Sabes exatamente o que é que mudou nas tabelas de preços do novo ano? E que implicações podem ter no teu dia a dia? Reunimos toda a informação de que precisas, e consultámos a especialista Ana Bravo para te ajudar a levar 2015 “na maior”!
Um novo ano não significará, propriamente, uma vida nova, mas existem sempre alguns ajustes a fazer, e esta é a altura – e o pretexto – ideal para as levares a cabo. Depois, há tudo aquilo que não controlas e que também muda, nomeadamente… os preços. Desde a crise económica de 2008 e a entrada da troika em Portugal, cada virar de ano tem sido um exercício doloroso. Impostos, taxas, cortes nos vencimentos e até nos orçamentos dos ministérios têm contribuído para que seja mais provável “sobrar mês ao dinheiro”.
2015 é um ano diferente. O fim do período de ajustamento traduziu-se num abrandamento do aumento dos preços, mas apesar disso ainda são várias as mudanças que deves conhecer, para que possas levar o ano na maior. As notícias não são especialmente animadoras relativamente às contas lá de casa, e para o caso de gostares de beber uns copos e fumar uns cigarros… também não vais gostar.
Neste artigo resumimos-te as principais alterações nos preços que entraram em vigor a 1 de janeiro, damos-te dicas para enfrentares 2015 “na maior”, e temos muitos e bons conselhos da consultora Ana Bravo, especialista em economia doméstica.
Lá em casa
A fatura da eletricidade subiu 3,3% para todos aqueles que fazem parte do mercado regulado. Se pagares uma média de 35 euros por mês, este aumento significa 1,14 euros na tua conta;
A água também ficou mais cara, em algumas zonas do país. O aumento médio é de 70 cêntimos em Lisboa, e de 39 cêntimos no Grande Porto;
Os pacotes de TV por cabo, Internet, Telefone e Telemóvel subiram 3%.
As compras
Abastecer a despensa também está, no geral, mais caro. Nem todos os produtos encareceram, mas o saco de plástico já custa 10 cêntimos.
Os combustíveis
Os preços dos combustíveis baixaram consideravelmente durante o final de 2014. Mas com os impostos previstos no Orçamento de Estado, o valor aumentou cerca de 4 cêntimos por litro no gasóleo e na gasolina.
Os vícios
Se o preço dos cigarros convencionais não sofreu (para já) alteração, o preço dos cigarros eletrónicos subiu – a taxa sobre o líquido que contém nicotina é de 60 cêntimos por mililitro – e o tabaco de enrolar também aumentou;
As bebidas alcoólicas estão mais caras, por causa dos impostos. A cerveja e as bebidas espirituosas são das mais penalizadas, com aumentos de cerca de 3%.
Como já pudeste perceber, estes são aumentos que se situam principalmente nos bens de consumo essenciais e dos quais não podes abdicar. Perguntámos à consultora Ana Bravo o que poderá ter mais impacto na tua carteira, e ela alerta para estas “alterações que nos dão que pensar”. “O aumento nas telecomunicações vêm dar-nos mais um alerta para ponderarmos a forma como as usamos, e os transportes continuam a ser a melhor alternativa ao uso de veículo próprio, tendo em conta a poupança que se consegue”, defende a especialista.
Mas, então, o que fazer em relação aos aumentos naquelas coisas que nos são essenciais? Melhorar consumos, e para isso há que melhorar hábitos. “Está na altura de arregaçarmos as mangas e continuarmos a aprender como fazer para otimizar o nosso dinheiro, descobrir formas de consumir menos e com mais consciência. Quem sabe gerir um tostão sabe gerir um milhão, por isso quando a crise passar e os recursos aumentarem, imagina tudo o que vais poder fazer com o conhecimento que adquiriste”, aponta a Dra. Ana Bravo.
Ponderação e contenção
A menos que tenhas uma mesada inesgotável ou que já trabalhes e tenhas um bom vencimento, é natural que quaisquer subidas de preço afetem sempre as tuas economias. Por isso, no ano de 2015, com uma tendência de melhoria ainda reduzida, o otimismo tem de andar de braço dado com a ponderação e a contenção, para que possas ter um ano académico tão controlado quanto possível.
“Há muita coisa que não está nas tuas mãos, mas há coisas que podes melhorar e uma delas é a forma como geres as tuas contas, e a forma como gastas”, é a opinião da nossa especialista. Apesar de tudo, “o mais difícil é mesmo o período de adaptação a estes tempos, que vieram para ficar mais um pouco”. De resto, a maior dificuldade financeira que podes enfrentar terá sempre a ver com a forma como pensas ou não a tua gestão financeira, e a tua capacidade de mudar hábitos.
O primeiro passo é sempre o do diagnóstico. Precisas de saber quanto estás a gastar e em quê, para só depois passares à ação. Como dar esse importante passo?
1 – Anota todas as despesas durante um mês, para perceberes de que forma gastas o teu dinheiro e em quê;
2 – Analisa os consumos que anotaste, divide-os por categorias que façam sentido para cada um (pastelaria, almoços, transportes, etc.), e soma os valores de cada rubrica individualmente;
3 – Agora que já tens uma ideia mais clara de onde gastas o teu dinheiro, é altura de tomar decisões: Posso manter estes gastos? Posso melhorar algum deles? Como posso fazer?
4 – Estabelece um orçamento com plafonds máximos para cada rubrica, e cumpre com o que decidiste.
“O Orçamento do Prazer”
Não deixes de te divertir! Ter um ano em grande significa também passar bons momentos e grandes noites com os amigos, e isso deve estar devidamente previsto no teu orçamento. E claro, provavelmente vão existir momentos em que vais perceber que tens que diminuir as saídas, ou encontrar formas alternativas de te divertires com pouco ou nenhum gasto.
Para todas as coisas que fazes por gosto e por lazer, a Dra. Ana Bravo defende a inclusão de uma rubrica nas tuas contas, chamada Orçamento do Prazer, que contempla tudo o que fazes para te divertires. Quer seja passar tempo com os amigos, jantar fora, ir ao cinema, teatro, concertos, ir visitar familiares que vivem longe, entre tantas outras coisas, todos temos algo que gostamos de fazer e tu deves fazê-lo, com ponderação enquadrada nos limites do que podes gastar e do valor que estipulaste. Depois, poderás sempre ir descobrindo novas formas de te divertires que não pesem no orçamento.
Importa é que não deixes nunca de te divertir, de passar tempo com os teus amigos e com a tua família, de sair e de mudar de ares, porque é também isso que te ajuda a manteres-te saudável e equilibrado, e que te faz sentir bem. Como diz a Ana Bravo, “é tão importante como fazeres uma alimentação correta: uma alimenta o espírito e a outra o corpo”.
Precisas de mais informação? Faz um workshop!
Hoje em dia existem workshops de tudo e mais alguma coisa. E também na gestão do dinheiro! Formações sobre economia doméstica, como criar orçamentos, como gerir o dinheiro e “esticá-lo”… podes aprender um pouco sobre tudo. E se achas que isso não é para ti, a consultora com quem falámos tem uma opinião diferente da tua: “Nestas ações tenho pessoas de todas as classes etárias, e normalmente muito jovens. É muito importante e útil para os jovens, e principalmente para eles! São eles o futuro, e para termos jovens bem formados em todas as áreas é muito importante que se informem ao máximo sobre a vertente financeira”.
Não acreditas? Ela prossegue: “Olhem à volta e vejam no que resultou gente mal formada, com educação e valores duvidosos. Tudo o que estamos a passar é fruto disso. Imaginem que os jovens de hoje aprendem as fazer as contas certas (aquelas que interessam), aprendem a gerir… mais de 50% dos problemas da nação desaparecem como por magia. Estes jovens são os futuros políticos, os futuros gestores, advogados, médicos, etc. e eu quero viver num mundo com jovens assim!”
10 dicas para o teu 2015
1 – Faz um orçamento realista e cumpre-o;
2 – Leva os lanches, almoços ou jantares de casa. Faz as contas, por pouco que seja: imagina 4 euros por dia durante 22 dias… São 88 euros! Não os preferias ter no bolso?;
3 – Estipula um valor mensal para poupar e fá-lo. Não te preocupes se o valor for baixo, o que interessa é começares a ganhar o hábito de poupar;
4 – Tem hábitos saudáveis de vida: alimentação, exercício, etc. Fazendo-o, também poupas de muitas formas: poupas tempo, dinheiro, saúde, e tens mais e melhor rendimento nos estudos. Tudo no teu corpo e mente funciona melhor, e isso é dinheiro em caixa;
5 – Orçamenta as saídas com os teus amigos. Ter um plafond também para estas despesas ajuda a manter-nos alerta;
6 – Opta por usar os transportes públicos, partilhar carro ou até ir de bicicleta ou a pé (quando a distância e o tempo o permitirem);
7 – Na compra de vestuário e calçado (entre outras coisas) esquece as marcas e olha antes para a qualidade. Compra apenas em saldos e sabe exatamente o que precisas quando fores comprar;
8 – Vender o que já não se usa é sempre excelente para arranjar dinheiro para o que se precisa;
9 – Se morares em casa dos teus pais, incentiva aos bons hábitos de consumo energético, alimentar, entre outros. Lembra-te que todos em casa têm a ganhar com isso (sobra mais para outras coisas);
10 – Puxa pela imaginação e arranja alternativas de lazer económicas ou gratuitas. Por exemplo: em vez de jantares fora em restaurantes, combina à vez em casa de cada um; pode ainda cada convidado levar alguma coisa para a mesa comum; organiza noites temáticas, vê filmes, joga jogos, dança; organiza noites só de rapazes ou só de raparigas…e tantas outras coisas!
Manuais de sobrevivência
Queres saber mais sobre os preços, sobre a arte de bem poupar ou até de toda a gestão de finanças pessoais que um dia terás de fazer? Presta atenção à seguinte lista de livros sobre estes temas.
“Seja mais esperto do que a crise!”, Luís Ferreira Lopes
[Foto: A Esfera dos Livros]
“Independência financeira para mulheres”, Susana Albuquerque
[Foto: Estrela Polar]
“Tempos complicados, soluções simples”, Bárbara Barroso
[Foto: Oficina do Livro]
“Um ano a encher o mealheiro”, Fátima Caetano e Rita Rebelo
[Foto: Matéria-Prima]
“No poupar é que está o ganho!”, Paulo Ferreira
[Foto: LIDEL]
“Manual das Finanças Pessoais”, João Pessoa Jorge e Ricardo Ferreira
[Foto: Arcádia]
“ABC da Poupança”, Ana Bravo
[Foto: Vogais]
“Kakebo”
[Foto: Vogais]
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