As instituições de ensino superior públicas tiveram apenas menos 380 alunos internacionais inscritos este ano lectivo do que no anterior. Num universo de 14 mil inscrições, registou-se uma quebra de apenas 2,7% — um número bastante inferior aos 10 a 20% estimados pelos responsáveis do setor — de acordo com uma investigação do jornal Público.
O jornal recolheu dados junto de 22 das 28 instituições públicas e ressalva que o “cenário é diferente de instituição para instituição”. A Universidade de Coimbra, por exemplo, perdeu cerca de 15% dos estudantes internacionais, já na Universidade dos Açores, o número de inscrições de alunos estrangeiros aumentou 62%.
Além da Universidade dos Açores, quase metade das instituições (43%) registaram um aumento nas inscrições. O ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, mais do que duplicou o número de novos alunos, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro registou mais 54% inscritos e o Instituto Politécnico do Cávado e do Ave 35%.
Na Universidade de Lisboa e no Instituto Politécnico de Leiria não houve grande alteração no número de estudantes estrangeiros inscritos, mas a receita de propinas destes estudantes “teve um decréscimo significativo em relação ao ano de 2019”, tal poderá estar “associado à dificuldade sentida por muitos estudantes internacionais, especialmente de pós-graduação, em cumprirem os seus compromissos neste ano de 2020”, disse ao Público, o vice-reitor da Universidade de Lisboa, Eduardo Pereira.
O Estatuto do Estudante Internacional foi publicado em 2014 e desde aí que o número de alunos internacionais inscritos em instituições públicas portuguesas continuou a aumentar de ano para ano. Nos últimos dois anos, as inscrições aumentaram 78%.