Com as recomendações do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior a todas as Instituições de Ensino Superior nunca acreditámos que o intuito fosse parar.
O desconforto e a incerteza constante no seio da comunidade estudantil fizeram com que fosse incomportável continuar com o regime presencial – apesar das grandes adaptações por parte de todo o setor e da resiliência de quem tudo fez para que a Educação não parasse.
Atualmente, as Instituições dividem-se em dois grandes grupos: as que por força das circunstâncias tudo fazem para o Ensino Superior continue, adaptando as suas aulas e avaliações para o modelo online, mantendo a atividade de todos os Estudantes e recusando que esta paragem seja tempo perdido; e as Instituições que, focadas em boa intenção, decidem adiar estas avaliações com o pretexto de antecipar o início do segundo semestre.
Uma estratégia que poderia fazer sentido, mantendo os estudantes focados nas suas aulas e adaptando o calendário de avaliações para o fim do ano letivo. O verdadeiro problema surge quando esta estratégia, que invoca um bem maior, revela o velho pensamento de que “em regime online todos copiam”. Esta opção tem um único resultado: duas semanas sem atividade letiva, fazendo com que o Estado de Emergência seja tempo perdido. Como? Estas duas semanas onde os estudantes estariam a realizar exames, as Instituições recusam o modelo online; enquanto isso a aprendizagem e a continuidade dos estudos está estagnada. Noutros casos, os exames serão remarcados para o decorrer do segundo semestre, misturando semestres e sobrecarregando as avaliações a todos os estudantes. Este adiamento dos exames, até uma data em que seja possível realizá-los online, é uma estratégia mal concebida e totalmente desconcertada com os estudantes.
Atualmente, não se pode aceitar o medo do online por parte dos Politécnicos e das Universidades. Trata-se de descredibilizar tudo o que foi feito no semestre passado. É um assumir de que a mensagem que nos foi transmitida – de que respondemos com tecnologia e qualidade e que superamos os desafios com o ensino online -, hoje, não é válida. É andar para trás no tempo apesar de todo o progresso que foi construído.
Ainda assim, reconhecemos que é natural que nem todas as avaliações sejam passíveis de se realizar online; mas até no ponto de vista de recursos, tudo o que nos for possível lecionar e avaliar online, só nos disponibilizará mais instalações e mais condições para as provas impossíveis de realizar com recurso ao digital (áreas das artes, da saúde, estágios, entre outros).
Em suma, no caso de quem pretende adiar uma época inteira de exames, a falta de confiança no online só pode ser uma de duas coisas: ou no ano anterior as metodologias aplicadas não correram tão bem como se quis fazer parecer; ou, se tivemos um bom ensino online, estamos pior agora do que estávamos há uns meses. Seja qual for o seu motivo, é claro que não é satisfatório para nenhum estudante do Ensino Superior.
Tiago Diniz
Presidente da Federação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico