós queremos muito determinada coisa, mas não estamos preparados. Acredito que se este reconhecimento viesse há uns anos, eu não estaria preparada, nem acreditava em mim como artista, e por isso não ia senti-lo da mesma forma. O reconhecimento vem quando menos esperamos, até lá só temos de fazer o nosso melhor.
Agora estás a retomar os concertos que foram interrompidos pela pandemia, mas essa interrupção deu origem a duas canções belíssimas “Caminho” e “Senti” que transmitem uma Tainá que não tem receio em se afirmar enquanto mulher e artista. Sentes exatamente esta metamorfose, de menina e mulher, neste regresso aos palcos?
Eu era muito tímida e acreditava pouco nas minhas capacidades enquanto artista. Em 2019, puseram-me logo em grandes palcos, como o MEO Sudoeste, MEO Marés Vivas e este foi mesmo um grande desafio, pelo qual estou muito grata. Agora acredito mais em mim e sei que há sempre aprendizagens a serem feitas. A cada espetáculo eu aprendo mais alguma coisa, mas sou mais confiante e consigo desfrutar das coisas boas que acontecem.
Se tivesses de escolher uma frase para te definir, caracterizar ou aquela que levas quase como um mantra. Qual seria?
A frase que eu escrevi agora na minha música mais recente, “O tempo é lugar.”. Às vezes achamos que não estamos a fazer nada na nossa vida, mas estar à espera também é um lugar, o tempo também é um lugar, onde estamos a amadurecer, para que quando aquilo que mais desejamos acontecer, estarmos preparados. Acredito que o tempo é mesmo um lugar.