A Associação Nacional de Centros de Diálise (ANADIAL) e a Sociedade Portuguesa de Nefrologia (SPN) entregaram o maior prémio de investigação na área da Nefrologia, em Portugal, a Jorge Polónia e sua equipa, da Faculdade de Medicina do Porto, pelo desenvolvimento do trabalho Annual deterioration of renal function in hypertensive patients with and without diabetes.
O prémio ANADIAL-SPN, no valor de 10 mil euros, foi oficialmente divulgado durante o Encontro Renal 2020. É de atribuição anual e visa promover a realização de estudos clínicos e avaliações epidemiológicas na área da Investigação em Insuficiência Renal Crónica, com particular relevância para a identificação de fatores de risco e intervenções preventivas da evolução da doença renal crónica.
Segundo Jorge Polónia, os doentes com hipertensão e ou diabetes sofrem frequentemente uma deterioração da função renal mais acentuada do que a que é, inevitavelmente, determinada pelo aumento da idade.
“O objetivo da nossa investigação foi calcular a taxa de declínio anual da função renal de doentes hipertensos com e sem diabetes, seguidos em consulta hospitalar, e identificar fatores responsáveis por essa deterioração”, afirma o investigador.
Os resultados obtidos, permitiram concluir que “uma significativa deterioração anual da função renal é frequente em doentes hipertensos diabéticos e não diabéticos, apesar de medicados; e que este facto pode orientar para um melhor controlo de reconhecidos determinantes da deterioração renal – como alterações da pressão arterial noturna, da excreção urinária de albumina e da elevação da glicemia (HbA1C>8%) – e implicar a necessidade de ajustamento antecipado das doses de alguns medicamentos usados no tratamento da hipertensão e/ou diabetes”.
O júri deliberou ainda atribuir duas menções honrosas, a primeira a Edgar Almeida, autor da investigação Incidence, prevalence and crude survival of patients starting dialysis in Portugal (2010-2016); a segunda a Miguel Bigotte Vieira, pelo desenvolvimento do trabalho Prescrição de anti-inflamatórios não esteroides a doentes com diabetes mellitus em Portugal.
Para Edgar Almeida, “a análise do registo individual, online, – conhecido como Plataforma de Gestão Integrada da Doença Renal Crónica – dos doentes que iniciaram diálise em Portugal, entre 2010 a 2016, permitiu, pela primeira vez, a demonstração de que a sobrevivência destes doentes não é inferior à média europeia, 90 dias após o início dos tratamentos, sendo, até, superior à média europeia, no fim do primeiro e do segundo anos, após o início do tratamento”.
“É apenas uma confirmação da qualidade do tratamento em Portugal. Esta análise serviu também para uma validação recíproca do registo da Sociedade Portuguesa de Nefrologia e do registo individualizado, que deverá ser otimizado para que seja um valioso instrumento de análise do tratamento dialítico em Portugal”, explica o mesmo.
No que respeita à investigação que desenvolveu, com o tema Prescrição de anti-inflamatórios não esteroides a doentes com diabetes mellitus em Portugal, Miguel Bigotte Vieira menciona que Portugal apresenta uma das incidências mais elevadas de doença renal crónica estádio 5, na Europa. “Especula-se que o elevado consumo de anti-inflamatórios não esteroides possa contribuir para esta incidência. O objetivo do estudo foi caracterizar a prescrição de anti-inflamatórios não esteroides a doentes com diabetes mellitus, em Portugal”, afirma.
Os resultados e a discussão feita em torno dos mesmos permitiram concluir que: “A prescrição de anti-inflamatórios não esteroides, em Portugal, a doentes com diabetes mellitus deverá ser reduzida, particularmente nos subgrupos identificados com prescrição mais elevada e com maior risco de progressão para doença renal crónica, estádio 5.”