Com o peito dividido, Tainá aterrou em Portugal há quatro anos e, por cá tem somado conquistas e reconhecimento junto do público português. Participou no Festival da Canção, pisou grandes palcos nacionais como o MEO Sudoeste e MEO Marés Vivas e foi distinguida na categoria Lusofonia, na segunda edição dos Prémios Play. De menina a mulher, Tainá apresenta-se agora à Mais Superior, cheia de sonhos por concretizar e com muita maturidade na bagagem.
“Eu sei onde estou, só não me esqueço de onde vim” cantas na tua mais recente música Peito dividido. Como podes descrever-nos o sítio de onde vens?
Uau, que pergunta tão linda! Eu acredito que sou feita de todos os lugares onde vivi, e no Brasil eu vivi em muitos sítios. Quando me perguntam de onde sou eu, respondo “Sou do Brasil inteiro!” A minha família é muito grande, mas sempre retomei a Natal, no Nordeste que é de onde a minha família é, e essa viagem a casa representa sempre família unida, muita comida, união… Por outro lado, já estou em Portugal há quatro anos e acredito que já faço parte deste país e que sou realmente feita de todos os lugares onde vivi.
Vives realmente com o peito dividido! Aterraste em Portugal vinda do Brasil, com apenas 20 anos, num salto de fé e de coragem… O que esperavas alcançar no nosso país?
Eu vivo com o peito dividido, porque amo Portugal, estou aqui agora, e é aqui que quero estar e criar raízes, mas claro que tenho saudades do meu país, da minha família e de tudo o que vivi lá. Contudo, acredito que nós também fazemos os lugares onde estamos, por isso o sítio onde eu estiver a viver será sempre o meu lugar. Quando vim para Portugal, queria continuar a fazer música, mas sabia que não ia ser possível no início, porque precisava de conhecer pessoas.
Por isso, comecei a trabalhar num café, enquanto fazia um curso de Desenvolvimento Artístico, onde conheci o meu produtor, que mais tarde, me convidou para fazer trabalhos de composição, ou seja, escrever música para outros cantores, o que eu nem sabia que era possível fazer e, desta forma, as coisas foram acontecendo… Mais tarde, estreei-me a cantar para outras pessoas, músicas da minha autoria e senti “Uau, daqui para a frente só quero fazer isto!” Esta oportunidade proporcionou-me uma satisfação incrível, de tal forma que nunca mais quis cantar temas de outras pessoas.
Já viveste em vários sítios e agora estás num país diferente. Nesta tua jornada descobriste que a música sempre morou em ti, ou foi uma coisa que percebeste com as experiências que viveste ao longo da vida?
Sempre senti que a música vivia em mim, já desde que eu era muito pequena, sempre amei cantar, mas não tinha a consciência de que queria fazer disto a minha profissão. A altura em que tive uma maior consciência, foi quando fui com a minha mãe a um programa, e eu vi uma mulher a cantar e a tocar guitarra, nesse momento parece que caiu uma venda que eu tinha nos meus olhos e pensei: “Uau, uma mulher que consegue cantar e tocar, que bonito!”. A partir daí pedi à minha mãe e à minha avó uma guitarra, comecei a estudar guitarra sozinha em casa e a escrever coisas. Aos 11 anos não tinha a noção se cantava bem, cantava porque gostava e a musicalidade que eu tinha era pura e orgânica. Aos 13 anos comecei a ter aulas de guitarra e foi quando o meu professor me disse que tinha uma voz muito bonita, nesse momento pensei “Será que eu canto?!” (risos). A partir daí comecei a questionar-me se a minha vida poderia efetivamente passar pela música. Quando me mudei para São Paulo, com 15, 16 anos, comecei a ter aulas de canto e de palco e percebi que a música era o que eu queria fazer também na minha vida profissional.