Os Jogos Olímpicos terminaram no passado domingo e há exemplos de superação e resiliência de estudantes portuguesas que deves ficar a conhecer.
É o caso de Catarina Costa, a judoca portuguesa que alcançou um meritório quinto lugar na categoria de -48kg nos Jogos Olímpicos de Tóquio2020.
· Irina Rodrigues representou Portugal na modalidade de lançamento do disco e, apesar de ter ficado muito longe dos 63,96m, não esconde o orgulho de participar, pela terceira vez, nos Jogos Olímpicos.
· Aos 24 anos e 30 anos Catarina e Irina, constituem um perfeito exemplo de resiliência, talento e superação ao lutarem pela excelência no desporto de alta competição e no curso de Medicina que frequentam na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC).
Ligada ao judo desde os 10 anos, Catarina Costa, estreou-se este ano nos jogos Olímpicos, mas já soma inúmeros prémios noutras competições como seja a medalha de Ouro nos Jogos Europeus Universitários de 2018, o Grand Prix de Antalya, no ano passado, na Turquia e o Grand Slam de Brasília deste ano.
Irina Rodrigues tem 30 anos e, além de estudante do 4º ano do Mestrado Integrado em Medicina da FMUC, é atleta de alto rendimento, tendo já conquistado 11 vitórias no Campeonato de Portugal e algumas medalhas internacionais. Depois de Londres em 2012 e Rio de Janeiro em 2016, este ano foi em Tóquio que, mais uma vez, a Jovem de Leiria representou Portugal na modalidade de lançamento disco. “Não foi uma prestação positiva. Estou feliz por estar nos terceiros Jogos Olímpicos, mas gostava de ter feito um pouco mais, de ter lançado um pouco mais,” diz Irina no balanço que faz da sua prestação nos Jogos Olímpicos.
Sobre o seu percurso académico garante que “ser estudante atleta é desafiante. Além da carga horária de aulas teóricas e práticas, tenho treinos de 3h diárias, quando não são 6h. Um dia com 24h parece pouco para treinar, nutrir, descansar e estudar. Contudo, é possível estudar com um ritmo mais pausado”
Para Catarina Costa, o dia-dia também é partilhado entre estudos e treinos bidiários de segunda a sexta-feira. “Normalmente, tenho só um dia de descanso, ou na quarta ou na quinta-feira faço só um treino. No fim-de-semana, vai variando. Se a carga semanal está um bocadinho mais elevada, posso treinar ao sábado e fazer um treino de recuperação ao domingo. Mas, normalmente, não temos treinos aos fins-de-semana, até porque estão mais reservados para as competições”.
Confessa que manter o ritmo em época de exames é algo complicada, porque, normalmente, coincidem com o calendário competitivo, sobretudo com os estágios que, por vezes, “fazem com que não estejamos tão bem psicologicamente, porque são dois treinos muito desgastantes. Além dos treinos há que fazer um esforço para chegar ao fim do dia e pensar que terei de estudar mais uma horinha ou duas, porque vou ter um exame importante”. Amante de desporto e aluna de boas notas desde tenra idade, Catarina Costa escolheu o curso de Medicina por lhe parecer adequado para quem, como ela, pretende seguir Desporto e Medicina Desportiva. Como refere a judoca “esta é uma área da medicina que me permitirá estar perto de atletas, conviver com eles, tratar, aconselhar e até passar a minha experiência enquanto atleta e conseguir colocar-me no lugar deles, uma vez que passei por essa experiência”.
Já Irina Rodrigues escolheu medicina por considerar ser fascinante curar pessoas.“Ter alguém que chega mal e sai do consultório com esperança e opções de tratamento é nobre. Quando digo curar, não só me refiro à doença, mas ao doente de uma visão holística”, acrescenta. Quando questionada sobre o futuro revela que do ponto de vista profissional gostaria de terminar a carreira desportiva com o maior número de sonhos realizados e depois seguiria o outro sonho de ser médica. “Encanta-me a especialidade deMedicina Geral e Familiar pela sua versatilidade e a de Fisiatria, por ter contactado com tantos médicos desta especialidade no desporto”.
Para Carlos Robalo Cordeiro, Diretor da Faculdade de Medicina de Coimbra é um orgulho ver a FMUC tão bem representada. “É reconhecido que a actividade física é indispensável à formação dos estudantes do Ensino Superior. Neste caso não se trata apenas de uma questão de equilíbrio e bem-estar, mas sim de auto-superação e do desenvolvimento de uma elevada capacidade de superar objectivos em contexto de exigência extrema como é a qualificação para os jogos Olímpicos a par de um curso de Medicina”.