São uma das bandas mais conhecidas em Portugal e lançaram recentemente o seu novo álbum Sozinhos à Chuva. À Mais Superior, os D.A.M.A recordaram as origens da banda, desvendaram curiosidades acerca do seu mais recente disco e, levantaram o véu sobre quais são os objetivos para o futuro da banda.
A vossa banda tem mais de dez anos, mas para quem vos conheceu mais recentemente, vamos regressar às origens. O nome da vossa banda é uma sigla para a expressão Deixa-me Aclarar a Tua Mente Amigo, é isto que pretendem com as vossas músicas e projetos musicais? De onde surgiu esta expressão?
Essa expressão surge quando nós tínhamos uns 16, 17 anos… E olhando para nós naquela altura, com toda esta distância temporal, a expressão continua a ser verdadeira. Penso que o nosso core é o mesmo, pretendemos que a nossa música diga alguma coisa a alguém, alguém poder identificar os sentimentos que nós queremos passar através das nossas músicas, é o nosso maior objetivo enquanto artistas.
A vossa banda inicialmente era composta pelo Francisco Pereira, Miguel Coimbra e pela vossa amiga Filipa, mais tarde entrou o Miguel Cristovinho. De que forma sentiram musicalmente e enquanto grupo esta mudança?
Quando fizemos esta mudança, aquele que é o que nós chamamos, o nosso novo sentido de vida começou também a alinhar-se. Na altura isto era um hobby para nós, encarávamos a música de uma forma totalmente amadora. Entretanto, terminámos o curso, o Miguel Cristovinho estava a fazer o mestrado e começámos a fazer aquelas típicas questões: “O que queremos fazer da vida?” E esta mudança aconteceu mais ou menos nessa altura, nós tocávamos juntos, juntávamo-nos para fazer música… Esta era uma paixão que tínhamos em comum e começámos a lançar músicas que tiveram algum sucesso, com o sucesso vieram os concertos, e a indisponibilidade de nos dedicarmos a outra vida que não a da música e depois foi uma bola de neve que durou até agora.
O Francisco estudou Direito, o Miguel Coimbra e o Cristovinho estudaram Gestão, estas áreas foram escolhidas com a cabeça ou o coração esteve sempre na música?
A música era um estado de espírito muito inconsciente, nós sabíamos que este era o nosso hobby preferido. Sabíamos o que gostávamos de fazer, porque esta é uma coisa que fazemos desde muito novos, mas a verdade é que apesar de haver sempre qualquer coisinha que nos fizesse imaginar em vários palcos, nunca tomámos isto como: “É isto que eu quero fazer, é este o meu sonho!” Apesar de desde muito novos darmos concertos para os nossos amigos. É como o Miguel disse, chega aquele momento da nossa vida, em que depois dos nossos cursos superiores concluídos, e enveredamos por eles, porque o sistema de ensino leva-nos para aí, afunila as possibilidades de profissões entre médicos, advogados, professores, gestores, e pouco mais, portanto nós estávamos moldados a esse formato que as pessoas têm de vida. Mas, a verdade é que depois de trabalharmos noutra área, continuámos a juntar-nos para fazer música, a procurar avidamente um manager, enviávamos mails a pedir para ouvirem as nossas músicas e, depois finalmente quando decidimos: “Vamos dedicar este tempo para fazer música!” Tudo começou a fluir… Mas se calhar tudo isto correu tão bem, porque já não éramos assim super jovens, tínhamos 24, 25 anos quando a nossa carreira começou a ser pública, portanto podemos dizer com certeza que não mudaríamos nada do que fizemos até aqui.
De que forma recordam os vossos primeiros concertos no Colégio, no MEO Sudoeste e nas Festas do Mar em Cascais?
Com alguma nostalgia, às vezes vemos entrevistas que demos naquela altura e rimo-nos, mas fez parte do processo, já foi há algum tempo, já nos conseguimos distanciar das pessoas que éramos e vemos o quanto crescemos e éramos pessoas diferentes. É giro olhar para trás e, ver o quanto mudámos e crescemos e o quanto a vida nos foi surpreendendo.
Ao longo da vossa carreira, muitos já foram os concertos dados, têm algum concerto que guardem com um carinho especial? Aquele que por mais anos que passem nunca irão esquecer.
Temos vários, mas se tivéssemos de enumerar: Rock in Rio Lisboa, os três Campo Pequeno, MEO Arena. No Porto, na Avenida dos Aliados demos um concerto memorável e no Estádio do Dragão…
Para quem ainda não ouviu o vosso novo álbum Sozinhos à chuva, de que forma o gostariam de apresentar? O que gostavam de dizer sobre ele?
Este é um disco para ouvir como um todo, fizemo-lo para que fosse experimentado como um todo, como uma peça única, do princípio ao fim, sem interrupções, tirem 38 minutos para ouvir do princípio ao fim. Nós quisemos ligar as músicas umas com as outras, e é assim que nós recomendamos que seja ouvido. Claro que podem ouvir uma de cada vez, e retirar as favoritas, mas pelo menos na primeira vez, devem fazer este exercício de ouvir o disco do princípio ao fim.
Conta com participações de Bárbara Bandeira, Carolina Deslandes, Ivo Lucas, Lutz, Mike 11, Nelson Freitas e T-REX de que forma é que sentem que estas colaborações acrescentam à vossa música?
A 100%, tivemos a sorte de colaborar com artistas incríveis e nossos amigos, como é o caso da Bárbara, Carolina, Ivo Lucas e todas as faixas tiveram um peso importante e essencial. A grande diferença entre este álbum e o anterior é que, não só este é o nosso álbum mais colaborativo, como agora temos o nosso próprio estúdio, e por isso, há colaborações que ficam mais fáceis de concretizar, porque antes falávamos com o artista, mandávamos a faixa, ele gravava, enviava-nos e depois colávamos a parte dele. Agora com o estúdio conseguimos viver amúsica e a experiência de uma outra forma, a vibe é mais conjunta, o artista vem ao nosso estúdio e estamos ali todos de volta da canção. Esta foi para nós uma aprendizagem muito grande e que enriqueceu muito o nosso álbum.
Portanto, o vosso novo estúdio modificou o processo construtivo da música, e a forma como vivem estes momentos?
Na parte das colaborações especificamente. Porque antes fazíamos um estúdio em qualquer salinha, e essa parte para nós é a mesma coisa, diferindo claro em condições e qualidade. Agora a maior diferença está nas colaborações e, para conjuntamente as pessoas criarem connosco uma vibe, sem dúvida que a nossa estrutura está agora muito mais propícia a isso. Num piscar de olhos, acontece uma colaboração de que não se estava à espera só porque as condições estão agora todas reunidas.
A capa do vosso álbum é ilustrada e bastante criativa, o que querem dizer sobre ela?
A capa foi desenhada pelo Gonçalo Coimbra, irmão do Miguel Coimbra, que também já tinha desenhado a capa do nosso álbum anterior, uma mandala, e a capa foi uma surpresa para nós, porque fomos trabalhando musicalmente e dissemos lhe só a sensação que queríamos que a capa transmitisse. Ele enquanto artista, pintor e designer fez o trabalho dele, e quando nos apresentou ficámos avassalados com a proposta e, como se pode ver, é uma coisa que salta à vista e podemos dizer que nessa capa estão lá os D.A.M.A representados e as pessoas têm de descobrir onde nós estamos!
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