O tema do impacto da tecnologia na vida dos jovens durante o confinamento foi provavelmente um dos mais debatidos no último ano.
Esta temática tem vindo a ser estudada por uma equipa de docentes e investigadores, da qual também fazem parte estudantes do mestrado em Psicologia da Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica no Porto.
Recentemente, publicaram o artigo intitulado “Protective Factors in the Use of Electronic Media According to Youth and Their Parents: An Exploratory Study”, no Special Issue “Media Use during Childhood and Adolescence” (secção Digital health) da revista International Journal of Environmental Research and Public Health.
O objetivo dos investigadores Luísa Campos, Lurdes Veríssimo, Bárbara Nobre, Catarina Morais e Pedro Dias – autores do artigo que faz parte do projeto “Media Activity and Mental Health” do Centro de Investigação para o Desenvolvimento Humano (CEDH) da Faculdade – era perceber como se pode “proteger” os jovens, quer a nível pessoal, quer a nível familiar, no que diz respeito ao impacto negativo do uso dos Meios de Comunicação Eletrónicos (MCE), ou seja quais os fatores que podem proteger os jovens relativamente ao uso dos MEC (telemóveis, computadores, tablets, etc.).
“O principal resultado obtido indica que a diminuição do impacto negativo percebido pelos jovens dos meios de comunicação eletrónicos (MCE) é mais determinada pela frequência de atividades extracurriculares (ex. praticar desporto, independentemente do tempo que lá estão), do que pelo menor tempo de utilização dos MCE”, explica Luísa Campos uma das autoras do artigo. A investigadora vai mais longe e afirma: “Mais do que estarmos preocupados em, por exemplo, reduzir o tempo de ecrã, deveríamos centrarmo-nos na integração dos jovens em atividades que lhes permitam desenvolver competências socio emocionais para, assim, estarem protegidos do possível impacto negativo dos MCE. Acreditamos que este artigo dá importantes pistas para pais e profissionais (como por exemplo, professores, treinadores, psicólogos) em relação ao papel protetor da frequência de atividades extracurriculares relativamente ao uso dos MCE”.
O estudo envolveu 1413 participantes – 729 jovens (entre os 11 e os 17 anos) e os seus pais, que estudavam em escolas públicas e privadas, de todas as regiões de Portugal (incluindo as regiões autónomas dos Açores e da Madeira).