Na realidade virtual, Portugal está mais próximo dos melhores. O MASSIVE Virtual Reality Laboratory é um espaço do mais avançado que há daqui até aos Pirenéus, e permite desenvolver esta tecnologia e as suas várias aplicações para que, num futuro não muito distante, possa ser colocada ao serviço das pessoas e das empresas.
Foi inaugurado a 18 de setembro pelo Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, representa um investimento de 700 mil euros e os seus responsáveis dizem ser o laboratório de realidade virtual mais avançado da Península Ibérica. O MASSIVE eleva esta tecnologia a novos níveis, graças a quatro salas diferentes que permitem estimular os cinco sentidos em vez da tradicional primazia da visão e da audição.
Falámos com Maximino Bessa, investigador do Centro de Sistemas de Informação e Computação Gráfica do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) e um dos responsáveis pelo MASSIVE, para perceber desde logo quais as aplicações que este laboratório pode ter.
Realidade virtual: mais que uma brincadeira
Se pertences ao grupo de pessoas que, quando pensa em realidade virtual, imagina um par de óculos grandes que passam imagens a três dimensões, então estás a ver mal o filme. Ou, pelo menos, a ver apenas parte dele. Os óculos são apenas uma das ferramentas usadas para criar ambientes de realidade virtual, e há hoje em dia formas de despertar todos os teus sentidos para esta tecnologia. De acordo com o especialista que consultámos, as áreas de aplicação “são bastante mais abrangentes do que aqueles que a maioria das pessoas conhece, e os próximos desenvolvimentos da realidade virtual podem ter um impacto significativo em áreas como a educação, o turismo ou o marketing, entre outras”.
O objetivo do MASSIVE é simples: Fazer uso da tecnologia da realidade virtual para melhorar a performance humana e a qualidade de vida das pessoas, e para que todos nós possamos enfrentar melhor os desafios globais.
Porquê o maior laboratório da Península Ibérica?
O impacto potencial da realidade virtual no dia a dia das pessoas é muito grande, e tal como o Prof. Maximino Bessa referiu, são muitas as áreas em que ela pode ser aplicada.
Apesar disso, na sua opinião, ainda é necessário “muito trabalho” até que a realidade virtual cumpra as expetativas que dela se têm: “A maturidade da maioria das aplicações até agora desenvolvidas é baixa, e é por isso que uma infraestrutura como o MASSIVE é um ativo muito importante, que permitirá desenvolver investigação de ponta.”
Com isso, os seus responsáveis esperam que Portugal possa ter uma participação ativa nesta área de conhecimento, que é uma das mais excitantes do momento, e utilizar depois essa investigação integrando-a nas empresas para a conceção de produtos ou serviços inovadores, e acrescentar valor ao tecido empresarial nacional.
Os projetos
Apesar de ter sido inaugurado no mês passado, o MASSIVE desenvolve a sua atividade desde 2016 e são já três os projetos em curso, de acordo com Maximino Bessa.
Um deles é o projeto HDR4RTT, que é financiado pelo Office of Naval Research – uma agência do departamento da defesa dos Estados Unidos da América – e tem como objetivo investigar e desenvolver novos algoritmos para imagens de elevada gama dinâmica (HDR) para seguir e exibir de forma robusta e em tempo real vários objetos em condições extremas de iluminação.
Outro dos projetos já em andamento é o DouroTUR, que tem como objetivo colmatar o fosso existente entre as potencialidades do Douro e o seu desenvolvimento, maximizando o papel do turismo na estimulação da economia local, sob uma perspetiva sistémica e holística.
Por fim, a linha de investigação FOUREYES, relativa ao projeto TEC4GROWTH, tem como objetivo facilitar a captura, criação, transformação, distribuição e acesso a conteúdos audiovisuais de uma forma personalizada, imersiva e interativa.
[Reportagem: Tiago Belim]
[Fotos: Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro]