A primeira Galp Music Valley Sessions foi marcada pela cumplicidade de duas bandas de países bastante distantes, mas com uma grande ligação: a língua portuguesa e a amizade.
O público rendeu-se à união das culturas portuguesa e brasileira, das músicas originais partilhadas entre bandas e dos repertórios das duas bandas influentes, que marcam uma geração.
Todo o espetáculo transformou-se numa dança fluída entre as músicas de Capitão Fausto e O Terno cantadas entre ambos, numa mistura de sotaques, com alternância de atuações a solo entre as duas bandas. Todos os elementos de cada grupo mantiveram-se sempre em palco numa intimidade e autenticidade de partilha musical.
Boa Memória e Lentamente – músicas de Capitão Fausto – foram as escolhidas para partilhar com O Terno, assim como canções De Culpa e Nó – do trio brasileiro – que foram também interpretadas em dueto de bandas.
Estivemos à conversa com os músicos protagonistas da primeira edição deste evento, que nos explicaram de onde veio toda a proximidade que deu a essência a este concerto.
Como foi atuarem juntos?
Capitão Fausto (CF): Foi muito divertido, para além de termos sido hoje colegas, somos amigos e, então, estivemos a fazer um trabalho que soube muito bem. Nós conhecemo-nos há 3/4 anos e já havia uma vontade mútua de um dia fazermos uma coisa juntos e agora surgiu a possibilidade, por isso, estamos muito contentes.
O Terno (OT): Os Capitão Fausto são uma banda que já curtíamos. Já tínhamos estado juntos como amigos, mas foi a primeira vez que convivemos com eles como músicos, tocando, entrando em palco. A nossa relação cresceu, deu um passo. Nós somos fãs deles, eles gostam do nosso som, por isso, foi uma coisa fluída.
O Terno, vocês disseram que os Capitão Fausto eram a vossa banda de rock português favorita. Porquê?
OT: Porque conhecemos poucas, também (risos). Brincando! Num primeiro momento o que saltou (nos Capitão Fausto) foi a sonoridade, que tem a ver com muitas coisas que gostamos, de referências musicais que temos em comum antigas, como coisas do indie de hoje em dia, mas o que “pega” mesmo são as letras. O Tomás é um grande letrista. Para além de admiração, há identificação. É como uma banda irmã. Se estivéssemos num mundo paralelo, os Capitão Fausto estariam de um lado e nós do outro.
Gostavam de criar uma música juntos?
CF: Claro que gostávamos. Haveremos de ver se isso é algo possível e se surgir a oportunidade, com certeza que vamos dizer que sim.
OT: A chance é alta. Vai acabar por acontecer sem querer, sem nos preocuparmos muito.
“Foi uma celebração daquilo que passamos juntos.”
Capitão Fausto, vocês foram ao Brasil e retiraram muito deste país para lançar agora o vosso novo álbum. Teve mais significado atuar com O Terno para vocês, por este motivo?
CF: Sim, teve algum significado. Não por termos ido gravar ao Brasil, mas porque eles estiveram muito connosco e foram grandes amigos que nos receberam muito bem. Foram de certa forma nossos anfitriões, mostraram-nos a cidade. Já nos tínhamos conhecido em Lisboa antes, mas foi a primeira vez que estivemos na cidade deles e estivemos muito tempo juntos. Mostraram-nos coisas incríveis numa cidade de loucos, fomos ver concertos juntos, então criamos um laço mais forte. Nesse sentido, sim. Foi uma celebração daquilo que passamos juntos.
A dinâmica deste concerto foi toda planeada?
CF: Sim, foi planeada hoje. Nós não tivemos mais tempo, então o que vimos foi quatro músicas juntos e basicamente vimos como podíamos coloca-las no alinhamento, se as fazíamos juntas ou separávamos em momentos.
“É como uma banda irmã. Se estivéssemos num mundo paralelo, os Capitão Fausto estariam de um lado e nós do outro.”
O Terno, como é atuar para o público português?
OT: É muito bom, é uma chance de você se ver fora do seu país, dos seus costumes. O público português é muito acolhedor, muito quente como o brasileiro, canta junto, interage muito. Tem muito da identidade brasileira, então, chegamos aqui e parece que estamos a atuar para uma cidade do Brasil, que é muito longe e o sotaque é diferente, mas mesmo no Brasil os sotaques são diferentes. É muito bom poder sair do seu país e ter uma comunicação completa do público.
Os Capitão Fausto fazem parte da maior comitiva de artistas portugueses na edição deste ano do Rock in Rio no Brasil e dividem novamente palco com O Terno. A estas bandas junta-se o cantor Agir e as cantoras Carolina Deslandes e Blaya, com atuações previstas para o Palco Sunset.
Diego Miranda, Kura, Deejay Kamala e VanBreda também vão atravessar o oceano para atuarem no New Dance Order – espaço dedicado a música de pista no Rock in Rio em território brasileiro.
[Foto: Mais Superior]