Dia 6 de Outubro vão decorrer as Eleições Legislativas, as eleições que não escolhem o Primeiro-Ministro, mas sim os deputados que vão representar os seus Distritos, que representam a vontade popular na Assembleia da República, dos lugares mais nobre da nossa Democracia.
Repetem-se os apelos ao voto, “votem”; “tens que votar”; “votar é importante”, mas ainda assim a Abstenção é a sempre vencedora das Eleições. Casos de corrupção minam a confiança dos portugueses nos partidos políticos. Felizmente no caso português o vírus do populismo não teve os efeitos graves, como aconteceram noutras democracias, mas ele existe e circula.
Aponta-se os dedos aos jovens, que nada fazem, que só se preocupam com as redes sociais, numa vida fútil. O problema do desinteresse dos jovens é que somos mais desconfiados do que ninguém, não suportamos mais mentiras, miragens, falsas promessas de um futuro risonho, só vemos as cunhas a funcionar, a precariedade e a vida que idealizamos a passar à nossa frente.
Vemos os partidos preocupados a disputar eleitorados, a fugirem à sua linha ideológica para irem buscar outras, mas vemos agora todos a falar do ambiente, nas entrevistas que realizei aos partidos a propósito destas eleições, o discurso era todo a apontar para o ambiente e a importância climática. Se isto não é populismo ou oportunismo, então não sei o que é. Todos nós começamos a perceber que nos estão a vender maçãs podres com calda de açúcar.
A esta classe política falta coragem. Não cresceram nos outrora combates políticos duros da década de 70 e 80, cresceram nos bastidores da politiquice, caso que as biografias são as mesmas, e essas já as sabemos todas como começam e acabam.
O povo não pode ser tão apático e tão desinteressado para não ter vontade de sair de casa e ir votar. Temos políticos que nos aborrecem, outros que não nos conseguem fascinar, assim estamos num impasse. Como quebrá-lo? Expressando o voto naqueles que mais politicamente nos dizem alguma coisa. Mas só isso? Não! No dia 6 de Outubro damos o nosso voto de confiança, dia 7 de Outubro vamos começar o nosso escrutínio. Queixamo-nos que o Estado nos fiscaliza demasiado, porque não nós o fazemos também? Porque não começamos a tomar nota de comportamentos? De falsas promessas?
Acreditem, os políticos precisam de ser pressionados pelo Povo para fazerem bem o seu trabalho. Afinal de contas, não são eles os nossos representantes? Eles não usam o meu nome quando dizem: “Nós”? Então vamos reactivar este contrato social, que nunca devia ter sido rasgado e os políticos agradeceram.
Não vamos ser aqueles que se manifestam pelo clima e depois deixam todo o lixo no chão. Vamos assumir nós a Democracia, vamos nós resgatá-la. Chega de maçãs podres com calda de açúcar.
Votar é o primeiro passo que tens que dar para puderes exigir daqueles que nos representam um melhor trabalho, servem a Nação, que a sirvam bem, pois a Nação é boa.
Texto de opinião de Cláudio Fonseca.
O autor não escreve seguindo as regras do o Acordo Ortográfico de 1990. Estando este texto de opinião escrito ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1945.
Nota Biográfica:
Cláudio Fonseca tem 24 anos e é licenciado em História pela FLUL e mestrando em Ciência Política no ISCSP.
É diretor do Podcast Conversa, um podcast sobre política e actualidade. O projeto existe há quase três anos e é o único podcast lusófono premiado Internacionalmente.
Cláudio Fonseca é ainda fundador da Plataforma Podcasts Portugal.