Há duas modalidades a crescer cada vez mais em Portugal: o wakeboard e o wakeskate. Falámos com o campeão nacional de wakeboard e com um promissor praticante de wakeskate para te explicar tudo sobre a nova sensação dos desportos na água!
No verão, o que queremos é sol e água. Por isso, nada como aliar a isso a prática desportiva. É isso que te propõem o wakeboard e o wakeskate, duas modalidades que recorrem à prancha e a um cabo para te proporcionar momentos de adrenalina à tona de água – e muitas vezes bem acima dela. Neste artigo, explicamos-te melhor como praticar, do que precisas para o fazer e qual o melhor spot para o efeito.
O wakeboard
Atrás do barco e o cable
São duas as variantes do wakeboard. Atrás do barco é a forma original de praticar esta modalidade, e o cable é uma espécie de skatepark, com obstáculos que podes usar para fazeres as tuas manobras.
Com o barco, a esteira que ele gera proporciona-te ondas que vão servir de rampa para que possas saltar e realizar as tuas acrobacias. Conforme nos explicou o Bernardo Branco, wakeboard atrás do barco “é a variante original da modalidade, e a que tem maior prestígio”.
O cable surgiu na sequência do crescimento do wakeboard, e porque nem toda a gente tem um barco à mão de semear. É geralmente praticado num lago, onde está instalado um sistema de torres ligadas por um cabo, que gira através de um motor elétrico. O wakeboarder está agarrado ao cabo e é puxado por ele, para que possa voar acima da linha de água. Segundo o Bernardo Branco, o cable “é o futuro do wakeboard”.
Como se pratica
Se a tua ideia for dar os primeiros passos na prática do wakeboard atrás do barco, terás a vantagem de ter sempre alguém perto de ti, ali na água, o que pode dar jeito quando caíres e precisares de umas dicas.
Com ou sem barco, o wakeboard começa da mesma forma que muitos outros desportos com prancha: perceberes se és regular (pé esquerdo à frente) ou goofy (pé direito à frente).
Depois, a ideia é não fazeres força contra a água, e deixares que o barco (ou o cable) te levantem. A única força que deverás fazer é nos dedos dos pés, para puxares a pega que te segura à prancha.
Quando começares a ser puxado, deverás levantar-te lentamente, rodar a prancha e olhar para o barco (ou para os obstáculos, no caso do cable). E lembra-te: olha sempre em frente e nunca para a água.
Depois de conseguires aguentar-te à tona de água em cima da prancha, poderás começar a pensar em executar manobras. Para isso, terás de saber “cravar” para as ondas (ou para os obstáculos), isto é, virar a prancha de forma a aproveitares as oportunidades para saltares da água e realizares as tuas acrobacias. Há duas formas de “cravar”: toeside (com os dedos dos pés, enterrando a prancha na água) ou heelside (com o calcanhar, levantando a prancha no ar).
No cable, poderás criar tensão no cabo, “cravando” com mais força. Ao largares, serás projetado no ar, permitindo-te air tricks (manobras no ar).
Diz o Bernardo Branco que quase todas as pessoas que já tenham experiência na prática do skate, do surf ou do snowboard, conseguem adaptar-se com alguma facilidade ao wakeboard.
O material
Capacete – podes sempre usá-lo, mas é sobretudo necessário na variante cable, por causa dos obstáculos que vais encontrar na água, e contra os quais há o risco de embateres;
Colete – para estares sempre salvaguardado quando caíres à agua;
Botas e fixações – que te vão agarrar à prancha;
Prancha – a prancha de wakeboard é específica e diferente das de outros desportos aquáticos;
Cabo e pega – para que possas agarrar-te ao barco ou ao cable.
O Bernardo Branco aconselha-te a procurares uma escola de wakeboard para as tuas primeiras tentativas. Eles têm todo o material de que precisas e, para além disso, proporcionam-te uma aprendizagem correta da modalidade, algo que não estará ao teu alcance se fores para a água por ti próprio.
A avaliação
A prestação dos praticantes de wakeboard é avaliada de forma idêntica nas duas variantes: A execução das acrobacias, a aterragem, a composição e o estilo são os parâmetros-chave.
Campeão nacional e… engenheiro informático
Começou a praticar wakeboard com 7 anos, e ganhou o seu primeiro campeonato nacional aos 14. O Bernardo Branco é o melhor praticante português de wakeboard, e ganhou interesse pela modalidade através do pai – um apaixonado por desportos aquáticos – viciou-se e desde então nunca mais parou.
Aos 20 anos, o Bernardo já terminou também a licenciatura em Engenharia Informática no Instituto Superior Técnico, algo que diz ter sido “muito difícil” de conciliar com a prática desportiva. Para já, a prioridade é o wakeboard.
O wakeskate
Como o próprio nome indica, se o wakeboard se assemelha mais ao snowboard, o wakeskate aproxima-se mais do skate. E as diferenças começam desde logo na prancha, que no wakeskate é ligeiramente mais curta. Há lixa em vez de fixações, e levas ténis de skate para dentro de água, na tentativa de “sacares” um ollie ou um kickflip.
De resto, no wakeskate fazes acrobacias… de skate, com exceção dos invertidos, impraticáveis na água.
Para quem já fez skate, a sensação de passar isso para a água é, segundo o Daniel Braga, “como ter manteiga debaixo da prancha”. A prancha é completamente lisa por baixo, e poderás ter a sensação de estar “a escorregar”.
Como se pratica
Antes de te fazeres à água, é importante que aqueças bem os tornozelos, os joelhos e os ombros. Depois de vestires o colete e de calçares os ténis, e de prenderes o cabo ao barco, podes finalmente começar a tua sessão. Existe também, tal como no wakeboard, a variante cable, onde o barco é substituído pelo cabo suspenso por cima de ti.
Há várias formas de fazeres o arranque, mas a ideia é sempre a mesma: manter a prancha debaixo dos pés. Quando o barco arrancar, os teus braços devem estar esticados e os joelhos fletidos, e é importante resistires à tendência de fazeres força nas pernas contra a água, porque vais estar a contrariar a força exercida pelo barco, e terás muito mais dificuldade em levantar a prancha e executar as tuas manobras.
O Daniel Braga aconselha-te a “experimentares uma sessão de wakeboard antes de fazeres wakeskate, para perceberes a sensação de teres uma prancha debaixo dos pés enquanto estás dentro de água”.
O material
É também em tudo semelhante ao wakeboard: Capacete, colete, prancha, cabo e pega. A diferença está nas botas e nas fixações, que são substituídas por ténis.
A avaliação
No wakeskate, tal como no wakeboard, és avaliado numa série de itens: a dificuldade das manobras que realizas, a qualidade da tua execução, a aterragem, a composição e o estilo.
A nossa maior promessa no wakeskate
À semelhança do Bernardo, também o Daniel Braga se iniciou no wakeboard por influência do pai, que, ao ter uma lesão no joelho, descobriu o wakeskate, uma modalidade um pouco menos agressiva. A partir daí, o Daniel ficou “agarrado”.
Apesar de ainda praticar a modalidade de forma amadora, este ano decidiu arriscar numa competição a sério, e conseguiu o feito de chegar à final da European ProAm, uma das maiores provas a nível mundial.
O Daniel ambiciona fazer do wakeskate profissional a sua vida, e fazer uma formação superior em Engenharia Biomédica.
Castelo de Bode: A Meca do wakeboard na Europa
É nesta albufeira que se situa uma das mais antigas barragens portuguesas, o que fez com que muita gente, ao longo dos anos, escolhesse o Castelo de Bode para a prática do wakeboard. Criou-se uma cultura em torno deste spot, que tem imensos canais e uma localização abrigada do vento (o pior inimigo deste desporto), o que o torna absolutamente obrigatório.
[Fotos: Wakeboard Portugal]